Passagens aéreas para destinos nacionais sobem mais de 60% desde janeiro
Desde janeiro, preços médios de bilhetes de ida e volta para destinos nacionais subiram até 62% e os de rotas internacionais, até 32%
10/04/2022Depois de dois anos de pandemia, muitos brasileiros voltaram a planejar viagens de turismo. No entanto, foram surpreendidos com a disparada do valor das passagens aéreas. Em março ficou nítido o estrago que a guerra entre Rússia e Ucrânia provocou na cotação do petróleo, a base do querosene usado pelos aviões.
Entre janeiro e março, os preços médios dos bilhetes de ida e volta para os destinos nacionais mais procurados subiram até 62% e os de rotas internacionais, até 32%, segundo o site de busca Kayak.
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O destino nacional com maior reajuste foi Brasília, com preço médio do bilhete de R$ 1.058 em março. Barcelona, na Espanha, ficou no topo da lista dos aumentos das rotas internacionais, com tarifa média de R$ 4.541 no mês passado.
Pesquisa da Decolar, agência virtual, mostra que, de fevereiro para março, o preço médio das passagens aéreas internacionais mais buscadas, partindo dos aeroportos de São Paulo, registrou alta de até 22%.
A passagem para Orlando, nos EUA, teve o maior aumento. O preço médio do bilhete de ida e volta em março era de R$ 2.075,71. Para os destinos nacionais, a alta do preço das passagens foi de até 40% no mesmo período, encabeçada por Recife (PE), com tarifa de R$ 559,82.
A inflação das passagens aéreas medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe entre janeiro e março atingiu 6,02% – mais da metade da alta foi em março (3,55%).
“Teve um baita aumento de custos, o combustível de aviação subiu muito, mas, no fundo, subiu muito a procura por viagens também”, diz o coordenador do IPC da Fipe, Guilherme Moreira. Com custos pressionados, este aumento de demanda é a oportunidade para as companhias aéreas recuperarem margens, observa.
Querosene de aviação dispara com guerra na Ucrânia e pressiona passagens aéreas
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a justificativa para a disparada de preços das passagens é o peso do querosene de aviação, derivado do petróleo que responde por 40% dos custos das companhias.
Em 2021, o preço do combustível subiu 92% e, neste ano, impulsionado pela guerra, aumentou mais 38%. Em 15 meses, a alta foi um pouco mais de 140% no principal custo. “Esta é a causa fundamental para o aumento das passagens”, diz Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.
Agências de turismo observaram nos últimos meses uma descompressão da demanda por viagens que havia sido reprimida pela pandemia, especialmente entre os endinheirados.
Voltada ao público de maior renda, a Cactus Travel, de Jundiaí (SP) registrou salto nas vendas nunca visto em quase 30 anos. Alexandre Rossi, proprietário da agência, diz que nos últimos três meses a demanda por destinos nacionais aumentou 50% e a para viagens ao exterior mais do que dobrou.
“Quem foi no ano passado para Gramado (RS), Fortaleza (CE), por exemplo, e sempre costumava ir para Nova York e Paris, quer viajar e não se importa com o valor da passagem”, diz o empresário. Ele lembra que vários países deixaram de exigir o teste de PCR contra covid-19 e o câmbio também recuou.
Nos pacotes internacionais vendidos pela agência para julho, a maior dificuldade hoje é conseguir passagem em classe executiva e vaga em hotéis cinco estrelas. “O mercado de luxo está arrebentando, mas não deixo de vender pacotes baratos também.” (AE)