Economia criativa cresce e movimenta US$ 8 trilhões por ano no mundo
Por trás de uma apresentação musical existe um universo de trabalhadores de diversas áreas envolvidos no setor que mais gera renda na economia mundial
09/06/2023A Sala São Paulo, uma das mais modernas salas de concerto do mundo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado, esgotou sua capacidade para quase 1.500 pessoas na apresentação do espetáculo ‘Pedro e o Lobo-Guará’, que mistura música clássica, desenho animado, educação e história da cidade. Envolvidos na produção, 33 músicos, técnicos e produtores são representantes da economia criativa, um dos setores mais rentáveis em termos de geração de renda, riqueza e exportação, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
O termo economia criativa foi criado na Austrália para definir todos os segmentos baseados no conhecimento ou capital intelectual para gerar trabalho, renda e impulsionar desenvolvimento local, regional ou mesmo nacional. O setor ganhou importância na atual ‘era do conhecimento’.
Boa parte da economia criativa está em pequenos e médios negócios, e não só da área cultural. No exemplo da apresentação da versão paulistana de Pedro e o Lobo, inspirada no clássico russo de 1936, a produção envolve não apenas músicos, criadores e atores, mas também técnicos, fornecedores de materiais como figurinos, equipamentos audiovisuais, gráfica, alimentação e outros. Mundialmente, a economia criativa movimenta cerca de US$ 8 trilhões por ano, com crescimento anual entre 10 e 20%, segundo os dados da Unesco.
Economia criativa vive recuperação após a covid
O setor vive um momento de forte recuperação após a Covid-19, que afetou diversos setores, mas especialmente a cultura, por causa das recomendações de distanciamento social. A volta das leis federais de incentivo e apoio de organismos oficiais de cultura ajuda a impulsionar o setor no Brasil. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), para cada R$1 investido em cultura, o retorno para os cofres públicos é de cerca de R$13. O salário médio dos trabalhadores no setor cultural equivale a 3,8 salários-mínimos, 23,9% superior à média geral da economia segundo dados do IBGE.
“Estamos voltando a trabalhar e a gerar empregos, levando conhecimento sobre música e meio ambiente para milhares de crianças”, comenta o diretor Anselmo Mancini. Com apoio de doadores, o grupo conseguiu levar a apresentação de Pedro e o Lobo-Guará para dezenas de escolas públicas da periferia de São Paulo antes de chegar à Sala São Paulo. Agora, com a volta dos incentivos culturais, espera conseguir o apoio de empresas para ampliar o projeto.
Pedro e o Lobo-Guará é um concerto didático brasileiro; um projeto multilinguagens inspirado na obra “Pedro e o Lobo” de Sergei Prokofiev. Tendo a cidade de São Paulo como cenário e a música brasileira como protagonista, o expectador passeará junto com Pedro pela metrópole paulistana, onde desvendará um grande mistério. Com interpretação musical da Orquestra de Câmara ALMAI_SP, sob regência de Flávio Lago, concepção e direção geral de Anselmo Mancini, roteiro e narração de Markito Alonso, direção de fotografia, montagem e animação de Paulo Victor Mesquita, ilustrações de Lucas Longue e Dante Queiroz. O projeto terá também tradução simultânea de libras.
A Orquestra de Câmara Almai-SP (Associação Livre de Música e Artes Integradas de São Paulo) é um grupo formado pela Associação Livre de Música e Artes Integradas de São Paulo. Pioneira deste segmento no país, a Almai-SP é especializada na conexão entre a música e as mais variadas disciplinas artísticas.