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Devo fazer um financiamento antes ou depois dos dividendos da Petrobras?

Confira as opções de investimentos com derivativos, com a compra de ações e venda de opção de compra para rentabilizar a posição

Dividendos da Petrobras

Estratégias de renda estão ganhando espaço no mercado, dado que as taxas recebidas pelos investidores estão consideravelmente maiores do que no passado | Foto: Getty Images

Todo investidor, após algum tempo estudando sobre o mercado financeiro, inevitavelmente acaba conhecendo o mundo dos derivativos. Suas variadas estruturas, possibilidades de alavancagem e controle preciso do risco assumido, abrem uma infinidade de novas estratégias de alocação. Ao nos aprofundarmos no assunto, vemos que esse produto sempre nos permite aproveitar as variáveis do mercado a nosso favor. Seja para uma alavancagem mais precisa, uma proteção mais forte ou uma renda mensal maior.

O momento atual, por exemplo, nos apresenta um cenário de alta inflação, curvas de juros esticadas e volatilidade acima da média. Apesar da vontade de entrar nos pormenores matemáticos, por ora, vamos nos limitar ao fato de que quando os juros e a volatilidade estão mais altos, os preços das opções ficam mais caros. Com isso, as estratégias de renda estão ganhando muito espaço no mercado, dado que as taxas recebidas pelos investidores estão consideravelmente maiores do que no passado. Atualmente, quase 50% das operações feitas nas mesas de derivativos do Brasil são dessa modalidade.

Saiba mais

Pois bem, sabemos que o momento é propício e que devemos nos aproveitar dessas variáveis a fim de aumentar a nossa renda mensal, mas uma questão que sempre paira nas cabeças dos investidores é a respeito do momento correto para se montar essas estruturas, principalmente quando a empresa possui pagamentos de dividendos programados para uma data próxima. A questão é: 

Devo montar meu financiamento antes ou depois dos dividendos?

Antes de entrarmos nessa discussão, devemos esclarecer que por “financiamento” estamos nos referindo a estrutura de derivativos no qual o investidor compra as ações de uma empresa e vende uma opção de compra para rentabilizar sua posição.

Exemplo prático com ações da Petrobras:

Considerando um financiamento em PETR4, com o papel cotado a R$ 30,00, suponha que a venda de uma opção de compra com strike R$33,00 (10% acima do preço) esteja com uma taxa inicial de R$ 1,50 (5% do preço do papel). Vamos supor, também, que a empresa possua um pagamento programado de dividendos de R$ 2,00. Com isso, temos que um investidor que possua 1000 ações de PETR4 (R$ 30.000,00) para realizar esse financiamento, possui três alternativas:

  • a) realizar o financiamento antes dos dividendos,
  • b) realizar o financiamento após os dividendos, mas reinvestindo o valor dos dividendos na compra de mais ações e
  • c) realizar o financiamento após os dividendos, sem reinvestir o valor nas ações.

a) Realizar o financiamento antes dos proventos

– O investidor possui 1000 ações de PETR4 a R$ 30,00 (Capital inicial de R$ 30.000,00)

– A venda da opção de compra com preço de exercício de R$ 33,00 daria uma taxa de R$ 1,50 por ação, ou ainda, R$ 1.500,00

– Após os dividendos, como sabemos, o preço de exercício será ajustado para R$ 31,00, mas o investidor recebe R$ 2.000,00 na conta

– Caso o papel, no vencimento, esteja acima do preço de exercício (R$ 31,00), o investidor venderia o papel por R$ 31.000,00, ficando com um capital final de R$34.500,00, sendo R$ 31.000,00 das ações, R$ 1.500,00 da venda das opções e R$ 2.000,00 dos dividendos.

b) Realizar o financiamento após os proventos, reinvestindo o valor nas ações

– O investidor possui 1000 ações de PETR4 a R$ 28,00 (Capital inicial de R$ 28.000,00)

– Com o valor dos dividendos, compra mais 71 ações (R$ 2.000,00 / 28), ficando com 1071 ações.

– Mantendo os parâmetros, pode-se vender uma opção de compra com preço de exercício de R$ 30,80 (10% acima do preço). O prêmio recebido será de R$1,40 por ação (5%), ou ainda, R$ 1.500,00

– Caso o papel, no vencimento, esteja acima do preço de exercício (R$ 30,80), o investidor venderia o papel por R$ 33.000,00 (1071 x 30,80), ficando com um capital final de R$ 34.500,00, sendo R$33.000,00 das ações e R$ 1.500,00 da venda das opções.

c) Realizar o financiamento após os proventos, sem reinvestir o valor nas ações

– O investidor possui 1000 ações de PETR4 a R$ 28,00 (Capital inicial de R$ 28.000,00)

– Mantendo os parâmetros, pode-se vender uma opção de compra com preço de exercício de R$ 30,80 (10% acima do preço). O prêmio recebido será de R$ 1,40 por ação (5%), ou ainda, R$ 1.400,00

– Caso o papel, no vencimento, esteja acima do preço de exercício (R$ 30,80), o investidor venderia o papel por R$ 30.800,00, ficando com um capital final de R$ 34.200,00, sendo R$ 30.800,00 das ações, R$ 1.400,00 da venda das opções e R$ 2.000,00 dos dividendos

Concluímos, então, que não faz diferença alguma estruturar um financiamento antes ou depois dos dividendos, dado que o montante final seria o mesmo em qualquer caso. No último exemplo, o valor é menor, pois a exposição é mais baixa.

Pelo fato de aqui no Brasil, todas os preços de exercícios das opções serem ajustados pelos dividendos, as estruturas de derivativos não são afetadas por esses eventos corporativos. A mesma linha de pensamento pode ser feita para as outras estratégias e o resultado será o mesmo.

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