BC vê crescimento ‘robusto’ no exterior com vacinação
Avanço das vacinas, incentivos fiscais e longa duração de estímulos monetários favorecem retomada, informa a ata do Copom
11/05/2021O Banco Central informou que prevê um “crescimento robusto” da atividade global em 2021, devido ao andamento dos programas de imunização contra a covid-19 em economias avançadas, o lançamento de novos estímulos fiscais em alguns desses países e a longa duração dos estímulos monetários anunciados pelos principais bancos centrais.
A projeção está na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou os juros em 0,75 ponto para 3,5% ao ano.
“No cenário externo, novos estímulos fiscais em alguns países desenvolvidos, unidos ao avanço da implementação dos programas de imunização contra a Covid-19, devem promover uma recuperação mais robusta da atividade ao longo do ano”, destacou o documento do BC.
Riscos da ‘reflação’
A ata pondera, entretanto, que a discussão sobre ‘reflação’ (movimento de alta de preços aliado a uma recuperação da economia), sobretudo o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos, poderia tornar o ambiente externo mais desafiador para países emergentes, como o Brasil.
Na semana passada, o colegiado elevou pela segunda vez consecutiva a Selic (a taxa básica de juros) em 0,75 ponto porcentual, para 3,5% ao ano. Ao mesmo tempo, indicou a intenção de promover novo aumento de 0,75 ponto no encontro de junho.
Para o BC, o cenário básico para a inflação permanece como fator de risco em ambas as direções – ou seja, no inflacionário e no desinflacionário.
O Copom reafirmou hoje que, por um lado, “o processo de recuperação econômica dos efeitos da pandemia pode ser mais lento do que o estimado, produzindo trajetória de inflação abaixo do esperado”.
Por outro lado, o BC repetiu que “novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do País, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem pressionar ainda mais os prêmios de risco do País”.
Ao tratar deste segundo risco, que é inflacionário, o BC também voltou a considerá-lo preponderante neste momento. “O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, disse a autarquia.
Sobre as reformas, o BC também repetiu que “perseverar” é “essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”. “O comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, acrescentou ao BC.
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Nova alta de juros
O Banco Central informou que deve promover novo aumento de 0,75 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros) em junho.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude (0,75 ponto)”, registrou a ata. “O Copom ressalta que essa visão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.”
Estas avaliações já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom elevou a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 3,50% ao ano.
O BC vem tratando os aumentos recentes da taxa básica como uma “normalização parcial”, já que a Selic, nos patamares recentes, segue fornecendo algum estímulo monetário à recuperação da economia.
“O comitê enfatiza, entretanto, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”, salientou o BC, na ata de hoje. Estas avaliações já constaram no comunicado da semana passada. (AE)