Extinção de pica-pau muda regra de proteção às aves nos EUA

O pica-pau-bico-de-marfim, pássaro que inspirou o famoso personagem dos desenhos animados da Universal Pictures, entrou para a lista crescente de espécies extintas no planeta.

O governo Biden declarou, por isso, que vai intensificar a fiscalização para garantir que as operações tomem precauções para evitar a morte de pássaros no futuro e desenvolverá uma nova política. A declaração foi uma resposta à grande comoção causada pela notícia da extinção do pica-pau nas redes sociais.

O Departamento do Interior dos EUA revogou na própria quarta a reinterpretação da administração Trump da Lei do Tratado de Aves Migratórias de 1918. Essa medida relaxou as penalidades legais que a indústria e outros enfrentaram quando mataram pássaros sem querer, por meio de atividades como construção ou perfuração na busca por petróleo.

A ONG Fish and Wildlife Service retirou 23 animais e plantas da lista de espécies ameaçadas e declarou-os extintos porque não podem ser encontrado na natureza.

A mudança expõe o que os cientistas avaliam como uma taxa acelerada de extinção em todo o mundo.

Um milhão de plantas e animais correm o risco de desaparecer, muitos dentro de algumas décadas. As espécies recém-extintas são vítimas da mudança climática e da destruição do habitat e da ação predatória humana.

Cientista chorou ao notificar extinção do pica-pau

A cientista que declarou o fim da espécie disse ao jornal Washington Post que chorou ao fazer a notificação. “Isso não é uma coisa fácil”, disse Amy Trahan, bióloga do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos que revisou as evidências e escreveu o relatório concluindo que o projeto de lei do marfim “não existe mais”.

“Ninguém quer fazer parte disso”, acrescentou ela, engasgada em uma entrevista. “Apenas ter que escrever aquelas palavras foi bastante difícil. Levei algum tempo.”

A lista de espécies extintas inclui outros dez tipos de pássaros e morcegos encontrados apenas nas ilhas do Pacífico, bem como oito tipos de mexilhões de água doce que já habitaram leitos de rios de Illinois à Geórgia. A melhor ciência disponível sugere que essas criaturas não estão mais nadando, correndo ou voando neste planeta.

Pica-pau foi abatido para a produção de chapéus

Com uma extensão que já se estendeu das planícies costeiras da Carolina do Norte aos igarapés do leste do Texas, o número de pica-paus-de-bico-de-marfim sofreu sua queda mais abrupta durante os anos 1800. Os caçadores atiravam neles para colecionadores particulares e fabricantes de chapéus, enquanto os madeireiros derrubavam árvores onde os pássaros empoleiravam-se e procuravam comida.

“O fato de que este pássaro está criticamente ameaçado de extinção é verdade desde a década de 1890 e é também uma consequência do fato de que cortamos até o último vestígio da floresta virgem do sudeste dos Estados Unidos”, disse John W. Fitzpatrick, diretor emérito do Laboratório de Ornitologia Cornell, ao jornal americano. “Tiramos tudo dele.”