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Bolsa começa a reagir ao fim do ciclo de alta de juros

Mercado de ações começa a apresentar movimento de recuperação de papéis sensíveis aos juros, em uma reação que está apenas começando

bolsa de valores

Fim do ciclo de alta de juros tende a ser acompanhado de movimentos positivos da bolsa, o que começa a acontecer com o Ibovespa| Foto: Getty images

O Ibovespa apresenta valorização de 8,75% desde o último 3 de agosto, dia de decisão do Copom em que a autoridade monetária ajustou a taxa de juros em 50 pontos base (para 13,75%) e sinalizou que o ciclo de alta de juros pode ter terminado. Essa foi a leitura do mercado e a curva de juros futuros rapidamente já incorporou em seu preço o fim da alta de juros.

A partir de agora, a discussão dos agentes do mercado começa a se voltar para quando o Banco Central terá espaço para cortar os juros, pois a taxa não deve se manter nesses níveis por um período longo, uma vez que a inflação já começou a ceder. Nós, aqui do Safra, acreditamos que o BC poderá iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic entre o final do primeiro trimestre e início do segundo trimestre de 2023.

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Aliado ao cenário para o mercado doméstico, a percepção de que a inflação norte americana fez pico e está cedendo trouxe para baixo as expectativas para os ajustes no juro nos EUA e isso também deu um impulso para a bolsa americana, contaminando positivamente os mercados de risco de uma forma geral.

Como normalmente o mercado acionário tende a antecipar os movimentos futuros, muitos investidores começaram a se posicionar nos ativos e setores mais afetados pelo aumento de juros: as empresas de crescimento e/ou com as operações mais voltadas para o mercado doméstico (Varejo, Saúde, Construção, dentre outros).

Gráfico histórico do Ibovespa vs taxa Selic

Notamos que o fim do ciclo de alta de juros normalmente vem acompanhado de movimentos positivos da bolsa (como falamos em nosso último comentário de junho)

Fonte: Safra & Bloomberg

O gráfico abaixo que mostra a performance setorial acumulada dos últimos 12 meses e aqui vemos entre as maiores quedas setoriais: Aviação (-52,7%), Varejo (-45,5%) e Saúde (-36,8%), sendo o varejo e o setor de saúde os mais sensíveis às variações de taxa de juros.

Fonte: Safra & Bloomberg

Apesar da forte alta que vimos nos últimos dias dos setores mais afetados pelo aperto monetário que se iniciou meados do ano passado, acreditamos que esse movimento de recuperação ainda está no início e tem muito espaço para continuar.

Quando olhamos para as projeções de lucro para 2023, notamos justamente que os setores que mais sofreram nos últimos 12 meses são os vão entregar o maior crescimento de lucros de 2022 para 2023, pois partirão de uma base de resultados muito fraca em 2022.

Crescimento de lucro estimado 2023 vs 2022 (Consenso de Mercado Bloomberg)

Fonte: Safra & Bloomberg

Pensando nos setores que mais sofreram nos últimos 12 meses com o ajuste de juros e que possuem os maiores crescimentos projetados de lucro para 2023, gostamos da exposição a Saúde (através de Hapvida), Consumo e Varejo (através de Lojas Renner, Assaí, Panvel e, para o investidor que quer um pouco mais de risco, Magazine Luiza), Tecnologia (através de Totvs).

Acreditamos ser um bom momento para aumentar gradualmente o peso em uma carteira dos setores que citamos acima e que poderiam oferecer um maior retorno potencial num horizonte de investimento de 6 a 12 meses.

* Apesar do setor de aviação ser o que conta com o maior crescimento de lucros projetado para 2023, preferimos histórias de empresas com menor alavancagem e que oferecem riscos mais controlados neste momento.

Bolsa de Valores enfrenta volatilidade às vésperas das eleições

No entanto, vale ressaltar que passaremos por um período de volatilidade, uma vez que teremos em menos de 2 meses a eleição à presidência e à medida que nos aproximamos dela, o mercado poderia oscilar mais, assim como os juros futuros, influenciando então a cotação dos papéis e setores mais sensíveis.

Apesar de sermos favoráveis ao aumento da exposição a esses ativos em uma carteira que possui um horizonte de investimento de médio e longo prazo, ainda gostamos da exposição a empresas mais defensivas como os bancos (Itaú Unibanco e Banco do Brasil), Transportes (Vamos), as empresas do setor de energia elétrica (CPFL e Equatorial) e de Commodities (Vale, JBS e 3R Petroleum).

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