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Fracassa o leilão de petróleo de área próxima a Fernando de Noronha

Apenas 5 de 92 áreas oferecidas pela ANP para a exploração do petróleo e gás receberam ofertas, após questionamentos sobre oferta de Fernando de Noronha e Atol das Rocas

Praia de Fernando de Noronha

Questionamentos judiciais sobre oferta de áreas consideradas paraísos ecológicos e de turismo atrapalharam os planos da ANP |

Fracassou a tentativa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de vender para a exploração do petróleo a concessão de áreas próximas a Fernando de Noronha e ao Atol das Rocas.

A 17ª Rodada de Licitações de áreas exploratórias de petróleo e gás foi realizada na manhã desta quinta-feira, 7, mas em meio a questionamentos judiciais pela oferta de áreas consideradas paraísos ecológicos e de turismo o leilão terminou com poucas ofertas.

Apenas 5 dos 92 blocos oferecidos foram arrematados, com arrecadação total de R$ 37,14 milhões, bem inferior aos R$ 136,34 milhões em investimentos que eram esperados. A Petrobras não fez nenhuma proposta.

Leilão inclui áreas próximas a Fernando de Noronha e Atol das Rocas

Das quatro Bacias com áreas ofertadas, três não tiveram ofertas: Pelotas e Potiguar, diretamente ligadas à polêmica ambiental que envolve o processo, além de Campos.

Das oito companhias habilitadas para o leilão, apenas Shell e Ecopetrol apresentaram propostas para blocos na Bacia de Santos.

O certame desta quinta-feira marca a retomada dos leilões de petróleo no país. O último foi o chamado megaleilão, em 2019, que também teve um resultado abaixo do esperado pelo governo.

Nove empresas se inscreveram

Esse seria o primeiro grande leilão de concessão de petróleo durante a pandemia, já que o do ano passado foi cancelado. O último aconteceu em 2019. Por causa da covid-19, o evento ocorrerá de forma híbrida. Apenas uma parte será presencial, no Rio de Janeiro.

No leilão foram oferecidos os setores SC-AP1, SC-AP3 e SC-AUP2, na Bacia de Campos; SP-AR1, SP-AP1 E SP-AUP1, na Bacia de Pelotas; SPOT-AP2 e SPOT-AUP2, na Bacia Potiguar; e SS-AP4, SS-AUP4 e SS-AUP5, em Santos.

Nove empresas se inscreveram para participar da licitação: Petrobras, Chevron, Shell, Total, Ecopetrol, Murphy, Karoon, Wintershall e 3R Petroleum.

Shell arremata quatro de cinco blocos da Bacia de Santos

A Shell foi a vencedora da 17ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Sozinha, a empresa levou quatro dos cinco blocos arrematados na Bacia de Santos. O outro ela comprou em parceria com a Ecopetrol, na condição de operadora, num consórcio no qual tem 70% de participação. A Petrobras, em contrapartida, não apareceu para fazer oferta.

Apenas a Bacia de Santos, onde está a maior parte do pré-sal brasileiro, atraiu os investidores. Nem mesmo a Bacia de Campos, que já foi o principal centro nacional de produção de petróleo, recebeu oferta de petrolíferas.

“O leilão foi um sucesso. Essa rodada teve foco em novas fronteiras. As empresas definiram investimentos no ano anterior, quando a crise estava mais acentuada. Por isso, não havia expectativa de que todos os blocos seriam arrematados”, afirmou o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia.

Alvo de contestações judiciais, os blocos das bacias Potiguar e de Pelotas também não atraíram investidores. Essas áreas são consideradas de alta sensibilidade ambiental e, para que empresas petrolíferas comecem a desenvolvê-las precisariam do aval do Ibama.

Investidores temem repetir o que aconteceu na Foz do Amazonas. A Total e a BP desistiram dos projetos na região porque, mesmo tendo pago bônus de assinatura à União, não conseguiram explorar as áreas por falta de licenciamento ambiental.

Ao todo, o governo arrecadou R$ 37,14 milhões, valor pago quase que exclusivamente pela Shell. Sem concorrentes, a petrolífera anglo-holandesa não ofereceu ágio pelas áreas. Os lances foram os mínimos previstos em edital. Segundo a ANP, o investimento nessas áreas é projetado em R$ 136,345 milhões.

Os blocos que não foram arrematados vão entrar automaticamente na rodada de oferta permanente, no qual as empresas apontam as áreas dos seus interesses. A expectativa é de que, no futuro, num cenário econômico melhor, essas áreas atraiam investidores. (Com AE)

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