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Vítima do ‘Sofagate’ defende o fim do sexismo

Presidente da Comissão Europeia disse ter se sentido "magoada e sozinha" ao ser recebida sem cadeira pelo presidente da Turquia

Comissária Ursula vítima do sofagate

“Me senti magoada e me senti sozinha, como mulher e como europeia”, afirmou a comissária europeia | Foto: Divulgação

Ursula von der Leyen, vítima do ‘sofagate’ na Turquia | Foto: Reprodução

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta segunda-feira, 26, que o tratamento recebido por ela recentemente na Turquia, destaca a necessidade de se combater o sexismo.

O incidente ocorreu quando, em uma reunião no dia 6 de abril, em Ancara, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não forneceu uma cadeira para Ursula, apenas ao chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, também presente nas negociações.

Michel correu para a única cadeira colocada ao lado de Erdogan e das bandeiras da União Europeia (UE) e da Turquia, relegando a visivelmente chateada Ursula, que foi se sentar em um sofá mais distante. O ‘sofagate’ teve grande repercussão na imprensa internacional, como exemplo de sexismo na política internacional.

Nos comentários mais pessoais sobre o incidente, que ficou conhecido como “sofagate”, Ursula disse aos eurodeputados: “Me senti magoada e me senti sozinha, como mulher e como europeia”.

“Eu sou a primeira mulher a presidir a Comissão Europeia. Sou a presidente da Comissão Europeia”, afirmou ela antes de um debate parlamentar sobre as relações entre a UE e a Turquia.

‘Sofagate’ é exemplo de sexismo explícito

“E é assim que esperava ser tratada quando visitei a Turquia há duas semanas, como presidente da Comissão, mas não fui. Não consigo encontrar nenhuma justificativa para o tratamento que recebi nos tratados europeus”, acrescentou. “Portanto, tenho que concluir que isso aconteceu porque eu sou uma mulher”, disse.

Imediatamente após a reunião de Ancara no início deste mês, quando as imagens do incidente vieram à tona, algumas autoridades europeias enfatizaram que Michel é seu superior na hierarquia diplomática. No entanto, Ursula ressaltou que espera ser tratada da mesma forma que seu colega chefe da UE.

Incidente diplomático grave

Antes da plenária do Parlamento Europeu, Michel reiterou o seu pedido público de desculpas por não reagir à presença de apenas duas cadeiras numa reunião de três pessoas na Turquia e afirmou que as equipes de protocolo não tiveram acesso prévio à sala de reuniões.

Embora tenha reconhecido as críticas, o belga justificou a sua inércia dizendo que, no momento, pensou que não reagir “evitaria a criação de um incidente político mais grave que poria em risco meses de trabalho político e diplomático que as nossas equipes têm feito” nas relações entre Ancara e Bruxelas.

“Von der Leyen e eu mesmo nos comprometemos a garantir que esta situação não se repita no futuro e demos instruções nesta linha às nossas equipes diplomáticas e protocolares”, disse Michel.

A Turquia foi criticada por se retirar da Convenção de Istambul para interromper a violência contra as mulheres, mas, como Ursula von der Leyen lembrou, vários membros da UE ainda não ratificaram o tratado. (AE)

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