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Ex-presidente Carlos Menem morre aos 90 anos

Ex-presidente liberalizou economia e domou a hiperinflação, mas em seguida a Argentina mergulhou em grave crise da dívida externa

Menem

Carlos Menem com Itamar Franco em 1993: política liberal alinhada com os organismos internacionais | Foto: AE

Carlos Menem, que liderou a Argentina como presidente na década de 1990 e implementou um programa de liberalização do mercado para estabilizar um país cronicamente atormentado por crises políticas e econômicas, morreu neste domingo, 14, em um hospital de Buenos Aires.

Ele enfrentou complicações de uma infecção urinária e teve problemas cardíacos, informou a mídia argentina. Carlos Menem tinha 90 anos. O presidente Alberto Fernández decretou luto de três dias.

O ex-presidente argentino, de 90 anos, estava internado em uma clínica em Buenos Aires desde 15 dezembro para acompanhamento médico, e exercia o cargo de senador desde 2005.

Ele foi internado no ano passado para fazer um exame de próstata mas, na ocasião, foi detectado uma infecção urinária que acabou por complicar o seu quadro de problemas cardíacos. Mais tarde, ele entrou em coma induzido por uma “descompensação renal”.

Frequentemente visto cercado por modelos e posando com sua Ferrari vermelha, Carlos Menem projetou uma personalidade extravagante e bon vivant que refletia a prosperidade que ele buscava durante sua década de governo a partir de 1989.  Ele foi casado até 20211 com a apresentadora de televisão Cecilia Bolocco.

Menem adotou o Consenso de Whashington

Seu mandato foi marcado pela adoção dos conceitos do Consenso de Washington, um pacote de medidas econômicas promovidas pelos Estados Unidos e credores multilaterais que incluíam cortes nos gastos sociais e privatizações de empresas estatais e fundos de pensão.

Por um tempo, essas ações domaram a hiperinflação, permitindo que os argentinos tivessem acesso a crédito, esbanjando em viagens a Miami e importando automóveis.

Mas as medidas também estabeleceram as bases para uma grave crise de dívida e abriu as portas para uma série de líderes populistas.

Ao longo dos anos, o Menem e seus assessores próximos enfrentaram uma onda de alegações de corrupção, muitas ligadas às vendas de empresas estatais por supostas propinas e favores políticos.

Nascido em uma família síria na província de La Rioja, na Argentina, Menem atraiu os holofotes políticos como ativista do movimento peronista populista liderado pelo líder Juan Perón nas décadas de 1940 e 1950.

Ele foi eleito governador de seu estado natal em 1973. Preso por seu ativismo, tornou-se mais popular após a queda da junta militar que controlava a Argentina na década de 1970.

Em 2019, ele foi absolvido pela Justiça de acusações de que interferiu em uma investigação sobre o atentado terrorista de 1994 a um centro judaico que matou 85 pessoas. Um juiz federal e um ex-chefe de inteligência estavam entre vários funcionários da era Menem condenados por dificultar a investigação.

Brasil lamenta morte de Carlos Menem

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota lamentando a morte do ex-presidente da Argentina Carlos Menem, a quem denominou um “estadista com papel marcante no avanço das relações com o Brasil”.

“O governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, do falecimento”, diz a nota do Palácio do Itamaraty. “O governo brasileiro transmite ao governo e ao povo da Argentina e aos familiares do ex-presidente Menem as suas profundas condolências”..

O ministério lembrou que Menem foi presidente por uma década, de 1989 a 1999, e o signatário argentino, em 1991, do Tratado de Assunção, que formou o bloco comercial Mercosul.

A nota acrescenta que, no mesmo ano, seu governo firmou o Acordo para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear, que estabeleceu a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC).

Além das relações com o Brasil, o Itamaraty enalteceu a gestão de Menem em relação à integração regional, com base no conceito “de integração aberta e na projeção internacional de nossos países”.

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