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Maior apagão da história das redes faz Zuckerberg perder US$ 6 bilhões

Apagão nas redes causou problemas para muitas empresas e profissionais de diversos países que usam o Facebook, WhatsApp e Instagram em seus negócios

celulares nas mãos de jovens

No Twitter, que seguiu funcionando normalmente, o WhatsApp fora do ar foi o assunto mais comentado no Brasil | Foto: Getty Images

O WhatsApp, o Instagram e o Facebook, todos pertencentes ao império de Mark Zuckerberg, começaram a ter as operações normalizadas em todo o mundo após as 18h45 do horário de Brasília, após o maior apagão da história das redes sociais, que durou cerca de sete horas nesta segunda-feira, 4.

Depois do Facebook e do Instagram, o WhatsApp também voltou a funcionar e diversos países do mundo que sofreram com o problema.

Depois de fechar o pregão em queda de 4,98%, a ação da Facebook subia 0,33% no mercado after hours em Nova York, às 20h43 (de Brasília).

A queda no valor das ações do Facebook representou uma redução de US$ 50,3 bilhões (R$ 272,7 bilhões) no valor de mercado da companhia, cujo total agora é de quase R$ 917 bilhões (R$ 4,9 trilhões).

Em um dia, a fortuna pessoal de Mark Zuckerberg, cofundador e principal acionista do Facebook, diminuiu US$ 6,1 bilhões (R$ 33 bilhões).

Ele perdeu a quarta posição de homem mais rico do mundo e agora tem fortuna de US$ 121,6 bilhões (R$ 659 bilhões).

A quarta posição foi tomada pelo cofundador da Microsoft Bill Gates, que tem US$ 124 bilhões (R$ 672 bilhões).

Além de brasileiros, usuários de Portugal, Reino Unido, Índia e Estados Unidos também ficaram sem acesso às redes sociais do Facebook, que tem mais de 2,72 bilhões de usuários (incluindo WhatsApp e Instagram.

O site de monitoramento Downdetector afirmou que foi o maior apagão das redes já visto pela plataforma.

Facebook usa o concorrente Twitter para pedir desculpas pelo apagão

Em postagem na concorrente Twitter, a Facebook agradeceu pela paciência e se desculpou pela interrupção.

Por meio de plataformas como o Twitter, usuários relataram problemas, dizendo que não era possível acessar o serviço. Além do app, a versão web também sofre problemas para conectar com o aparelho celular.

Durante o apagão das redes, Zuckerberg teve uma perda estimada de US$ 5,9 bilhões em sua fortuna pessoal, segundo cálculos feitos com base nas ações da empresa. A instabilidade também está afetando plataformas e serviços que usam o login do Facebook, como games.

De acordo com o site Down Detector, conhecido por apontar falhas em serviços na internet, o problema não ficou restrito ao Brasil: houve relatos de instabilidade em diversas regiões do planeta, incluindo América Latina e Europa.

As falhas começaram por volta das 12h20 (horário de Brasília). O Facebook informou que está investigando a causa do problema.

Em mensagem, o Facebook informou: “Estamos cientes de que as pessoas estão tendo dificuldade para acessar nossos aplicativos e produtos. Estamos trabalhando para que tudo volte ao normal o quanto antes”. É a mesma mensagem repetida pela empresa no Twitter.

Apagão das redes afetou também o WhatsApp e Instagram

Às 17h, Mike Schroepfer, diretor de tecnologia do Facebook, disse: “Nossas sinceras desculpas a todos os afetados pela interrupção dos serviços do Facebook neste momento. Estamos passando por problemas em nossas redes e nossos times estão trabalhando para resolver essa situação o mais rápido possível”.

Alguns especialistas já dizem que se trata de um problema do tipo DNS, uma falha no servidor da empresa.

Isso significa que, quando o usuário busca pelo domínio dos sites – ou os acessa pelos aplicativos – é como se aquele endereço não pudesse ser encontrado pela internet.

Depois de quase cinco horas de interrupção, o jornal americano The New York Times afirmou que o Facebook estava enviando uma equipe para tentar fazer a recuperação dos sistemas manualmente.

Para o professor de Ciência da Computação, Rodrigo Izidoro Tinini, do Centro Universitário FEI, o possível problema no DNS pode justificar o apagão das redes.

Como um tradutor, o DNS (Domain Name System) transforma o endereço do site que buscamos em um código de busca na internet, relacionado ao seu domínio.

