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Água tratada que o Brasil desperdiça poderia abastecer 67 milhões de pessoas por ano

Volume equivale a 8 mil piscinas olímpicas por dia ou sete vezes o reservatório do Sistema Cantareira, segundo o Instituto Trata Brasil

Água

O volume perdido de água tratada durante a etapa de abastecimento abasteceria mais de 30% da população | Fonte: Getty Images

No dia do Mundial do Meio Ambiente, dois estudos sobre a situação dos recursos hídricos e a poluição nos oceanos ganharam destaque. O Instituto Trata Brasil divulgou que o volume de água tratada desperdiçada no país chega a mais de 7 bilhões de metros cúbicos.

De acordo com o levantamento, o Brasil desperdiça cerca de 8 mil piscinas olímpicas por dia ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira, o maior conjunto de reservatórios do Estado de São Paulo.

O estudo foi elaborado a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2021) e compreende uma análise do Brasil, de suas cinco macrorregiões, das 27 Unidades da Federação e também dos 100 municípios mais populosos do país, que figuraram no Ranking do Saneamento 2023.

De acordo com o relatório, cerca de 7,3 bilhões de metros cúbicos de água tratada não foram devidamente faturadas. “Para entender o impacto do controle de perdas, considerando-se somente as perdas físicas (vazamentos), o volume (3,8 bilhões de metros cúbicos) seria suficiente para abastecer aproximadamente 67 milhões de brasileiros em um ano”, diz o Trata Brasil.

Para o Instituto, este volume perdido durante a etapa de abastecimento daria para abastecer mais de 30% da população do país em 2021, ou cerca de duas vezes o número de habitantes sem acesso ao abastecimento de água naquele ano, em torno dos 33 milhões.

Caso governos e população reduzissem as perdas de 40,9% para 25% resultariam no potencial de abastecimento de água potável para mais de 25,7 milhões de brasileiros em um ano, mais de três quartos da quantidade de habitantes sem acesso ao abastecimento de água em 2021.

Já um estudo do Blue Keepers, iniciativa do Pacto Global da ONU no Brasil, aponta que o litoral brasileiro tem quase 600 grandes portas de entrada para a poluição por resíduos plásticos no oceano.

O resultado foi apresentado no segundo encontro do Tratado Internacional pelo Fim da Poluição por Plásticos, liderado pela ONU Meio Ambiente, na semana passada, em Paris.  

De acordo com o levantamento, cerca de 2,3 milhões de toneladas do material, ou 67% de todo o plástico que pode chegar aos mares brasileiros por ano, podem vir de bacias hidrográficas de alto risco.

Dessas, as mais críticas são as desembocaduras dos rios Amazonas (cerca de 160 mil tons/ano), São Francisco (230 mil tons/ano) e a Baía de Guanabara (216 mil tons/ano). A do Rio da Prata, que chega ao mar entre a Argentina e Uruguai, mas que carrega material plástico brasileiro, pode contribuir com mais de 1 milhão de toneladas por ano. 

“Estamos na Década do Oceano e o chamado para ações para sua proteção nunca foi tão claro e consistente”, disse Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil. “Se 80% da poluição marinha vem de fontes terrestres, é aqui que atuaremos guiando o setor empresarial para ativar soluções de prevenção, em que seus negócios e modos de operação criem impacto positivo.”

O Banco Safra é signatário do Pacto Global desde 2021 e segundo, Amália Sangueza, superintendente de ESG do banco, a iniciativa faz com que a instituição conecte as suas estratégias e operações de acordo com as melhores práticas em relação à responsabilidade socioambiental.

“No ano passado, o banco fez um treinamento com todos os líderes com o intuito de promover o ESG como cultura. E uma das coisas que tratamos é que o meio ambiente preservado é um direito humano”, disse a superintendente. Segundo ela, existe uma crença na sociedade de que a economia é algo prioritário, mas não se leva em consideração que o desenvolvimento econômico se fundamenta no meio ambiente. “E no ano passado, o meio ambiente foi considerado um direito humano pela ONU, mas em nossa Constituição tem artigo o 225 que trata disso. Todos nós temos o direito do meio ambiente equilibrado”, afirmou.

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