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Riscos Globais: fake news e inteligência artificial lideram preocupações em Davos

Pesquisa com 1,4 mil lideranças empresariais de 113 países cita fake news, inteligência artificial e riscos climáticos como maiores desafios

Davos 2024

Desinformação na era da inteligência artificial surge como o risco global mais grave previsto para os próximos dois anos | Foto: Getty Images

O Relatório de Riscos Globais 2024, do Fórum Econômico Mundial, diz que o maior risco de curto prazo decorre da desinformação e das fake news em tempos de novas tecnologias como a Inteligência Artificial. O relatório foi elaborado com base em 1,4 mil lideranças empresariais em 113 países. Os resultados foram apresentados hoje como parte dos preparativos para as discussões do evento em Davos, na Suíça, que começa dia 15.

A longo prazo, as ameaças relacionadas ao clima dominam os 10 principais riscos que as populações globais estão enfrentando. Dois terços dos especialistas globais preveem que uma ordem multipolar ou fragmentada tome forma na próxima década.

Os choques em cascata que assolaram o mundo nos últimos anos estão se mostrando intratáveis. As guerras, a política polarizada, a contínua crise do custo de vida e os impactos cada vez maiores de um clima em mudança estão desestabilizando a ordem global.

As principais conclusões do Relatório de Riscos Globais 2024 do Fórum Econômico Mundial refletem esses desafios mais urgentes enfrentados pelas pessoas em todas as regiões do mundo.

Perspectiva global pessimista com inteligência artificial e fake news

O relatório revela um mundo “atormentado por uma dupla de crises perigosas: clima e conflitos”. Estas ameaças têm como pano de fundo a rápida aceleração das mudanças tecnológicas e a incerteza económica.

O relatório destaca uma perspectiva predominantemente negativa para o mundo nos próximos dois anos, que deve piorar na próxima década. A maioria dos entrevistados (54%) antecipa alguma instabilidade e um risco moderado de catástrofes globais, enquanto outros 30% esperam condições ainda mais turbulentas. A perspectiva é marcadamente mais negativa no horizonte temporal de 10 anos, com quase dois terços dos entrevistados esperando uma perspectiva tempestuosa ou turbulenta.

No relatório foram detalhadas as forças estruturais que moldarão a materialização e a gestão de riscos globais na próxima década:

  • Aquecimento global e consequências relacionadas
  • Mudanças no tamanho, crescimento e estrutura das populações ao redor do mundo
  • Novas tecnologias e fake news em tempos de inteligência artificial
  • Concentração de riquezas e migrações

Um novo conjunto de condições globais está tomando forma em cada um desses domínios e essas transições serão caracterizadas por incerteza e volatilidade. À medida que as sociedades procuram se adaptar a essas forças em mudança, sua capacidade de se preparar e responder aos riscos globais será afetada.

Dois terços dos entrevistados classificam o clima extremo como o principal risco com maior probabilidade de apresentar uma crise material em escala global em 2024, com a fase de aquecimento do ciclo El Niño-Oscilação Sul projetada para se intensificar e persistir até maio deste ano.

O relatório alerta para o risco do não retorno, ou seja, o “ponto de inflexão climática” na próxima década. Pesquisas recentes sugerem que o limiar para desencadear mudanças de longo prazo, potencialmente irreversíveis e autoperpetuantes em sistemas planetários selecionados provavelmente será ultrapassado em ou antes de 1,5◦C do aquecimento global, que atualmente está previsto para ser atingido até o início da década de 2030.

A capacidade coletiva das sociedades de se adaptarem pode ser sobrecarregada, considerando a escala de impactos potenciais e os requisitos de investimento em infraestrutura, deixando algumas comunidades e países incapazes de absorver os efeitos agudos e crônicos das rápidas mudanças climáticas.

À medida que a polarização política cresce e os riscos tecnológicos permanecem sem controle, a “verdade” ficará sob pressão, alerta o relatório, chamando a atenção para as fake news na era da inteligência artificial.

Emergindo como o risco global mais grave previsto para os próximos dois anos, setores da sociedade aproveitarão a desinformação para ampliar ainda mais as divisões sociais e políticas.

Eleições com desinformação agravam polarização

Como cerca de três bilhões de pessoas devem comparecer às urnas eleitorais em várias economias – incluindo Bangladesh, Índia, Indonésia, México, Paquistão, Reino Unido e Estados Unidos – nos próximos dois anos, o uso generalizado de desinformação e ferramentas para disseminá-la, pode minar a legitimidade de governos recém-eleitos. Os distúrbios resultantes podem variar de protestos violentos e crimes de ódio a confrontos civis e terrorismo.

Além das eleições, as percepções da realidade também tendem a se tornar mais polarizadas, infiltrando-se no discurso público sobre questões que vão da saúde pública à justiça social.

No entanto, à medida que a verdade é minada, o risco de propaganda e censura domésticas também aumentará. Em resposta à desinformação, os governos poderiam ter cada vez mais poder para controlar as informações com base no que determinam ser “verdadeiro”.

As liberdades relacionadas com a Internet, a imprensa e o acesso a fontes de informação mais amplas que já estão em declínio correm o risco de descambar para uma repressão mais ampla dos fluxos de informação num conjunto mais vasto de países, segundo o relatório sobre Riscos Globais.

Relatório Riscos Globais 2024 do Fórum Econômico Mundial

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