“O protocolo DNS associa nomes de domínio a endereços IPs. Se o serviço de DNS estiver indisponível e não for possível traduzir nomes de domínio para endereços IPs, não será possível endereçar nossas solicitações pela internet, o que nos impede de acessar sites e serviços. Em cenários em que vários serviços estão integrados em uma mesma plataforma, problemas nessa plataforma irão afetar todos os serviços integrados a ela”.

https://twitter.com/Twitter/status/1445078208190291973

Ataque hacker é hipótese descartada

A possibilidade de um ataque hacker foi descartada por ora. “É difícil criminosos terem sucesso invadindo uma empresa como o Facebook, que está na vanguarda da tecnologia e não brinca com segurança digital”, diz Vivaldo José Breternitz, professor da faculdade de computação e informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Segundo duas fontes ouvidas pelo The New York Times, o Workplace, sistema de trabalho interno dos funcionários do Facebook, também está com problemas para acessar suas plataformas. Alguns funcionários estariam com dificuldades, inclusive, de acessar o prédio do Facebook, por não terem seus crachás reconhecidos.

Com a queda, as ações do Facebook também caíram. Embora outras empresas de tecnologia também tenham visto o movimento, a retração do Facebook é maior. A rede social chegou a ter queda de 5,3%, mas fechou o dia com redução de 4,89%, a maior desde novembro do ano passado. A queda ocorre numa onda de retração das ações de empresas de tecnologia, mas a rede de Zuckerberg ficou abaixo do patamar das concorrentes, que viram reduções no valor dos papeis de 2,8%.

No momento da pane nos aplicativos da empresa, Antigone Davis, chefe de segurança do Facebook, estava em uma entrevista ao vivo para o canal americano CNBC. A executiva estava participando de um programa para falar sobre as pesquisas internas da companhia, que foram vazadas ao longo das últimas semanas, e defender os algoritmos que regiam as plataformas.

Desde que o jornal americano Wall Street Journal revelou apresentações de pesquisas do Facebook sobre saúde mental de adolescentes – e como a empresa tinha conhecimento de que seus algoritmos ajudavam em fatores como depressão e ansiedade – a companhia de Zuckerberg tem estado na linha de frente de um escândalo. No último dia 30, Antigone foi até o senado prestar depoimento em uma investigação sobre a proteção de crianças nas redes sociais. Na próxima terça-feira, 5, quem vai comparecer à corte é Francis Hauger, ex-funcionária responsável pelo vazamento das pesquisas.

“Problemas técnicos prejudicam a imagem do Facebook, que está especialmente desgastada nessas últimas semanas. Essa queda é um arranhão na imagem do Facebook de superpoderoso da tecnologia, mas não creio que isso vá fazer os produtos do Facebook perderem força. No caso do WhatsApp, por exemplo, as pessoas já usam amplamente o aplicativo no Brasil, até para assuntos de trabalho, e não devem abandoná-lo tão rápido por outra plataforma. Até porque esse problemas similares de instabilidade acontecem com plataformas de todos os tipos, inclusive apps de bancos”, diz Breternitz.

Integração de plataformas e o apagão das redes

Em junho passado, houve uma queda de 10 minutos no WhatsApp e no Instagram. Antes, em março, os dois serviços e o Facebook, também ficaram fora do ar por cerca de 50 minutos.

No ano passado, as últimas instabilidades foram reportadas em julho e setembro de 2020.

Antes disso, em maio, uma falha centralizada na América Latina impossibilitou a execução de funções básicas como envio de mensagens, comentários e realização de publicações nos três serviços.

Em março daquele ano, as redes sociais do grupo chegaram a ficar fora do ar por quase 24 horas depois de mudanças nas configurações dos servidores da companhia.

Com a maior integração entre as três plataformas, é comum que todos os serviços da empresa passem por instabilidade de maneira conjunta.

Entre especialistas, corre a especulação de que parte dos problemas frequentes tem sido causados pelo plano de integração entre WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, que foi anunciado em janeiro de 2019 e que teve início em 30 de setembro de 2020 com a integração do Facebook Messenger e Instagram.

O recurso irá permitir que as pessoas se comuniquem de um mensageiro para o outro, sem trocar de aplicativo.

O Instagram também busca estar mais integrado ao WhatsApp. O aplicativo já testa um botão que levará o usuário diretamente a uma conversa no WhatsApp.

Antes, o Instagram permitia que os usuários conversassem apenas dentro do próprio app, por mensagem direta. Anúncios do Instagram também terão integração com o WhatsApp.

Choro e Piada

Nas redes sociais, diversos usuários brincaram com o problema e recorreram ao restante da internet para descobrir a origem do problema.

Com mais de duas horas de duração, até o Twitter fez piada com a queda dos apps. (AE)

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