Confira o cenário para investimentos em ações no mês de janeiro
Tese de investimentos da Carteira Top 10 Ações do Banco Safra analisa o cenário para investimentos no Brasil e no mundo em 2023
03/01/2023O consumo interno no Brasil tende a arrefecer em 2023, o que deve desacelerar a inflação e permitir o início do ciclo de queda dos juros. A economia mundial também deve diminuir, como resposta ao aperto dos juros nas principais economias. Estas são algumas das projeções do Safra incluídas no relatório que apresenta a tese de investimentos da carteira Top 10 Ações.
Na carteira Top 10 Ações, o investidor faz a aplicação inicial e o banco renova automaticamente a lista das dez ações com maior potencial de valorização todos os meses. O investimento inicial mínimo é de R$ 10 mil. Confira abaixo a íntegra das projeções do Safra para o ano que se inicia:
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“A atividade econômica mundial deverá arrefecer em 2023, em resposta ao ciclo de aperto monetário realizado pelos diversos bancos centrais para combater as pressões inflacionárias. Nos EUA, o mercado de trabalho segue firme e os salários subiram 5,1% nos últimos doze meses. O núcleo da inflação anual (exclui alimentação e energia) atingiu 6,0% em novembro, patamar elevado, e as expectativas para os próximos dois anos estão acima da meta. Assim, a taxa básica de juros continuará subindo nos próximos meses e alcançará o intervalo de 5,00% a.a. – 5,25% a.a. no final do primeiro trimestre de 2023.
O PIB real apresentará pequena retração ao longo do ano, o que aumentará moderadamente a taxa de desemprego para 4,8%, processo importante para reduzir a inflação no médio prazo. No Brasil, o PIB real deverá crescer 1,5% em 2023. Parte relevante dessa expansão da atividade acontecerá pelo aumento da oferta de grãos em 15% em relação ao ano anterior, especialmente pelo crescimento da safra de soja em 22%, segundo a Conab.
Do lado da demanda, estimamos crescimento do consumo das famílias em 1,5%, com arrefecimento do mercado de trabalho e menor ritmo de expansão da concessão de crédito. Além disso, haverá contribuição positiva das exportações vinculadas ao setor agrícola. Por outro lado, a redução da confiança do empresário industrial ao longo do segundo semestre de 2022 prejudicará as decisões de investimentos em máquinas e equipamentos.
O superávit comercial deverá ficar em torno de USD 45 bi em 2023, ante cerca de USD 60 bi em 2022. A redução do saldo comercial é a combinação de aumento do volume exportado com a perspectiva de queda do preço de commodities do mercado internacional.
A elevada taxa de juros e as perspectivas positivas de longo prazo nos setores alimentícios e energéticos devem sustentar o ingresso de capitais. Assim, as contas externas devem permanecer equilibradas.
O resultado fiscal primário consolidado deverá apresentar déficit em torno de 1,2% do PIB em 2023. Essa expectativa já inclui os gastos adicionais aprovados pela PEC da Transição e o aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis. Assim, a dívida pública subirá de 75% do PIB em 2022 para 78% do PIB em 2023. Os principais destaques nos próximos meses serão as discussões sobre o novo arcabouço fiscal e a proposta de reforma tributária.
O cenário para investimentos em ações em 2023
O IPCA arrefeceu substancialmente nos últimos meses com a queda do preço das commodities em moeda local, a estabilização da demanda por bens industrializados e a melhora nas cadeias de produção ao redor do mundo.
Utilizando a média móvel trimestral com ajuste sazonal e anualizada, a inflação de bens industrializados já voltou ao patamar anterior da pandemia e serviços recuou de 13,0% em junho para 4,3% em novembro. Assim, a média dos núcleos utilizados pelo BCB passou de 12,9% em maio para 5,1% em novembro.
Esse processo de desinflação dos núcleos permanecerá nos próximos trimestres, ainda que em menor ritmo. Mas, nossas projeções incluem a hipótese de retorno integral do PIS/Cofins sobre combustíveis e aumento parcial de ICMS sobre gasolina. Assim, estimamos IPCA de 6,0% em 2023.
Dessa forma, acreditamos que o BCB reduzirá a taxa Selic do atual patamar de 13,75% a.a. para 12,50% a.a. até o final de 2023 e continuará o ciclo de afrouxamento ao longo de 2024, o que ajudará na recuperação da demanda doméstica em 2024 e 2025.
Portanto, a atividade mundial deverá arrefecer com os impactos defasados do ciclo de aumento de juros. A safra de grãos ajudará a economia brasileira no próximo ano, enquanto a reversão parcial de impostos manterá a inflação acima do teto da meta.
O menor crescimento da demanda doméstica e o arrefecimento gradual dos núcleos da inflação permitirão o início do ciclo de afrouxamento monetário no último trimestre de 2023.