close

Bolsa deve retomar as ofertas iniciais de ações em 2023

Após 18 meses, empresas devem retomar processos de abertura de capital na B3 no ano que vem, após adiamentos decorrentes da volatilidade do mercado

IPO

Empresas que tiveram de desistir de suas aberturas de capital nos anos de 2021 e 2022 devem ser as primeiras da fila no ano que vem | Foto: Getty Images

A Bolsa de Valores do Brasil não é palco de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) desde agosto de 2021, em meio a um cenário de volatilidade econômica e alta dos juros, com a taxa básica Selic chegando a 13,75% ao ano. Embora os olhos do investidor ainda estejam voltados à segurança da renda fixa, um seleto grupo de empresas deve ter a chance de testar o mercado a partir do ano que vem, colocando fim a um longo hiato de 18 meses. Mas elas devem encontrar um investidor bem mais seletivo em seu caminho.

Diante dessa possibilidade, especialistas já esperam um movimento no mercado de ações de R$ 80 bilhões no ano que vem. O número que fica longe de recordes passados, mas é um alívio para quem sofreu com a seca do mercado financeiro em 2022. O marasmo atual veio logo depois de um recorde: em 2021, a Bolsa brasileira havia movimentado R$ 130 bilhões.

Saiba mais

Atualmente, a aposta é de que empresas que tiveram de desistir de suas aberturas de capital nos anos de 2021 e 2022 sejam as primeiras da fila. Nesse grupo estão nomes como Kalunga (varejista de materiais de escritório), São Salvador Alimentos (dona da marca SuperFrango), a empresa de saneamento BRK Ambiental e a subsidiária de cimentos da siderúrgica CSN.

No caso da Kalunga, a primeira tentativa de abrir capital ocorreu há dois anos, mas a empresa foi obrigada a recolher seus planos, diante da maior volatilidade dos mercados. No entanto, a empresa seguiu em contato com investidores, mirando um IPO para o ano que vem. A transação será uma forma de equalizar a sua dívida, atualmente em cerca de R$ 740 milhões.

A São Salvador Alimentos é outro exemplo. No início deste mês, promoveu reuniões com investidores na região da Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. O dono da companhia, o empresário goiano José Garrote, confirmou que a casa está arrumada para a oferta e que não haverá “nenhum sobressalto” após a abertura de capital. “Terei mais opções se fizer um IPO”, disse.

Analistas esperam retomada das ofertas iniciais de ações em 2023

Responsável pelo mercado de renda variável do banco de investimento da XP, Vítor Saraiva vê chance de outras empresas tentarem acessar o mercado em 2023. “Desde 2020, 109 empresas chegaram a fazer o primeiro protocolo da oferta na Comissão de Valores Mobiliários”, diz. A estimativa é de que entre 10 e 15 empresas façam uma abertura de capital ou uma oferta subsequente (aquela realizada por empresas que já estão na Bolsa) ao longo do primeiro semestre do ano que vem.

Segundo o chefe da a área de renda variável do BTG Pactual, Fabio Nazari, o mercado está “tateando” o retorno das operações. Para ele, investidores pedirão ofertas maiores, de pelo menos R$ 2 bilhões, o que deve vir de empresas com valor de mercado mínimo de R$ 10 bilhões. “Teremos esse tipo de seletividade”, afirma.

Responsável pela área de renda variável do Santander, Gustavo Miranda confirma que os investidores estão mais atentos às empresas com mais liquidez, ou seja, aquelas com mais negociações diárias, que permitem saídas mais rápidas do investimento. Empresas menores, por outro lado, terão mais dificuldade de acessar o mercado, ao contrário do observado em 2021. “Deveremos ver um movimento maior apenas quando a Selic voltar a um dígito, mas ainda assim com um mercado muito mais seletivo”, explica. (AE)

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra