FMI eleva previsão do PIB do Brasil para 3,7% em 2021
Fundo revê a projeção para a economia brasileira e melhora também a perspectiva global para 6%, com vacinação
06/04/2021O Fundo Monetário internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento do Brasil em 2021 de 3,6% para 3,7%, e manteve a estimativa de alta do produto interno bruto do País de 2,6% para 2022.
O Fundo divulgou hoje o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês) de abril. A previsão de alta do PIB global para este ano foi revista dos 5,5% estimados em janeiro para 6,0%.
Embora o FMI tenha destacado no documento que suas “suposições para a política monetária brasileira são consistentes com a convergência da inflação para o centro da meta até o final de 2021”, na prática suas previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superam tal objetivo para este ano e 2022. De acordo com as projeções do Fundo, o indicador atingirá 4,6% neste ano e 4,0% no seguinte.
O Fundo avalia que o déficit de transações correntes como proporção do PIB deverá alcançar 0,6% neste ano e subirá para 0,8% em 2022. O FMI prevê que a taxa de desemprego no País atingirá 14,5% em 2021 e baixará para 13,2% no próximo ano.
Em relação a projeções de longo prazo, para 2026 o FMI prevê que o Brasil crescerá 2,0%, o IPCA atingirá 3,3% e o País terá um déficit de transações correntes como proporção do PIB de 1,7%.
O Fundo Monetário Internacional destacou que as projeções fiscais para o País neste ano refletem “anúncios de políticas realizadas até 12 de março de 2021”, sendo que as previsões de médio prazo “refletem total cumprimento” do teto de gastos federais.
Com vacinas, economia global cresce 6%
O rápido avanço da vacinação contra o coronavírus em alguns países, sobretudo nos EUA, e as robustas respostas fiscais e monetárias para mitigar a recessão provocada pela covid-19 levaram o FMI a elevar a previsão de alta do PIB global para este ano dos 5,5% estimados em janeiro para 6,0% agora.
Os mesmos fatores também contribuíram para o avanço pouco menor, de 0,2 ponto porcentual, da previsão de alta do crescimento internacional para 2022, de 4,2% para 4,4%, destaca o relatório Perspectiva Econômica Mundial de abril.
O FMI, contudo, ressalta que a dinâmica do crescimento global é “incerta”, pois na corrida entre a vacinação e a multiplicação de variantes do coronavírus pelo mundo ainda não há um cenário claro sobre quais serão os seus desdobramentos no curto prazo.
O fundo reconhece que existe um processo de imunização em termos internacionais que não é equitativo, já que países avançados têm mais acesso às vacinas, enquanto nações emergentes e de baixa renda enfrentam grandes dificuldades para ter ampla disposição dos imunizantes.
Cooperação internacional é vital
Segundo o FMI, a “forte cooperação internacional é vital” para que no front da saúde pública, “ocorra produção adequada de vacinas e distribuição universal com preços acessíveis, inclusive com funding suficiente para a iniciativa Covax, assim todos os países poderão rapidamente e decididamente derrotar a pandemia”.
A entidade também defende que a comunidade internacional precisa trabalhar em conjunto para assegurar que nações com restrições financeiras tenham acesso à liquidez global, assim poderão fazer frente às despesas necessárias para recuperar suas economias, sobretudo nas áreas de saúde e infraestrutura. Neste contexto, o FMI defende que o funding de instituições multilaterais seja ampliado.
O fundo está trabalhando com o governo dos EUA para disponibilizar mais recursos aos países muito atingidos pela pandemia, através do maior acesso a reservas de sua moeda, os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês).
O órgão estima que o comércio mundial em volume de mercadorias e serviços deverá aumentar 8,4% neste ano, acima da projeção de 8,1% divulgada há três meses. Em relação a 2022, o indicador deve registrar uma alta de 6,5%, superior aos 6,3% previstos anteriormente.
EUA crescem acima da média
Boa parte da melhora das estimativas do FMI para o crescimento mundial em 2021 foi motivada pelas perspectivas bem mais favoráveis para o PIB dos EUA neste ano, que será o principal motor do nível de atividade global.
O fundo elevou a previsão para a economia americana de 5,1% para 6,4%, projeção próxima da alta de 6,5% realizada pelo Federal Reserve.
A rápida velocidade da vacinação empreendida pelo governo do presidente Joe Biden e a adoção do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão geraram uma aceleração da recuperação do país, o que inclusive terá efeitos positivos para 2022. O FMI elevou também a projeção de alta do PIB americano para o próximo ano em um ponto porcentual, de 2,5% para 3,5%.
Outro elemento que ajudou na melhora da previsão do FMI para o PIB global neste ano, embora de forma mais modesta, é o forte crescimento da China, que deverá ter expansão de 8,4% neste ano, acima dos 8,1% estimados em janeiro. Para 2022, o fundo manteve a projeção de alta de 5,6%.
Em relação à zona do euro, o FMI estima que o crescimento da região será de 4,4% neste ano, um pouco melhor do que a previsão anterior de 4,2%, embora aponte que o nível de retomada foi prejudicado pela necessidade de adoção de medidas restritivas da economia de diversos países para coibir a disseminação do coronavírus.
A projeção para 2022 é de um crescimento de 3,8%, pouco superior aos 3,6% previstos em janeiro. Para o Japão, o fundo estima uma expansão de 3,3%, acima dos 3,1% projetados anteriormente, enquanto elevou a previsão de 2,4% para 2,5% de alta do PIB japonês em 2022.
Cenários alternativos
Desde que surgiu a pandemia, o FMI divulga dois cenários alternativos sobre a tendência da economia global em relação às projeções do cenário-base.
Nesta edição do relatório Perspectiva Econômica Mundial, o cenário mais favorável, que considera vacinação 10% mais veloz pelo globo e que consegue ser eficiente para conter as variantes da covid-19, o PIB mundial poderá crescer pouco menos de 6,5% em 2021, quase 0,5 ponto porcentual acima da previsão original de 6,0%. Para 2022, o PIB global poderia avançar perto de 1 ponto porcentual além da estimativa atual de 4,4%.
Por outro lado, no cenário mais desafiador, com atrasos de produção e distribuição de vacinas que levariam a postergar a imunidade coletiva em seis meses nas economias avançadas e em nove meses nos países em desenvolvimento, o crescimento mundial poderia ficar próximo a 4,5% em 2021 e poderia desacelerar mais de um ponto porcentual em 2022, pois avançaria 3,4%, e não os 4,4% previstos atualmente. (AE)