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Demanda fraca e queda de custos devem garantir corte da Selic em agosto

Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne dias 1 e 2 de agosto e deve iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic com redução de 0,50 ponto porcentual, segundo avaliação do Banco Safra

Taxa Selic

Análise da conjuntura indica condições propícias para corte de juros em agosto | Foto: Getty Images

A formação de preços depende da dinâmica da oferta e da demanda. A demanda doméstica tem se mostrado moderada e a oferta tem se beneficiado da desaceleração dos custos de produção desde meados do ano passado. Esse quadro favorece a queda da inflação, uma vez que não há necessidade de as empresas repassarem altas de custo, nem muito espaço para ampliação de margens, dada a pouca disposição do consumidor em acomodar elevações de preços. Esse quadro deve garantir o início da redução da taxa Selic em agosto. A taxa deve cair dos atuais 13,75% para 13,25%.

O principal componente do orçamento das empresas é a folha de pagamentos, que não tem sofrido grandes pressões recentemente. O ritmo de aumento do rendimento médio nominal efetivamente recebido pelas famílias tem desacelerado desde o terceiro trimestre do ano passado e retornou para o patamar anterior à pandemia (Gráfico 1).


Outro importante componente de custos é o preço de insumos básicos, ultimamente beneficiado pela queda do preço das commodities em moeda local. O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) acumula deflação de 11,2% nos últimos doze meses, após forte pressão em 2020-21. Finalmente, excluindo-se o custo financeiro na composição dos custos das empresas, destaca-se o preço da energia elétrica. Esse preço tem subido com a continuidade das compensações ligadas à seca de 2021 e, mais recentemente, com a volta da tarifa TUSD/TUST em alguns estados.

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Mas, ele continuará bem comportado nos próximos meses, dado o elevado nível dos reservatórios das hidrelétricas, atualmente em 86%, refletido na “bandeira verde” adotada recentemente pelo BCB nos seus cenários para 2023-24.

Desta forma, o Indicador Safra de Custo de Produção das empresas brasileiras continua arrefecendo. Sua variação trimestral é compatível com uma inflação baixa, estando já abaixo do padrão verificado antes da pandemia (Gráfico4).

A variação acumulada em doze meses desse indicador mantém tendência de desaquecimento e sinaliza que o processo de convergência da inflação na direção da meta continua bem encaminhado.

Copom tem condições para cortar taxa Selic em agosto

Existe uma forte relação entre o índice de Custo de Produção e o IPCA, que mostrou um repasse importante dos custos para o consumidor nos últimos três anos. Nesse momento, estamos vivenciando a transmissão da queda de preços no atacado para uma atenuação da inflação no varejo. Estimamos, assim que, incluindo a volta da tributação sobre energia e combustíveis, a inflação anual fique perto e mesmo um pouco abaixo de 5% em 2023, supondo que petróleo encerre o ano em US$ 80 por barril e a taxa de câmbio em R$4,90/US$.

A dissipação do impacto do aumento de impostos e a contribuição de uma inflação mais baixa no final do ano, que reduzirá a inércia inflacionária associada à indexação de salários, aluguel e serviços, serão favoráveis à dinâmica de preços em 2023.

O Banco Safra reitera a projeção para o IPCA de 2024 em 3,3%, abaixo do consenso em 3,9%, sem a necessidade de uma apreciação significativa da moeda. Nesse ambiente, a autoridade monetária poderá encontrar condições de iniciar um ciclo de relaxamento monetário com o corte da taxa Selic em 0,50 p.p. em agosto, “principiando a trilhar o extenso caminho até chegar à taxa de juros neutra em 2024”, diz o relatório do Safra. O Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem reunião para decidir sobre a taxa Selic dias 1 e 2 de agosto.

Íntegra do relatório semanal de macroeconomia do Banco Safra.

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