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“Qualquer lugar office” anima setor turístico

Hotéis, resorts e empresas aéreas atraem quem prefere montar o home office em lugares mais interessantes do que a própria casa

Mulher com laptop na areia da praia

Qualquer lugar pode ser melhor do que trabalhar dentro de casa / Foto: Getty Images

A nova onda é o anywhere office, ou “qualquer lugar office”. Uma tendência que está ajudando as companhias áreas, resorts e outras empresas ligadas ao setor de turismo na onda do isolamento social imposto pela pandemia.

Com muitas companhias mantendo seus funcionários em trabalho remoto, basta uma conexão à internet para trocar a paisagem dos escritórios por um cenário paradisíaco na praia ou na montanha. Qualquer lugar pode ser melhor do que trabalhar dentro de casa.

“Há famílias que conseguem flexibilizar o trabalho e podem passar dias em um resort, hotel ou cidade do interior”, disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Ele mesmo trocou por alguns dias o concreto de São Paulo pela vista do mar de um apartamento em Santos. “A virtualização permite isso.”

Em novembro de 2020, o mercado brasileiro operou, na média, com o equivalente a 60% do número de voos de um ano antes, segundo a Abear. Em cidades como Salvador, entretanto, o aeroporto local tinha a expectativa de fechar o mês com 81% de retomada da malha.

Outro indicativo de que o anywhere office está aquecido vem do crescimento na demanda dos provedores de acesso à nuvem, base para se viabilizar o trabalho remoto.

Alan Yukio Oka, responsável por Cloud Product and Marketing da BRLink, disse que as empresas acabaram acelerando a migração de cargas de trabalho para a nuvem na pandemia. “Se os sistemas podem estar na nuvem e acessíveis de qualquer lugar do mundo, existe uma potencialização do conceito de anywhere office.”

Novos destinos 

Apostando no aumento da demanda, a Azul Conecta, braço de aviação regional da Azul, anunciou nove destinos inéditos durante a temporada de verão, entre eles Ubatuba (SP), Paraty (RJ), Guarapari (ES) e Jericoacoara (CE).

Os voos decolam de áreas metropolitanas como Porto Alegre, Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP). A própria empresa afirmou que os destinos – comuns em roteiros de férias – se mostraram interessantes para o home office. Somadas, as rotas contarão com 38 voos diários.

Destino de parte dos brasileiros que trocaram a residência pelo anywhere office, os resorts passaram a oferecer serviços para que as crianças pudessem se divertir e estudar ao mesmo tempo, enquanto os pais se mantinham conectados no trabalho. O Costão do Santinho, em Florianópolis (SC), teve a ideia de contratar pedagogos para dar reforço escolar.

“Montamos uma sala de aula para as crianças e o espaço está sendo bastante usado, com pedagogos dando apoio”, disse Rubens Regis, diretor comercial do resort. “As crianças se sentam, fazem a aula e estão sempre acompanhadas, enquanto os pais aproveitam o espaço.” Segundo ele, o serviço tende a se manter mesmo após a pandemia.

O Costão teve R$ 50 milhões de prejuízo entre março e novembro, ao deixar de promover 104 eventos. O grupo se mexeu e investiu R$ 6,5 milhões em uma estrutura desmontável para eventos externos, que já tem procura para no ano que vem.

Na mesma direção, o Infinity Blue Resort & Spa, em Balneário Camboriú (SC), viu no resort office a oportunidade de aumentar a receita. O estabelecimento ficou fechado entre os dias 25 de março e 1.º de julho. “Estamos em um período de retomada no turismo”, afirma Juliana Campeoto, gerente comercial da empresa.

O Infinity Blue aproveitou a pandemia para fazer uma migração para o segmento de luxo. Hoje, o resort opera com 53% da capacidade de antes, porcentual que será mantido diante da ampliação de alguns apartamentos, por exemplo. “A demanda está boa. Para o Natal e fim do ano, a lotação está esgotada”, diz Juliana.

Com Agência Estado.

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