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Consumo de carne de peixe caiu durante a pandemia

Pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura mostra a mudança de comportamento do consumidor brasileiro na cadeia de pescados

Peixes

23% dos entrevistados deixaram de comer peixe cru após a covid e 17,3% dizem enfrentaram redução de oferta | Foto: Getty Images

A pandemia do coronavírus reduziu o crescimento de mercado de pescados, que estava em expansão até fevereiro de 2020, segundo estudo de pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura do Tocantins, em um dos primeiros trabalhos que retratam o reflexo do comportamento do consumidor na cadeia do pescado durante a pandemia.

O estudo “Efeitos do isolamento social durante a pandemia de Covid-19 na comercialização e no consumo de pescado no Brasil” abrange todas as regiões brasileiras. O resultado mostra que para 40,31% dos entrevistados, o preço do produto aumentou. Com isso, 26,92% dos entrevistados reduziram o consumo de pescado e 4,27% eliminaram totalmente a ingestão da proteína.

Antes da covid-19, 21,79% dos consumidores tinham o hábito de comprar pescado em hipermercados, 20,23% preferiam comprar em feiras ou peixarias e 3,13% em atacadistas. Com o coronavírus, houve um incremento na preferência pelos hipermercados (29,91%), delivery (8,69%) e em atacadistas (3,56%).

“Com o fato de as feiras livres e os mercados informais terem sido praticamente fechados nos primeiros meses da pandemia, as únicas opções disponíveis foram as grandes redes de hipermercados”, observa o analista da Embrapa Diego Neves de Sousa, um dos autores da pesquisa. A diminuição do consumo de pescado prejudica a geração de renda da população que depende da pesca para sobreviver, diz o pesquisador.

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Com o fechamento do comércio, a disponibilidade do pescado foi afetada na percepção de 17,38% dos consumidores, que sentiram maior dificuldade de compra pela redução da oferta do produto. A qualidade também foi afetada para 11,40% dos participantes da pesquisa, que relataram redução na qualidade habitual dos produtos.

A pandemia também alterou a preferência do consumidor quanto ao tipo de conservação do pescado: subiu de 22,36% para 27,49% a preferência por peixes e frutos do mar congelados. “O aumento da aquisição de peixe congelado durante a pandemia do novo coronavírus pode ser explicado pela desconfiança do consumidor em relação à qualidade dos peixes frescos”, analisa Sousa.

Participaram do estudo sobre os impactos da pandemia 702 pessoas, sendo 62,11% mulheres e 37,89% homens. A maioria (30,06%) tinha entre 30 e 39 anos, seguida pelas faixas etárias de 20 a 29 anos e de 40 a 49 anos, com 21,51% cada. Acima dos 50 anos houve 25,64% e, abaixo de 19 anos, 1,28% do total de participantes da pesquisa.

Segundo o estudo, um quarto da população comia peixe pelo menos uma vez por semana

O estudo revelou que 25,93% dos entrevistados consumiam pescado pelo menos uma vez na semana antes da pandemia, 23,93% duas a três vezes no mês, 20,94% duas ou mais vezes na semana e 11,68% pelo menos uma vez no mês.

A produção e o consumo de pescado no Brasil e no mundo cresceram nos últimos quarenta anos, principalmente devido ao avanço da aquicultura. Especialistas acreditam que o desenvolvimento dessa cadeia produtiva está ligado a um comportamento crescente do mercado consumidor de valorizar alimentos mais saudáveis”, ressalta Sousa., segundo a Embrapa.

O estudo também registrou que, para 46% das empresas de processamento de pescado, houve diminuição na oferta de matéria-prima para o beneficiamento do produto.

Para 54% dos empresários que atuam no setor de beneficiamento, houve dificuldades para aquisição de insumos, com demora na entrega de embalagens, falta de material de limpeza, equipamentos de proteção individual, cloro e falta de salmão no mercado.

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