Títulos verdes representam 70% das captações desde 2015
Segundo levantamento da consultoria NINT, as empresas captam R$ 199,5 bilhões com emissão de títulos de 2015 a 2022, mas o mercado está parado em 2023
11/05/2023As emissões de créditos sustentáveis vêm crescendo anualmente desde 2015. Até o ano passado, os títulos verdes corresponderam a 70% das 287 operações de emissão de títulos realizadas pelas instituições financeiras. Os dados são da consultoria NINT.
Segundo o levantamento, no período foram movimentados recursos da ordem de R$ 199,28 bilhões com títulos verdes, isto é, que direcionam recursos captados para projetos que seguem padrões ambientais, sociais ou de governança (ESG). Em 2023, porém, este mercado está parado. A concessão de crédito de todos os tipos está mais escassa em razão da crise da rede Americanas em janeiro.
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Em março, a crise dos bancos nos Estados Unidos repercutiu no mundo e restringiu ainda mais a concessão de crédito. Segundo Viviane Lima Marinho, superintendente DSM para mercado de capitais do Banco Safra, este ano está sendo marcado pelas dificuldades da rede Americanas e da Light, que prejudicaram o mercado de capitais.
“De 2016 a 2018, a emissão de títulos verdes estava muito inserida no mercado financeiro e o banco participou de algumas operações”, disse Viviane. “Acreditamos que o mercado deverá melhorar este ano, mas não podemos precisar quando.”
A executiva ressaltou que o Safra fez a primeira emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) em 2016, para a Suzano. Esta operação levantou R$ 1 bilhão na época. “Não era um processo que estava tanto em evidência”, disse.
Viviane acrescenta que, além da operação com a Suzano, seguindo padrões ESG, o Safra foi coordenador líder de um CRA para a Dori, no valor de R$ 200 milhões, e uma emissão de debêntures para a Raízen, que arrecadou R$ 1,2 bilhão.
“São operações com metas bem definidas e com auditoria externa. Esse tipo de captação demanda um investimento maior da empresa, pois ela tem que contratar uma empresa para dar um parecer e ver se as metas se enquadram e seguem os indicadores internacionais. A empresa tem que estar preparada internamente para requerer este tipo de operação”, afirmou a executiva.
Segundo ela, muitas empresas buscam essa captação para melhorar a imagem junto à comunidade em que está inserida. “Elas olham este tipo de operação na visão de marketing, e acabam desistindo quando descobrem que terão um gasto a mais com pareceres externos e adequação da operação. Ainda está crescendo no Brasil”, ressaltou Viviane.
A executiva afirmou que este tipo de emissão é feita no Safra de forma exclusiva, pois não há atualmente um “produto de prateleira”. “ Essa operação é feita de acordo com as demandas e objetivos de cada empresa.”