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Safra projeta dólar cotado a R$ 5,50 até o fim de 2021

Diferentemente de anos anteriores, alta das exportações não contém a valorização do dólar: confira a análise do Safra

Naio de conteineres em porto

Bom desempenho das exportações brasileiras e dos preços das commodities não se traduz em fortalecimento do real | Foto: Getty Images

Pelo segundo ano consecutivo, o real é uma das moedas que mais perderam valor, com queda próxima às do peso argentino e da lira turca.

Ao contrário do que ocorre normalmente, o bom desempenho das exportações brasileiras e dos preços das commodities como soja e minérios não se traduziram em fortalecimento do real.

O Banco Safra avalia o contexto da valorização do dólar e mantém a previsão de que o câmbio no final de 2021 deve ficar em R$ 5,50. Nesta segunda-feira, 19, a meada americana está cotada a R$ 5,55.

Confira os fatores que explicam a valorização do dólar frente ao real, mesmo com a alta das exportações e dos preços das matérias primas exportadas, segundo a análise do Safra:

  • As implicações e consequências da pandemia pesam sobre a taxa de câmbio.
  • O preço do minério subiu, até o momento, mais de 45% em relação à média de 2020, e os contratos futuros apontam que ele deverá se manter na faixa de US$140 a tonelada nos próximos meses.
  • A soja teve valorização de mais de 25%, com perspectiva de uma demanda forte até 2022, e os preços agrícolas no conjunto estão crescendo em média acima de 25%.
  • A desvalorização do câmbio médio próxima a 6% também contribuirá para o crescimento das exportações, enquanto encarece as importações. O saldo da balança comercial deverá ultrapassar US$ 70 bilhões em 2021.
  • O saldo da balança de serviços, por sua vez, também continua favorável. Os gastos com viagens, remessas de lucros e dividendos e pagamentos de juros serão mais uma vez bem menor do em anos recentes, por causa das restrições a viagens, baixo crescimento da economia, e juros internacionais também baixos. A conta corrente com o resto do mundo será positiva pela primeira vez em 15 anos.
  • É possível que o movimento de saída na conta capital amenize e o fluxo cambial fique mais casado com o comercial. Houve grande saída de recursos de carteira (portfolio flows) em 2020, que não deve se repetir no ano corrente, contribuindo para um fluxo cambial financeiro negativo em US$50 bilhões no ano passado.
  • É possível também que uma proporção maior das receitas de exportação seja internalizada, revertendo a tendência iniciada em 2018. Segundo o Banco Central, uma parte dos recursos não internalizados foi utilizada pelas empresas para pagamentos (e até pré-pagamento) de dívidas no exterior, fenômeno que estaria próximo do fim.
  • É crescente o número de empresas brasileiras que tem incluído em seus planos estratégicos a expansão de atividades no exterior, por exemplo, através da aquisição de negócios.
  • A expansão fiscal americana pode agir contra fatores que aumentam os fluxos de capital para o Brasil. O financiamento do crescente déficit público americano pode criar uma demanda de recursos nos mercados de capital internacionais. Por ora, o Fed tem financiado o Tesouro indiretamente através da compra agressiva de títulos a mercado. Contudo a instituição tem avisado que com a retomada econômica esse programa de compras poderá ser reduzido, o que poderá aumentar as taxas de juros de médio e longo prazo e contribuir para o fortalecimento do dólar americano face ao real. Hoje o Safra não espera que o ajuste da política monetária nos EUA se inicie antes de final de 2022, com altas de juros apenas em 2023, mas esse é um risco a ser monitorado.

Confira as análise do Banco Safra na Central de Conteúdo do site.

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