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Amazônia vira emissora de efeito estufa e impulsiona recorde mundial

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), Organização Meteorológica Mundial elerta sobre emissões recordes em 2020

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Amazônia oriental têm aumento de temperaturas na estação seca, diminuição de chuvas e grande desmate nos últimos 40 anos | Foto: Getty Images

A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, principal gás responsável pelo efeito estufa, atingiu novo recorde ao ficar em 413 partes por milhão (ppm), em 2020, mesmo com a redução causada pela menor atividade econômica durante a pandemia.

O alerta é da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que constatou aumento do dióxido de 0,6% em comparação com 2019.

Conforme a agência, metade do CO2 emitido pela ação humana fica na atmosfera e a outra é absorvida por oceanos e ecossistemas terrestres (chamados de sumidouros). A quantidade que permanece, por sua vez, indica o equilíbrio entre sumidouros e fontes emissoras, que muda anualmente por causa da variabilidade natural.

Amazônia se tornou fonte de emissão de gases de efeito estufa

Nos últimos 60 anos, os sumidouros terrestres e oceânicos cresceram proporcionalmente com a alta das emissões, diz a OMM. Porém, a capacidade de absorção é influenciada negativamente pelas mudanças climáticas – fenômeno que já ocorre na Amazônia.

A Organização Meteorológica Mundial informou que áreas da porção oriental da floresta deixaram de ser sumidouros e se tornaram fontes emissoras de CO2.

“As regiões da Amazônia oriental têm aumento de temperaturas muito forte na estação seca, diminuição de chuvas e grande desmate, durante os últimos 40 anos.”

A região ocidental, por sua vez, apresenta baixos níveis de emissão ou são sumidouros do principal gás de efeito estufa, por ter menos interferência humana. Um estudo liderado por uma pesquisadora do Inpe, e publicado na Nature em julho, já havia indicado essa tendência.

Emissão de gases de efeito estufa cresceu quase 50% em comparação ao nível pré-industrial

Se comparado aos níveis pré-industriais, em 1750, os níveis de CO2 são 49% maiores. A entidade também aponta que partes da Amazônia já se tornaram emissoras de gás carbônico.

A agência das Nações Unidas (ONU) prevê que, ao fim de 2021, os níveis de CO2 na atmosfera devem superar o recorde de 2020.

A Organização Meteorológica Mundial estima que as medições do meio do ano, em observatórios como o de Tenerife (Espanha) e Havaí (EUA), podem indicar concentrações de até 419 ppm, o que não se via havia pelo menos 3 milhões de anos.

Outros gases responsáveis pelo efeito estufa também registraram aumento no ano passado, em comparação com 2018.

As concentrações de metano (CH4) e óxido de nitrogênio (N2O) já são, respectivamente, 262% e 123% superiores às de 1750. A paralisação de setores importantes da economia global em 2020 – com a queda da atividade industrial e da circulação de veículos – motivou redução temporária nas novas emissões de CO2.

Os lançamentos de gases derivados de combustíveis fósseis apresentaram queda de 5,6%. Porém, conforme a OMM, isso “não teve efeito perceptível nos níveis de gases de efeito estufa”, embora o crescimento anual na concentração de CO2 tenha sido ligeiramente menor.

“Na atual taxa de aumento nas concentrações de todos esses gases, veremos aumento de temperatura muito maior do que as metas de 2 ºc do Acordo de Paris (pacto climático de 2015, assinado por 195 países)”, afirma Taalas.

COP-26 em Glasgow vai discutir urgência de medidas para conter mudanças climáticas

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), a ser realizada em Glasgow, a agência espera mostrar que os países devem tomar medidas urgentemente. “Muitas nações estão agora estabelecendo metas de neutralidade de carbono, e é de se esperar que, na COP-26, haja aumento dramático desses compromissos”, diz Taalas.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirmou que uma meta dos países desenvolvidos de enviar US$ 100 bilhões às nações em desenvolvimento com foco em ações climáticas deve ser atingida só em 2023.

Em análise, a entidade aponta que a meta de mobilizar US$ 100 bilhões/ano nessa frente estava prevista para 2020 e seria sustentada até 2025. Mas a mais recente avaliação do tema, publicada em setembro, mostrou que finanças climáticas proveram e mobilizaram US$ 79,6 bilhões dos países desenvolvidos, com alta de só 2% ante 2018.

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