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Bolsa cai 1,60%, aos 114 mil pontos, com tensão entre Israel e o Hamas

O dólar à vista encerrou a sessão em alta de 0,38%, cotado a R$ 5,05, em dia de agravamento do conflito entre Israel e o Hamas

Ibovespa despenca

Alta global observada nos juros de mercado reflete a piora na percepção fiscal em meio a preocupações com guerra no Oriente Médio | Foto: Getty Images

O Ibovespa registrou nesta quarta-feira, 18, seu menor nível de fechamento desde 5 de outubro, encerrando a sessão em baixa de 1,60%, aos 114.059,64 pontos. Foi a maior queda do índice desde 21 de setembro, quando cedeu 2,15%.

O avanço da ação da Petrobras (ON +2,34%, PN +2,26%), com o petróleo tipo Brent acima de US$ 91 por barril, foi contraponto insuficiente para a queda de 3,67% da ação da Vale (ON) e de até 2,09% (Itaú PN) entre os grandes bancos.

O Ibovespa oscilou entre mínima de 113.952,11, no fim da tarde, e máxima de 115.907,04 pontos, correspondente ao nível de abertura. Com o Ibovespa no negativo ao longo de toda a sessão, e acentuando perda do meio para o fim do dia, o giro financeiro desta quarta-feira, a R$ 49,2 bilhões, foi fortalecido pelo vencimento de opções sobre o índice. Na semana, o Ibovespa passou nesta quarta para o negativo (-1,46%), ampliando a 2,15% a perda acumulada no mês. No ano, ainda avança 3,94%.

O cenário de juros longos em torno de 5% nos Estados Unidos drena fluxo antes destinado em parte a emergentes, onde a renda fixa vinha se mostrando muito atrativa também em países como o Brasil, com a Selic em dois dígitos, mesmo quando se considera pontos de entrada favoráveis, em termos de fundamento das empresas e de análise do Ibovespa, tendo em vista os preços disponíveis. Ou seja, está bem difícil oferecer Bolsa aos investidores como alternativa aos juros, em cenário macro ainda pautado por elevado nível de incerteza e de aversão a risco, apesar dos descontos que vão se acumulando em certos papéis.

Nesta quarta-feira, em evento promovido pelo Credit Suisse, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apontou que a alta global observada nos juros de mercado tem um componente que reflete a piora na percepção fiscal – ou seja, os investidores estão exigindo taxas maiores para financiar os governos, ante o ritmo dos gastos públicos. Campos Neto observou também que o Credit Default Swap (CDS) dos Estados Unidos, usado como métrica de risco-país, tem mostrado piora relevante que, segundo ele, parece estar relacionada ao risco fiscal.

Nesse contexto, a única notícia positiva para o mercado financeiro, nesta quarta, foi o PIB da China no terceiro trimestre, acima do esperado, com a injeção de dinheiro na economia para tentar alcançar a meta de crescimento do ano, de 5%. Por outro lado, quando se vê as leituras combinadas dos dados do varejo e do setor de construção nos Estados Unidos, ressurge a preocupação sobre a inflação americana, que colocou nesta quarta os juros de 10 anos a 4,90% no país, em nível muito alto.

Destaques do dia no Ibovespa

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta quarta-feira, além de Petrobras, destaque também para Magazine Luiza (+2,37%), JBS (+1,05%) e BB Seguridade (+0,89%) – na sessão, 14 dos 86 papéis da carteira do índice conseguiram evitar perdas. No lado oposto, MRV (-10,08%), Gol (-7,18%) e Assai (-6,48%).

Dólar em alta cotado a R$ 5,05 com agravamento do conflito entre Israel e o Hamas

O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 18, em alta no mercado doméstico de câmbio, em dia marcado por valorização da moeda americana no exterior e avanço firme das taxas dos Treasuries mais longos. Com mínima a R$ 5,0302 e máxima a R$ 5,0759, a divisa fechou cotada a R$ 5,0545, valorização de 0,38%.

Na semana, a moeda ainda acumula baixa de 0,67%, graças ao tombo de 1,01% na segunda-feira, 16. O real, que costuma apanhar mais em períodos de aversão ao risco, nesta quarta apresentou o melhor desempenho entre pares latino-americanos. Pesos colombiano e mexicano amargaram perdas superiores a 1%.

Segundo operadores, mais uma vez a formação da taxa de câmbio foi ditada pelo quadro externo, com as questões fiscais domésticas sendo apenas monitoradas. Aos temores relacionados aos desdobramentos geopolítico da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas se somam preocupações com a situação fiscal dos EUA, em meio ao ressurgimento do fantasma de paralisação da máquina pública (shutdown).

Há risco de aumento de gastos com ajuda militar americana a Israel e, em um pior cenário, envolvimento direto dos EUA no conflito. O governo do Irã pediu aos países muçulmanos que lancem um embargo petrolífero a Israel em retaliação à explosão de um hospital na Faixa de Gaza. As cotações do petróleo voltaram a subir, com o contrato do tipo Brent para dezembro acima de US$ 91 o barril.

A força do dólar no exterior também deriva da perspectiva de que, após uma esperada pausa no aperto monetário em novembro, o Federal Reserve possa promover uma alta adicional dos juros em dezembro. Mesmo com integrantes do BC americano argumentando que a alta das taxas dos Treasuries representa aperto das condições financeiras e pode fazer o “trabalho sujo da política monetária”, é mantido o discurso de juros elevados por período prolongado. Divulgado à tarde, o livro Bege – sumário das condições econômicas elaborado pelo Fed – mostrou pouca ou nenhuma mudança no quadro da atividade. (AE)

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