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Temor de aumento de juros nos EUA leva dólar de volta aos R$ 5

Novos dados robustos da economia dos Estados Unidos reacenderam o temor de nova elevação das taxas de juros no início de novembro; Bolsa cai 0,82% aos 112,8 mil pontos

dólar cotação

No exterior, o dólar ganhou terreno nesta quarta-feira tanto em relação a moedas fortes quanto à ampla maioria de divisas emergentes | Foto: Getty Images

Após uma manhã marcada por trocas de sinal, o dólar à vista operou em leve alta ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quarta-feira, 25, cotado a R$ 5,0017, avanço de 0,16%, interrompendo uma sequência de quatro pregões seguidos de queda. A desvalorização do real se deu em meio a uma aceleração da alta das taxas dos Treasuries e ao fortalecimento global da moeda norte-americana. Dados mais robustos da economia dos Estados Unidos voltaram a amparar a perspectiva de alta adicional da taxa básica pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) neste ano e de manutenção de juros elevados por período mais prolongado.

Operadores observam que houve oscilação de apenas pouco mais de três centavos entre mínima (R$ 4,9876) e máxima (R$ 5,0199), o que sugere pouco apetite por negócios. A mínima pela manhã foi atribuída à nova alta do minério de ferro, na casa de 3%, com estímulos fiscais na China.

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Contribuiria para limitar as perdas da moeda brasileira nesta quarta o avanço da agenda econômica no Congresso, em especial a possibilidade de votação ainda nesta quarta-feira do projeto de lei para taxar fundos offshore e exclusivos na Câmara, como sinalizado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Dólar tem valorização com risco geopolítico crescente

No exterior, o dólar ganhou terreno nesta quarta-feira tanto em relação a moedas fortes quanto à ampla maioria de divisas emergentes. Os riscos geopolíticos seguem no radar dos investidores. Teme-se uma ampliação no conflito no Oriente Médio, com envolvimento de outros atores regionais, diante da decisão já expressa Israel de invadir a Faixa de Gaza. As cotações do petróleo voltaram a subir, com o contrato do Brent mirando novamente o nível de US$ 90 o barril.

A manutenção de um dólar globalmente forte também é justificada pelo desempenho da economia americana, que mostra sinais de resiliência a despeito do processo de aperto monetário. No fim da manhã, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que as vendas de moradias novas no país subiram 12,3% em setembro em comparação a agosto, ao ritmo anual (com ajuste sazonal) de 759 mil unidades, bem acima das expectativas (685 mil unidades).

Investidores aguardam a divulgação na quinta-feira, 26, da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no terceiro trimestre. Na sexta-feira, 27, sai o índice de preços com gasto com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo BC dos EUA.

Esses indicadores esquentam o clima para a decisão de política monetária do Fed na próxima quarta-feira, 1º de novembro. A aposta quase unânime é a de que o Fed manterá a taxa básica inalterada, mas vai deixar a porta aberta para uma alta em dezembro.

Ibovespa cai 0,82% aos 112,8 mil pontos

O Ibovespa acentuou perdas à tarde, acompanhando a piora em Nova York, onde os três principais índices de ações se alinharam em baixa que chegou a 2,43% (Nasdaq) no fechamento, em resposta a novo ‘spike’ nos rendimentos dos Treasuries, em especial os longos, com vencimento em 10 e 30 anos. Assim, a referência da B3 não ficou imune à aversão a risco, renovando mínimas ainda no meio da tarde. Ao fim desta quarta-feira, mostrava perda de 0,82% na sessão, aos 112.829,97 pontos, quase devolvendo a alta de 0,87% do dia anterior, que havia sucedido cinco baixas consecutivas para o Ibovespa.

Nesta quarta-feira, o índice da B3 oscilou entre 112.680,27 e 114.318,65, saindo de abertura aos 113.761,90 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 19,8 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa vira do positivo ao negativo, cedendo agora 0,29%, o que coloca as perdas do mês a 3,20%. No ano, o índice sobe 2,82%.

O mercado reagiu ao ajuste tanto em setores expostos à demanda e formação de preços no exterior, como o metálico (Vale ON -0,09%, Gerdau PN -0,37%, CSN ON -0,81%), quanto em segmentos associados ao ciclo doméstico, como o de varejo (Casas Bahia -5,88%) e alimentos (Pão de Açúcar -6,02%), assim como parte do financeiro (Bradesco ON -0,64%, PN -0,28%), o de maior peso no índice.

Destaque da agenda externa neste meio de semana, o avanço observado nas vendas de imóveis residenciais novos nos Estados Unidos em setembro, bem acima do esperado para o mês, reforçou a percepção do mercado de que a maior economia do globo se mantém firme, o que ainda alimenta receios de que o Federal Reserve, o BC norte-americano, preservará a orientação restritiva para a política monetária do país. No Brasil, a temporada de balanços do terceiro trimestre começou nesta quarta, com os números do Santander Brasil, instituição que, na margem, trouxe avanço acima do esperado para o lucro, embora em desempenho inferior na comparação com o mesmo período de 2022.

Na B3, apenas Petrobras (ON +0,28%, PN +0,53%) – em dia de forte avanço do petróleo, com Brent em torno de US$ 90 por barril ante a percepção de risco sobre o conflito no Oriente Médio -, Itaú (PN +0,19%) e Banco do Brasil (ON +0,02%) resistiram em leve alta no fechamento, entre as ações de maior peso e liquidez – a Unit de Santander Brasil encerrou em baixa de 1,75%, na mínima da sessão.

Na ponta perdedora do Ibovespa, além de Casas Bahia e de Pão de Açúcar, destaque também para Weg (-10,11%), Rede D’Or (-5,35%) e Hapvida (-5,15%), com Magazine Luiza (+2,13%), Gol (+1,60%) e Ultrapar (+1,36%) no canto oposto. O desempenho de Weg na sessão foi condicionado pelos resultados trimestrais, também divulgados nesta quarta-feira. (AE)

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