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Bancos esperam corte de juros em agosto e alta de 10% no crédito em 2023

Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas mostra unanimidade entre os participantes sobre início do ciclo de redução da taxa Selic: próxima reunião do Copom em agosto

Dinheiro

A carteira livre deverá avançar 9,3% neste ano e a estimativa de alta do crédito direcionado é de alta de 10,7% | Foto: Getty Images

A projeção feita pelos bancos para a expansão do mercado de crédito para as famílias apresentou melhora, indicando que o crédito deve crescer tanto em recursos livres quanto em direcionados, revela a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas. A carteira livre deverá avançar 9,3% neste ano ante 8,5% do levantamento anterior (maio), e a estimativa de alta do crédito direcionado é de alta de 10,7% (antes era 9,6%).

Os resultados refletem o mercado de trabalho ainda aquecido, o dinamismo das linhas atreladas ao consumo, os novos impulsos do Plano Safra 2023/24, além da resiliência do crédito imobiliário. O levantamento é realizado a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e esta edição foi feita com entrevistas com 19 bancos entre 28 de junho a 4 de julho.

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Já em relação ao crescimento da carteira de crédito total, houve uma ligeira revisão baixista – a expectativa agora é de alta de 7,8% em 2023 ante 8,1% captados na pesquisa anterior, de maio, muito próxima da atual projeção do Banco Central, de 7,7%.

Corte de juros e aumento do crédito

“A revisão foi puxada pelo menor crescimento esperado para a carteira pessoa jurídica livre, que passou de 3,9% para 2,4%, reflexo de impactos defasados do aperto monetário e, mais recentemente, os episódios envolvendo as Lojas Americanas e Light, que elevaram fortemente a percepção de risco no mercado para as empresas, com impacto negativo sobre a oferta de crédito”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

Sardenberg complementa que a maioria dos participantes da pesquisa (77,8%) entende que o atual ritmo de desaceleração da carteira deve ser mantido ao longo do ano, em linha com o atual estágio da política monetária. “E para 2024, a pesquisa também detectou que a expansão da carteira registrou uma ligeira piora, de 7,8% para 7,4%, parecida com a esperada para este ano”, diz.

Quanto à inadimplência, a pesquisa mostra que a expectativa da carteira livre em 2023 permaneceu em 4,8% e os participantes esperam certa estabilidade até o final do ano. Para o ano que vem, a projeção também ficou estável, em 4,6%.

Corte da taxa Selic

A Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas mostra que é unânime entre os participantes a perspectiva de que o Copom inicie o ciclo de redução da taxa Selic na próxima reunião, que será realizada nos dias 1 e 2 de agosto. A expectativa mediana é que a flexibilização se inicie de maneira mais moderada, com um corte de 0,25 ponto percentual e acelere para 0,50 nos próximos encontros, levando a Selic para 12% no final de 2023.

Cenário externo

Em relação aos impactos do ambiente externo sobre a condução da política monetária pelo Banco Central, a maioria dos consultados (73,7%) entende que os riscos estão bem equilibrados, e que não devem prejudicar o plano de voo do colegiado.

Não há consenso quanto ao grau restante de aperto monetário que ainda ocorrerá nos EUA, mas a maior parte (52,6%) dos analistas consultados espera que o Fed eleve os juros em 0,25 ponto percentual apenas mais uma vez, encerrando o ciclo no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano.

Juro neutro

Em relação ao tema do juro neutro da economia, mencionado recentemente pelo Banco Central, uma ligeira maioria (52,6%) dos analistas consultados estima que o juro real neutro é de 4,5% ao ano (ou menos), igual à nova taxa apontada pelo regulador (revisada de 4,0% para 4,5%). Já para os demais (47,4%), a taxa neutra já é superior a tal patamar, de 5% ao ano (ou mais). Ou seja, no geral, analistas concordam na direção apontada pelo BC, de taxa neutra mais elevada.

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