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Fazenda vai insistir na reoneração da folha, afirma Haddad

Em resposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ministro Fernando Haddad diz que governo vai insistir na reoneração de 17 setores intensivos de mão de obra

reoneração da folha

Haddad afirmou que se reunirá com os líderes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na última semana deste mês | Foto: Getty Images

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a Fazenda vai insistir na reoneração dos 17 setores intensivos de mão de obra e evitou comentar a declaração do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que afirmou mais cedo que o governo federal se comprometeu a revogar a medida provisória (MP) que trata da desoneração da folha de pagamento e editá-la para retirar esse tema.

Pacheco, disse Haddad, entende que os temas precisam ser tratados separadamente, em relação às propostas da MP, mas não confirmou que o governo vai desistir da medida ou reapresentar no formato de projeto de lei.

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Haddad afirmou que tentou contato com Pacheco após a declaração desta sexta-feira, mas não conseguiu. Na Suíça, o presidente do Senado afirmou que “a desoneração da folha de pagamento, tendo sido uma decisão do Congresso Nacional, a decisão valerá, e há um compromisso do governo federal em reeditar essa medida provisória”. Ele contou ainda que o governo pode reapresentar o pedido em forma de projeto de lei.

“Eu não vi o que ele [Pacheco] falou, não consegui falar com ele. Não posso comentar uma coisa sem falar com ele”, respondeu o ministro aos jornalistas.

Segundo o ministro da Fazenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu para tratar do tema diretamente com Pacheco. Além disso, Haddad afirmou que se reunirá com os líderes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na última semana deste mês. Ontem, o ministro da Fazenda se reuniu com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. “Levei os valores envolvidos e a ideia do governo”, comentou o ministro.

“A reforma tributária, que não tratou da renda do trabalho e do capital, adotou um procedimento que deveria ser adotado em casos semelhantes, que todo e qualquer benefício, sobretudo os que não tiveram nenhum ganho social, como é o caso desse que diluiu no tempo o fim dos benefícios para as pessoas se adaptarem à nova regra”, falou o ministro.

A desoneração da folha, disse, levou a R$ 150 bilhões de renúncia desde que foi implementada “sem render um emprego e ou aumento de salário”.

Como já houve decisão do Congresso a respeito da ampliação da desoneração dos 17 setores e também dos municípios, Haddad afirmou que isso seria tratado em outro texto. Já a medida que limita as compensações tributárias e as mudanças no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) terão tramitação em outro texto.

“Isso é em relação à forma. No mérito, insistimos que o melhor princípio é o da reoneração gradual, como foi feito em todos os outros benefícios nos impostos sobre o consumo. Se valeu para todo mundo, todos os regimes especiais do país, não seria um bom princípio para o imposto previdenciário, que sustenta a previdência?”, questionou o ministro.

Congresso reage à proposta de reoneração da folha de pagamentos

Parlamentares têm demonstrado resistência à proposta de reoneração gradual de Haddad e afirmam que a desoneração da folha tem efeito positivo sobre o mercado de trabalho. Estudo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que, de 2018 a 2022, os setores que permaneceram com a folha desonerada tiveram crescimento de empregos da ordem de 15,5%, enquanto os que foram reonerados cresceram apenas 6,8% no período.

Esses 17 setores empregam hoje, com carteira assinada, mais de 9 milhões de trabalhadores. A política de desoneração da folha diminui esse custo, sendo um mecanismo para esses setores empregarem mais e, ponto importante, de maneira formal.

Essa política gera mais arrecadação para a Previdência Social, mais Imposto de Renda, mais recolhimento para o FGTS e menos custos sociais como auxílio-desemprego, por exemplo. Em 2022, estima-se que a arrecadação adicional gerada por essa política foi da ordem de R$ 22 bilhões. (Valor Econômico)

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