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Desafios de 2022: como aproveitar as oportunidades e riscos

Para investidores que procuram adicionar risco à carteira, o momento é oportuno para comprar papéis que perderam valor no 2° semestre de 2021

Investimentos

Eleição no Brasil pode trazer certa incerteza e volatilidade ao longo do ano, mas também oportunidades de investimento | Foto: Getty Images

Após uma das maiores crises sanitárias da história, o mundo enfrenta a “ressaca da Covid”. Todas as medidas de restrições e estímulos financeiros impostos nos últimos anos começam a mostrar seus efeitos na economia e, principalmente, nas curvas longas de juros. Atualmente o mundo luta contra uma persistente inflação e os economistas quebram a cabeça para tentar encontrar uma solução que consiga arrefecer o aumento de preço e ao mesmo tempo não eleve os juros mais do que o necessário.

No começo de 2021, começamos a ver um aumento generalizado nos preços das commodities. Fato que foi inicialmente comemorado pelos emergentes, dado sua dependência financeira, que viram suas bolsas se valorizarem fortemente. O problema é que esse aumento de preços foi ocasionado, em grande parte, por problemas na cadeia de suprimentos. A preocupação começou quando a valorização vista nos gráficos de analistas financeiros invadiu os supermercados, aluguéis e energia. Era a inflação saindo de Wall Street e batendo na porta da população. Se por um lado o FED demorou a aceitar essa situação, chamando-a de transitória, os mercados emergentes, talvez por estarem mais acostumados a essa situação, agiram rapidamente e começaram uma escalada de juros intensa no segundo semestre do ano passado.

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Essas duas reações distintas ditaram os desempenhos dos ativos. Enquanto os EUA e criptomoedas batiam recordes atrás de recordes, os emergentes sofriam com a mão pesada do mercado. Não era difícil encontrar empresas sendo negociadas bem abaixo de seus pares internacionais, que pareciam baratas, mas ficavam cada dia mais baratas.

Veio 2022, a China entrou no Ano do Tigre e a dinâmica dos mercados mudou completamente. Mesmo após aceitar a realidade, o FED ainda demora a tomar uma atitude mais firme contra a inflação, o que antes eram 4 aumentos de 25 pontos, viraram 7 e já vemos algumas cabeças relevantes pedirem um aperto mais forte de 50bps. Essa indecisão dos bancos centrais e algumas dúvidas com relação ao futuro da economia americana e de outros países desenvolvidos acabou gerando muita incerteza nos investidores, que começaram a procurar alternativas de investimento seguindo a máxima do mercado de que “dinheiro não aceita desaforo”.

E foi nessa procura que o dito “smart money” encontrou o Brasil. Um país que ficou esquecido por um tempo, que parecia muito barato, que tinha antecipado o aumento de juros e precificado um cenário bastante desafiador. Tudo estava no preço. Nesse cenário, uma enxurrada de capital estrangeiro entrou no Brasil, derrubando o dólar e tornando o Ibovespa a bolsa com melhor desempenho no ano (+8% ytd).

Ao tentarmos entender o motivo de todo esse dinheiro ter sido absorvido pelo Brasil, podemos tirar lições importantes com relação ao nosso portifólio. Ao contrário do que muitos pensam, ao se fazer uma alocação de capital, buscando uma rentabilidade atraente, o investidor não só precisa conhecer os riscos envolvidos, mas saber como sua carteira pode se beneficiar deles. Não devemos apenas nos proteger da inflação, mas também encontrar uma maneira de se beneficiar dela. Como disse Taleb, em seu livro “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos”, “The opposite of fragility isn’t robustness, but antifragility. Antifragility implies you’ve got more to gain than to lose.” (“O oposto de fragilidade não é robustez, mas antifragilidade. Antifragilidade implica que você tem mais a ganhar do que a perder”).

Pois bem, temos que os grandes drivers do momento são:

  • Inflação alta e crescente no mundo inteiro
  • Os Bancos Centrais dos EUA, Europa e Inglaterra aumentarão suas taxas básicas de juros nas próximas reuniões, só não sabemos com qual intensidade.
  • Os preços das commodities devem continuar esticados e os problemas na cadeia de suprimentos não devem ser totalmente resolvidos no ano.
  • O estoque de petróleo no mundo e uma tensão geopolítica pressionam o preço da commodities.
  • Preço do Minério de Ferro está muito volátil, mas retomada chinesa deve levar o preço para cima.
  • Eleição no Brasil pode trazer certa incerteza e volatilidade ao longo do ano.

Analisando os riscos e oportunidades dos itens supracitados, tiramos algumas conclusões que podemos utilizar na construção do nosso portifólio:

  • Uma forma de beneficiar-se com a inflação alta é através da compra de empresas ligadas ao setor de commodities. VALE3 e GGBR4 são exemplos mais conservadores, USIM5 e CSNA3 são alternativas com maior risco, mas mais potencial de valorização.
  • Apesar de uma leve indicação de que as curvas de juros longas podem ter atingido seus picos, os juros ficarão altos ao longo do ano. Nesse cenário, os bancos de varejo (conhecido como “bancões”) são beneficiados. ITUB4, BBAS3 e BBDC4 são boas indicações de investimentos.
  • A eleição ainda não está precificada, mas será em breve. Historicamente esse evento traz bastante volatilidade e a depender da forma da disputa, pode fazer mais preço do que o necessário. Uma forma de proteção, seria comprar empresas com boas perspectivas, mas que possuem pouca correlação com eventos políticos. SUZB3 e WEGE3 são exemplos.
  • A comparação entre o comportamento dos juros futuros nos países emergentes com os países desenvolvidos, sugere o início de uma inflexão em nossa curva e um eventual pico da inflação. Para os investidores que procuram adicionar risco à sua carteira, podemos estar diante de um bom momento de compra para os papéis que tanto sofreram no segundo semestre de 2021.

Olhando para os gráficos nos diversos monitores espalhados pela Mesa de Operação, vemos que o Brasil começou o ano de forma muito positiva e apesar de acreditarmos em um futuro bastante construtivo para os nossos ativos de risco, não podemos nos esquecer dos desafios futuros.

Uma boa sexta e ótimo final de semana a todos!

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