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Com inflação menor e real valorizado, juro cai a 11% até dezembro, afirma presidente do J. Safra

Em entrevista ao programa 'Papo de Especialista', José Olympio Pereira analisa o mercado financeiro, o papel do Safra e sua paixão pelas artes

“Já começa a haver sinais de desaceleração da inflação, e a valorização do real também ajuda no processo”, comenta José Olympio | Foto: Reprodução

O presidente do Banco J. Safra, José Olympio Pereira, analisa o atual cenário da economia brasileira como desafiador, tendo em vista as taxas de juros. Em entrevista ao programa Papo de Especialista, no canal do Banco Safra no Youtube, ele comenta que os problemas de crédito no início do ano elevaram o custo total do crédito para as empresas. “O spread maior em uma economia que ainda está crescendo pouco é uma equação muito complicada para quem entrou nessa crise relativamente alavancado”, comenta. Spread é a diferença entre a taxa de empréstimo e a média ponderada das taxas de captação de CDBs (certificados de depósito bancário).

“Saímos de uma taxa de juros de 2% para 14% em dois anos, o que foi uma mudança muito rápida, e quem se preparou para crescer e se alavancou contando com uma taxa mais baixa foi pego desprevenido”, comenta, a propósito da estatística que aponta crescimento de 56,5% das falências de empresas brasileiras em janeiro.

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Apesar da situação, porém, ele acha exagero falar com ‘credit crunch’ (crise de crédito): “De fato tivemos maior restrição de crédito, e uma preocupação maior dos bancos com o cenário desafiador, mas não exageraria nessa definição de credit crunch, apesar da situação mais desafiadora. Não é uma catástrofe, mas ficou mais difícil, não há dúvidas”.

“O grande debate hoje na economia é sobre quando os juros vão baixar”, comenta José Olympio. “Já começa a haver sinais de desaceleração da inflação, o que é bom e condição necessária, e a recente valorização do real frente ao dólar também ajuda no processo de queda da inflação. Institucionalmente, temos a visão de que essa taxa deve cair até o final do ano, mas é difícil prever até onde vai. Achamos que ainda fica em dois dígitos, mas cai para algo mais perto de 11% até o fim do ano”.

José Olympio comenta mudanças no mercado financeiro

Ele comenta que as empresas passaram a usar mais o sistema bancário privado e oficial nos últimos anos. O mercado bancário e o mercado de capitais apresentaram alternativas para as empresas se financiarem. No período com taxas de juros muito baixas, muitas pessoas físicas passaram a aplicar via fundos de crédito. “Cresceu muito essa classe de ativos, um fenômeno que a gente chama de desintermediação bancária, com empresas diretamente emitindo títulos de dívida, que são comprados por fundos onde pessoas físicas investem. E uma explosão do mercado de capitais de dívidas e de ações”.

Depois de 2006 e 2007, período explosivo em termos de ofertas de ações, o mercado esteve aberto por boa parte da década seguinte. “Mas, mas em 2020 e 2021 vimos uma nova explosão de quase 100 IPOs (ofertas iniciais de ações) em dois anos, de empresas levantando dinheiro e fazendo com que o mercado de capitais também na parte de ações fosse uma alternativa importante de financiamento para empresas”.

Curiosamente, a maior explosão de oferta de ações ocorreu durante a pandemia. Os juros baixos na época ajudaram. Vejo o empresário brasileiro com enorme dinamismo, todos os dias conhecemos novos empresários que montaram empresas que cresceram bastante nos últimos dez ou 15 anos. Essa riqueza de empreendedores é que leva o País para a frente”.

Paixão pelas artes vem de família

No programa, o presidente do J. Safra falou também sobre o interesse da sua família pela cultura e pela arte. “É uma paixão que trago desde cedo, minha avó paterna era crítica de arte, meu avô era editor, então sempre tive uma vida muito ligada à cultura, uma coisa que sempre gostei. Passei a colecionar arte e isso se tornou uma paixão”. Ele conta estar envolvido com vários museus ao redor do mundo, com o objetivo de divulgar e promover a qualidade da produção artística brasileira. “Faço questão de sempre emprestar a coleção da nossa família para exposições, é um prazer dividir essa paixão com os outros”.

Sobre os investimentos da família na produção editorial, ele conta que o avô fundou a editora José Olympio, que tinha o mesmo nome dele e não pertence mais à família. Atualmente virou um selo da editora Record. A José Olympio foi responsável pela publicação de todo o modernismo brasileiro, de Jorge Amado a Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Guimarães Rosa, Gilberto Freire e todos os grandes autores modernos brasileiros. A família perdeu a editora nos anos 70 e o pai dele fundou a Sextante, que hoje é tocada pelos dois irmãos. “Eu, que tenho o nome da editora inicial, fui para o mercado financeiro, mas sem perder a paixão pelos livros”.

Sobre o Banco Safra

José Olympio comenta a posição do Banco Safra no mercado financeiro brasileiro. Segundo ele, o mercado ficou muito concentrado para as grandes empresas, e existe uma carência de bancos que podem suprir as empresas nas suas necessidades de crédito e assessorias em fusões, aquisições e acesso a mercado de capitais. “O Safra cumpre esse papel, com uma tradição de 180 anos de uma família mais do que centenária na área financeira, apoiando empresas para crescer e apoiando empresários”.

Segundo ele, o papel do banco é ser um agende capital de longo prazo, apoiando aqueles que precisam de dinheiro para investir, crescer e financiar suas atividades, e ajudando também quem tem dinheiro a investir da melhor forma possível, sejam investidores pequenos do varejo ou grandes investidores, dentro da atividade de private bank.

“O que também nos diferencia é o fato de termos empresas sob controle do mesmo acionista o Safra Sarasin, na Suíça, e o Safra National Bank, de Nova York, que também podem oferecer seus serviços para investimentos fora do brasil. Por isso o Safra hoje está numa posição única de poder atender os clientes aqui tanto com oportunidades de investimentos no Brasil como ao redor do mundo”.

Ele explica que o Safra tem uma atuação ampla na economia brasileira: “É um grande financiador do agronegócio, uma presença grande nas cooperativas, setor de enorme sucesso na economia brasileira, mas o banco está também nos setores industrial e de serviços, com uma base de clientes e uma estrutura com uma carteira bastante diversificada”.

“Nosso objetivo enquanto instituição é estabelecer relacionamentos de longo prazos com nossos clientes. Queremos ser o banco desses clientes, e o parceiro deles nessa jornada, oferecendo apoio em todas as suas necessidades, pois o banco tem uma amplitude de serviços muito grande, desde empréstimos a grandes empresas até o SafraPay, passando por conta corrente, serviços de banco de investimentos, fusões e aquisições, oferta de ações, acesso ao mercado de capitais. De fato somos um banco absolutamente equipado para prover os nosso clientes com todas as soluções que ele precisa no mercado financeiro. E queremos ter essa confiança deles, conhecê-los muito bem, esse é o nosso desafio. Estar próximos e entender as necessidades, propor soluções para os nossos clientes, e obter deles a confiança tão necessária nos relacionamentos de longo prazo. Nada mais valioso do que a confiança dos nossos clientes”.

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