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El Niño pressiona preços de alimentos in natura no Brasil

Banco Safra prevê inflação no atacado baixa até 2024, apesar dos efeitos do fenômeno climático El Niño nos preços agrícolas

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No curto prazo, os impactos inflacionários do evento no Brasil nos parecem voltados aos alimentos in natura, mais sensíveis ao regime de chuvas, mas com ciclo mais curto | Foto: Getty Images

A tendência de queda dos preços de commodities se encerrou, com subida dos preços nos últimos dois meses. O IC-Br, índice de commodities elaborado pelo Banco Central do Brasil, subiu 4,7% entre junho e agosto. Os dados diários capturados pelo Banco Safra sugerem que o indicador deve subir outros 2% em setembro. O movimento vem sendo impulsionado pelos preços de alguns produtos agropecuários, como açúcar e bovinos, e do petróleo.

A inflação no atacado passou a subir na margem, mas o núcleo dos preços industriais segue com pouco impulso. O IGP-10 interrompeu uma sequência de 5 meses em deflação mensal ao subir 0,18% em setembro, puxado notadamente pelos derivados do petróleo e pelo minério de ferro. No entanto, o Núcleo do IPA Industrial segue ainda em baixa na média trimestral. Com isso, as pressões sobre os custos da indústria mantêm-se fracas, com reflexo favorável sobre a inflação dos bens industriais no IPCA.

IGP-10: Núcleo do IPA Industrial

Mesmo com a estabilização do preço das commodities ou mesmo a retomada de alguma alta em certos produtos, esperamos que inflação no atacado se mantenha baixa até o final do ano e em 2024. Nesse quadro favorável, a área macro do Banco Safra mudou sua projeção da evolução do IGP-M em 2023 de -3,5% para -4,0% do IGP-M. A projeção da variação do IGP-M em 2024 se mantém em 2,0%, valor também bastante benigno.

A dinâmica do IGP-M em 2024 responde à evolução prevista para o preço internacional das commodities e do câmbio. As curvas futuras de importantes commodities (soja, minério de ferro, petróleo) sugerem queda de preço nos meses à frente. Por outro, nosso cenário contempla uma leve depreciação da taxa de câmbio, para R$5,00/US$ até o final do próximo ano.

El Niño pressiona commodities agrícolas

Um importante risco para as commodities agrícolas é o prolongamento do evento climático El Niño. Após 3 anos seguidos de incidência de La Niña, os modelos meteorológicos têm previsto a intensificação do El Niño nos próximos meses, cuja consequência tipicamente é de seca em várias regiões da Ásia temperada ou tropical, assim como no Norte e Nordeste do Brasil, e com mais chuvas nas regiões austrais, inclusive a Argentina.

Até agora, o fenômeno tem tido efeito inflacionário limitado, e se mostrado brando, com, por exemplo, as monções da Índia vindo sem grandes percalços. Mesmo no Brasil, se prevê um efeito bem mais fraco do que o observado na última incidência em 2015-16. Mas o risco ainda não foi superado. O ganho de intensidade do fenômeno ou seu prolongamento podem trazer consequências na Ásia, com reflexo potencialmente inflacionário para o arroz, açúcar e diversos outros alimentos. No curto prazo, os impactos inflacionários do evento no Brasil nos parecem voltados aos alimentos in natura, mais sensíveis ao regime de chuvas, mas com ciclo mais curto.

ANOM: Indicativo de situações extremas no clima (em ° Celsius)

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