Na véspera do Fed, Bolsa sobe a 122 mil pontos, maior nível em dois anos
Bolsa sobe 0,55% e dólar fecha cotado a R$ 4,75, na véspera da decisão do Federal Reserve e com apostas de corte de 0,50 pontos na Selic na semana que vem
25/07/2023Com o IPCA-15 referente a julho em deflação de 0,07%, o Ibovespa mostrou fôlego, desde a manhã, para emendar o quarto ganho diário e retomar os 122 mil pontos, no maior nível de fechamento em quase dois anos. A deflação maior que a esperada para o mês reforçou a expectativa por corte de meio ponto porcentual na Selic, na reunião do Copom na próxima semana.
O Ibovespa oscilou dos 121.343,58 aos 123.009,90 pontos, e encerrou a terça-feira em alta de 0,55%, aos 122.007,77 pontos, máxima de fechamento desde 11 de agosto de 2021 (122.056,34). O giro foi de R$ 24,6 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa avança 3,32% e, na semana, ganha 1,49%. No ano, sobe 11,18%.
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Maiores altas e maiores baixas do Ibovespa
Apesar do desempenho ainda negativo das ações de grandes bancos nesta terça-feira – à exceção, hoje, de Itaú (PN +0,21%) -, o forte avanço das ações de commodities, em especial do setor metálico, com Vale (ON +3,09%) à frente mais uma vez, colocou o Ibovespa no campo positivo desde a abertura. As ações do setor financeiro foram pressionadas pelo sinal do governo de que pode colocar fim à distribuição, pelas instituições financeiras, de JCP (juros sobre capital próprio) a partir de 2024.
Além de nomes do setor metálico como CSN (+5,90%), e Gerdau (PN +3,50%), destaque também para empresas associadas ao ciclo doméstico, expostas a juros, como as do segmento de construção (Eztec +6,21%, Cyrela +3,75%) e as do consumo (Alpargatas +3,65%, Carrefour Brasil +3,14%). No lado oposto, Gol (-3,06%), Minerva (-2,71%), Prio (-2,62%), Weg (-2,50%), Cogna (-2,27%) e BRF (-2,21%). Na sessão, o índice de consumo (ICON) subiu 0,12%, enquanto o ganho no de materiais básicos (IMAT) chegou a 2,27%.
O mercado espera que o Federal Reserve decida por um aumento de juros de 25 pontos-base nesta quarta-feira, dentro do consenso, já precificado pelo mercado para esta reunião.
“A grande dúvida é qual será a postura do Federal Reserve na reunião de setembro”, observa em nota Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. “Na última decisão, o Fed sinalizou que a intenção do comitê Fomc era elevar os juros ainda duas vezes, mas isso dependeria da atividade econômica, que têm dado sinais divergentes. Por um lado, a inflação nos EUA está em ritmo de desaceleração, conforme mostrou o CPI de junho – tanto o índice cheio quanto o núcleo dos preços ao consumidor. Por outro, há indicadores de atividade fortes, sendo o PIB americano o principal, além de dados do setor imobiliário e PMIs”, acrescenta.
Para Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos, enquanto se espera por definições como a dos juros americanos e também da Selic, prevalece na B3 uma “troca de fichas, sem dinheiro novo”, com volume financeiro em geral ainda enfraquecido, tendendo à faixa de R$ 20 bilhões por sessão.
Dólar fecha cotado a R$ 4,75 após cair à mínima do ano na véspera
O dólar à vista avançou 0,36% em relação ao real nesta terça-feira, 25, a R$ 4,7500, revertendo parte da queda da véspera, quando havia recuado ao menor nível do ano. Segundo operadores, o movimento da sessão foi técnico, puxado pela demanda de importadores pela moeda e por ajustes de posições de investidores à véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Apesar da alta na sessão, a moeda americana encerrou o dia no segundo menor nível do ano, acima apenas da cotação de R$ 4,7331 vista na segunda-feira. Entre a mínima, de R$ 4,7186 (-0,31%), e a máxima de R$ 4,7593 (+0,55%), oscilou cerca de quatro centavos. O contrato de dólar futuro para agosto movimentou pouco mais de US$ 10,5 bilhões, em linha com a média das últimas 30 terças-feiras.
Para o gerente de câmbio da Treviso, Reginaldo Galhardo, o movimento do dólar é explicado por um ajuste técnico, já que a forte queda da véspera abriu espaço para demanda de importadores e investidores pela moeda americana. O profissional destaca que o movimento do dia está em linha com o intervalo de R$ 4,70 a R$ 4,90 no qual a divisa tem oscilado nos últimos meses, sem sinal de rompimento.
No cenário doméstico, o principal destaque foi a deflação de 0,07% do IPCA-15 de julho, mais intensa do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (-0,03%). Como resultado, a curva de juros passou a precificar chance majoritária de um corte mais intenso da taxa Selic em agosto, de 50 pontos-base. Economistas do mercado, em contrapartida, mantiveram o cenário-base de uma redução mais contida, de 25 pontos. (AE)