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Bolsa retoma os 116 mil pontos com expectativa de estímulos na China

Governo da China estaria preparando novas medidas para conter a crise no setor imobiliário, e preço do minério reage após queda recente

Vista de Hong Kong com gruas e guindastes na cidade

Crise imobiliária derrubou preços do minério de ferro, mas cotação reage com expectativa de estímulos | Foto: Getty Images

Sinais de adoção de novas medidas de estímulo na China impulsionam alta do Ibovespa nesta terça-feira, 10, apesar da alta moderada das bolsas dos Estados Unidos, do recuo de cerca de 0,90% do petróleo e de 1,74% do minério de ferro, em Dalian, na China. No Brasil, o dólar caía 0,87%, na mínima a R$ 5,0855, em dia também de alívio dos juros futuros, o que beneficia algumas ações ligadas ao consumo na B3. A despeito da elevação moderada em Nova York, o cenário é de certo alívio, por ora, como retratam os Treasuries na volta do feriado, em meio à percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não elevará os juros no encontro de novembro. Mas a percepção é que as taxas ficarão elevadas por mais tempo do que o imaginado, o que tem reduzido o volume financeiro da B3.

Ações do setor financeiro sobem no exterior e isso se reflete no mercado brasileiro, em um cenário mais calmo em relação ao início do conflito no Oriente Médio no fim de semana. Os mercados ainda reverberam as declarações de dirigentes do Fed de ontem, sinalizando que não haverá alta dos juros em novembro. No fim da manhã, o Ibovespa ganhou tração, nas máximas na casa dos 116 mil pontos, depois de abrir aos 115.157,90 pontos, quando teve variação zero. A aceleração coincide com a virada das ações das Petrobras, que cederam mais cedo.

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Há relatos de que a China estuda aumentar seu déficit orçamentário para 2023 enquanto o governo prepara outra rodada de estímulos para ajudar a economia a atingir sua meta oficial de crescimento. Estima-se que serão disponibilizados pelo menos 1 trilhão de yuans (US$ 137 bilhões) em dívida governamental para gastos com infraestrutura.

Em dia de agenda esvaziada de indicadores aqui e lá fora, os investidores ficarão atentos a sinais de política monetárias por dirigentes dos bancos centrais globais, dentre eles o brasileiro Roberto Campos Neto, às margens das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Marrakech, no Marrocos.

Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,86%, aos 115.156,07 pontos. Segundo o economista Álvaro Bandeira, o Índice Bovespa precisa ultrapassar os 116.400 pontos, a fim de ganhar potência.

Às 11h07, o Ibovespa subia 1,34%, aos 116.695,82 pontos, na máxima. Petrobras tinha alta de 0,26% (PN) e de 0,03% (ON), enquanto Vale avançava 1,25%. Entre os grandes bancos, Bradesco PN tinha a maior valorização, de 1,60%. CVC puxava o grupo das oito maiores elevações, perto de 10%. Magazine Luiza avançava 6,45%.

Conforme Monteiro, o índice Bovespa aproveita o cenário externo menos desfavorável para recuperar parte da queda de segunda-feira, quando foi aos 113.284,08 pontos (-0,28%).

Cotação do minério de ferro caiu com piora do mercado imobiliário na China

A cotação do minério de ferro caiu para o nível mais baixo em sete semanas, com os temores do mercado financeiro em relação à piora da crise no setor imobiliário na China. Grandes incorporadoras em crise ameaçam derrubar ainda mais a demanda por aço usado no setor da construção. O preço do minério de ferro usado na fabricação de aço chegou a cair abaixo de US$ 110 a tonelada em Singapura nesta terça-feira, registrando queda de 2,7%. A cotação já caiu cerca de 10% desde setembro.

A dificuldade de recuperação nas vendas de imóveis durante os dias de folga reforçou a fraqueza generalizada da demanda por imóveis no mercado chinês. As cotações de metais industriais como cobre e alumínio também caíram em Londres.

A incorporadora imobiliária Evergrande deixou os seus credores que detém títulos externos de mais de US$ 6 bilhões sem saber quando vão receber. A empresa cancelou uma reunião onde iria discutir um plano de reestruturação da dívida. Outra gigante chinesa do setor imobiliário, a Country Garden, alertou que pode entrar em situação de inadimplência, o que já era temido por investidores

Com sua desistência de um plano de reestruturação de US$ 19 bilhões, a China Evergrande pode gerar um “colapso incontrolável” no mercado imobiliário, alertaram investidores da empresa nesta segunda-feira, 9. Após dois anos de conversa com seus acionistas, a gigante chinesa alegou que as autoridades reguladoras a impediram de emitir novos títulos, fundamental para se reestruturar, porque sua principal filial estava sendo investigada.

Em comunicado, um grupo de investidores que detém mais de US$ 6 bilhões da companhia questionou o esforço da empresa para obter o apoio das autoridades reguladoras e os motivos da garantia dada para aprovação do negócio. Eles disseram que esperam que a Evergrande convença os reguladores para seguir em frente com o plano de reestruturação até o dia 30 de outubro. Questionada, a empresa não respondeu.

O grupo de investidores acrescentou que essa falha da companhia em conseguir avançar com um acordo acabaria afetando outras empresas imobiliárias chinesas que estão com problemas de regulação e débito. “Qualquer reestruturação offshore das empresas imobiliárias chinesas pode se tornar uma missão impossível”, afirmam os investidores.

Crise de gigantes de imóveis na china afeta cotação do minério de ferro

O colapso da empresa afetaria muitos dos seus investidores. Em junho, a companhia devia o equivalente a US$ 332 bilhões. Os problemas da companhia colocam mais pressão na economia chinesa, que já teve queda no último ano devido a uma quebra do setor imobiliário e um declínio das exportações.

Uma semana depois de ter cancelado sua reestruturação, a Evergrande informou aos investidores que seu presidente estava sendo investigado por suspeita de crime. O colapso da companhia levou a uma rápida venda das suas ações, que estão sendo negociadas a menos de 10 centavos por dólar.

A crise de dívida das duas gigantes do setor imobiliário coloca em dúvida as projeções sobre a demanda por aço para novos projetos de moradia na China. Para piorar o humor dos investidores, as vendas de imóveis novos caíram em todas as principais cidades chinesas durante o feriado de uma semana que terminou ontem.

O conselho de administração da Country Garden anunciou ontem que as vendas atribuíveis aos acionistas da empresa, suas subsidiárias, joint ventures e associados totalizaram 6,17 bilhões de yuans (cerca de US$ 845 milhões) em setembro. Os dados foram atualizados em comunicado da empresa divulgado no site da Bolsa de Hong Kong.

A empresa pondera, entretanto, que os números são preliminares e são derivados de informações de gestão do grupo, estando sujeitos a alterações. “A informação não deve ser tomada como uma medida ou uma indicação do desempenho operacional ou financeiro atual ou futuro do Grupo. Como tal, as informações divulgadas neste anúncio são estritamente informativas.” (Com Agências)

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