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BC inglês age para evitar turbulência e Reino Unido volta atrás em política fiscal

Novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, apontou erros do governo de Liz Truss e diz que reverterá plano de corte de impostos após turbulência econômica e política

Rua de Londres

Novo governo desiste de pacote fiscal após semanas de turbulência e troca de ministro das Finanças | Foto: Getty Images

O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, afirmou que a intervenção feita pela autoridade monetária por meio da compra de bônus do governo britânico – os chamados Gilts, evitou uma crise maior. Em duas semanas, o BC adquiriu cerca de 20 bilhões de libras em títulos para tentar impedir que a turbulência se espalhasse. A soma equivale a R$ 120 bilhões com a libra valendo R$ 5,95 no câmbio atual.

De acordo com Bailey, movimentos violentos vistos nos mercados financeiros do Reino Unido nas últimas semanas colocaram em evidência as falhas na estratégia e na estrutura de uma parte importante de muitos fundos de pensão.

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“O Banco da Inglaterra teve de intervir para lidar com uma ameaça à estabilidade do sistema financeiro, nosso outro objetivo central”, disse, durante evento anual do Grupo dos Trinta (G30), organismo internacional e que reúne os principais financiadores e acadêmicos do mundo.

De acordo com ele, pode parecer “haver tensão” entre apertar a política monetária e comprar dívida do governo para aliviar uma ameaça crítica à estabilidade financeira. Isso explica, conforme o banqueiro central, porque as ações do BoE são “estritamente temporárias” e foram projetadas para fazer o “mínimo necessário”.

Segundo ele, o banco central tem de ter a capacidade de fazer intervenções de política monetária e de estabilidade financeira ao mesmo tempo. “Como banco central, temos de ser capazes de fazer as duas coisas, e a qualquer momento. Não podemos nos recusar a fazer um porque parece estar em desacordo com o outro”, afirmou.

Novo secretário das Finanças anuncia volta atrás na política fiscal do Reino Unido

O novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, apontou erros do governo de Liz Truss e sugeriu que reverterá os planos de corte de impostos da primeira-ministra após semanas de turbulência econômica e política.

Hunt, nomeado na sexta-feira, 14, para substituir Kwasi Kwarteng, disse que os impostos podem aumentar e os gastos públicos provavelmente serão espremidos ainda mais nos próximos meses. Truss demitiu Kwarteng e abandonou sua promessa de corte no imposto corporativo enquanto tentava manter seu emprego, após apenas seis semanas no cargo.

Hunt disse que Truss reconhece seus erros e vai corrigi-los. “Foi errado cortar a taxa máxima de imposto para os mais bem pagos em um momento em que teremos que pedir sacrifícios de todos para passar por um período muito difícil”, disse Hunt à BBC.

“Os gastos não aumentarão tanto quanto as pessoas gostariam e todos os departamentos do governo terão que encontrar mais eficiência do que planejavam. E alguns impostos não serão cortados tão rapidamente quanto as pessoas querem”, disse ele.

Hunt, que concorreu duas vezes na disputa pela liderança do Partido Conservador, é um legislador experiente que já ocupou cargos importantes no governo, incluindo o de secretário de Relações Exteriores. Seus comentários sugerem que ele pode desmantelar muitas das promessas econômicas pelas quais Truss fez campanha e tentou implementar durante suas primeiras semanas no cargo.

“Truss luta por sua sobrevivência”, disse a manchete do The Times ontem, ao afirmar que “mesmo em Downing Street, altos funcionários acham que é apenas uma questão de tempo até que ela seja forçada a sair”.

“Truss se agarra ao poder”, publicou o Daily Telegraph em sua primeira página. Segundo o jornal conservador, parlamentares continuam conspirando para que ela deixe a liderança do Executivo o mais rápido possível.

Um plano que Truss e Kwarteng divulgaram há três semanas, que prometia 45 bilhões de libras em cortes de impostos sem explicar como o governo os pagaria, derrubou os mercados e a libra britânica, deixando sua credibilidade em frangalhos. Para a imprensa britânica, Hunt agora aparece como homem forte do governo, enquanto Truss está consideravelmente enfraquecida por suas mudanças de posição. Para o Financial Times, “a única coisa que une o partido é a falta de confiança em Truss”.  (AE)

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