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Chuvas aliviam o sistema, mas não a conta de luz

Chuvas reduzem a necessidade de uso de térmicas, mas a bandeira de escassez hídrica vai continuar pesando na conta de luz por mais cinco meses

conta de luz

Contas de luz vão continuar mais caras por causa de taxa extra até abril de 2022 | Foto: Getty Images

A partir desta semana, as usinas termoelétricas poderão ser menos acionadas para abastecer o País de energia elétrica. Após meses funcionando com o máximo da potência para evitar racionamento ou apagões nos horários de maior consumo, agora elas podem funcionar menos tempo, graças às chuvas que chegaram antes da hora. Mas os consumidores vão continuar pagando mais caro, por causa da bandeira de escassez hídrica que pesa na conta de luz.

Nos últimos meses, cada consumidor de energia tem bancado, mensalmente, o custo pesado das chamadas “bandeiras tarifárias”, uma taxa extra que é incluída na conta de luz para pagar o acionamento das usinas térmicas, que produzem energia mais cara que as hidrelétricas, por serem movidas a gás ou óleo combustível. Isso tem ocorrido por causa da falta de chuvas e do esvaziamento dos principais reservatórios do País. 

Até abril, o brasileiro ainda terá a conta de luz pressionada pela tarifa de escassez hídrica, por causa da seca registrada este ano, e o impacto do custo das termoelétricas contratadas para atravessar o período seco, de abril a outubro.

Bandeira de escassez hídrica continua até abril na conta de luz

As chuvas vieram antes do esperado, disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi. A previsão era de um fim de ano como o de 2020, quando as chuvas só chegaram em dezembro e foram insuficientes para recuperar os reservatórios das hidrelétricas. Este ano, começou a chover dois meses antes.

“Podemos dizer com tranquilidade que, do ponto de vista de escassez hídrica, o Brasil não tem mais nenhuma indicação de problema” afirmou, descartando riscos mesmo nos horários de pico de consumo.

Sistema está preparado para ‘situação mais adversa’

Ele ressaltou que o operador se preparava para uma situação mais adversa, e que, apesar de não se falar em racionamento, antes do início das chuvas já havia alertas de que poderiam ocorrer problemas no horário de maior consumo, no meio da tarde.

“Podemos agora armazenar água nos reservatórios e sermos mais seletivo nos despachos, não há risco de levar os reservatórios a um nível de estressamento agudo”, explicou.

O ONS ordena a entrada de unidades geradoras de energia por ordem de mérito, ou seja, primeiro são liberadas as mais baratas, até chegar às mais caras. As termoelétricas, principalmente as movidas a combustível fóssil, são as que custam mais ao sistema, enquanto as hidrelétricas e outras fontes renováveis, como solar e eólica, têm menor custo.

Elevar o nível de armazenagem de água nos reservatórios das hidrelétricas agora é obrigatório, lembrou Ciocchi, referindo-se à emenda incluída na lei que aprovou a privatização da Eletrobras, e que deu quatro anos para a recuperação dessas usinas. Segundo Ciocchi, esse é um processo que não se faz em um ano, mas avaliou que em três anos os reservatórios já estarão em bons níveis. (AE)

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