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BNDES libera R$ 7 bilhões para nova linha do metrô de São Paulo

Empréstimo da linha Laranja do Metrô, em construção pelo grupo espanhol Acciona, está entre as dez maiores operações financeiras da história do BNDES

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A Linha 6-Laranja terá 15 estações, ligando Brasilândia, na zona norte, até a região da Liberdade, no centro | Foto: Getty Images

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu um empréstimo de R$ 7 bilhões para a Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, construída e operada por uma parceria público-privada (PPP) com o governo do Estado.

O valor responde por 41% dos R$ 17 bilhões de investimentos na obra, iniciada em 2015, paralisada no ano seguinte e retomada em outubro de 2020, após o grupo espanhol Acciona assumir a PPP. A previsão é concluir as obras em 2025.

A operação de financiamento inclui um pool de dez bancos, entre nacionais, estrangeiros e organizações multinacionais. Procurada, a Acciona não fez comentários sobre o empréstimo. Segundo executivos do BNDES, a operação marca uma nova etapa no financiamento a obras de infraestrutura no País, usando práticas corriqueiras do setor nos países desenvolvidos.

O empréstimo para a Concessionária Linha Universidade, criada pela empresa espanhola para tocar a PPP, está no rol das dez maiores operações da história do BNDES, atrás dos R$ 23,4 bilhões concedidos à operadora da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, de alguns empréstimos para a Petrobras investir em refinarias e gasodutos e dos financiamentos para as obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia.

A Linha 6-Laranja terá 15 estações, ligando Brasilândia, na zona norte, até a região da Liberdade, no centro expandido. A linha terá integração com as linhas 1-Azul e 4-Amarela, do Metrô, e 7-Rubi e 8-Diamante, da CPTM. A estimativa é que transportará 633 mil pessoas por dia.

BNDES tem novas condições para o empréstimo ao metrô de São Paulo

Embora igualmente bilionário, o empréstimo à concessionária da Linha 6-Laranja tem particularidades. As principais inovações, segundo o BNDES, são as garantias com base no próprio projeto, em vez de fianças bancárias ou ativos das empresas, e um contrato de construção – conhecido no mercado como EPC, conforme a sigla, em inglês, para engenharia, gestão de compras e construção – que coloca na conta da construtora, e não na da concessionária, riscos como elevação de gastos ou atrasos nas obras.

Conforme Petrônio Cançado, diretor de Crédito à Infraestrutura do BNDES, a ideia é tornar esse modelo o novo padrão no banco. “O principal é ter o contrato de EPC bem feito, com mecanismos que permitam blindar o projeto. Assim, o pacote de garantias é definido caso a caso, dando conforto para trazermos investidores”, disse Cançado, que deixará em janeiro o cargo que ocupa desde julho de 2019.

No empréstimo de R$ 7 bilhões, o BNDES não estará sozinho. Dez instituições financeiras – os executivos do banco de fomento evitaram citar nomes – entrarão como fiadores de metade do valor. Na outra metade, o BNDES assumirá os riscos sozinho. O modelo já era usado nos empréstimos do BNDES, mas a diferença de outras operações para a da Linha 6-Laranja é que, assim como a instituição de fomento, os bancos privados aceitarão o projeto em si como garantia, sem fiança corporativa ou ativos das empresas.

“Todos os dez bancos estão correndo o risco do projeto. Geralmente, os bancos não correm esse risco”, afirmou Leonardo Pereira, superintendente da Área de Saneamento, Transporte e Logística do BNDES. “O BNDES também está correndo o risco do projeto. Os mecanismos permitiram”, completou Cançado. AE

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