Restrição a mineradoras em Honduras pode afetar Aura Minerals

A Aura Minerals, empresa de produção de ouro e cobre focada no desenvolvimento e operação de projeto de tamanho intermediário nas Américas, publicou um fato relevante sobre um comunicado do governo de Honduras que pode ter impacto significativo sobre a operação da empresa naquele país.

De acordo com o documento, a companhia informa que tomou conhecimento de um comunicado emitido pelo Ministério de Energia, Recursos Naturais, Meio Ambiente e minas e Honduras sobre o setor de mineração do país.

O comunicado do governo hondurenho trata do cancelamento de licenças de exploração extrativistas e declara o território do país livre de mineração a céu aberto.

O governo de Honduras também propõe a revisão, suspensão e cancelamento de licenças ambientais, permissões e concessões mediante a aprovação de moratória para exploração e extração metálica e não metálica. E decide que áreas de alto valor ecológico serão ocupadas pelo governo.

Aura Minerals não espera impacto imediato mas deve ser afetada

A Aura Minerals não espera impacto imediato na produção, porém, se levadas adiante as medidas parecem ser bastante restritivas e podem levar à paralisação das atividades e suspensão das licenças.

A mina da empresa em San Andrés responde por cerca de 35% da produção e receita da Aura e representa aproximadamente R$ 29,0/BDR (ou 39,5% do preço-alvo de R$ 73,3/BDR) fixado pelo Banco Safra. O Safra acredita que suas ações devem reagir negativamente ao fato relevante publicado.

A empresa fez uma teleconferência nesta quarta-feira e deu um panorama do novo governo hondurenho, que ultimamente vem anunciando intenções que, quando têm repercussão negativa, acabam sendo abandonadas. Esse comunicado ainda não implica em nenhuma ação prática; o governo ainda está se estruturando e alguns ministérios estão querendo marcar posição. A impressão é que parece ser difícil aprovar medidas mais radicais, mas não se pode descartar um possível aumento de tributação mais à frente.

Como fatores mitigantes, a repercussão foi bastante negativa entre a população (o que costuma ter peso em governos de orientação populista) e uma mudança nas permissões precisaria ser aprovada no congresso, onde a oposição ao novo governo tem maioria. Além disso, os últimos bonds emitidos por Honduras têm covenants sobre não haver quebra de regras, segundo a empresa.

O evento ressalta o risco de operar em países com democracias menos consolidadas, porém não parece implicar em nenhuma mudança no curto prazo. Dada a representatividade da operação de Honduras para a Aura, devemos observar alguma volatilidade no preço da ação até que fique mais claro qual o curso de ação que será efetivamente adotado no país.