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Ibovespa segue o exterior e cai com indicação de aperto monetário nos EUA

Índice recuou 0,55%, a 118.227 pontos com a tendência de medidas mais rígidas nos EUA para controlar inflação

mercado financeiro

Depois de acumular ganhos de mais de 6% em março, Bolsa brasileira entra em trajetória de queda | Foto: Getty Images

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, seguiu o exterior e operou em queda durante toda a sessão. O índice fechou em baixa de 0,55%, para 118.227 pontos. No entanto, chegou a cair mais fortemente pela após a divulgação do Fed (Federal Reserve) e chegou a mínima de 116.790 pontos.

Nem mesmo o bom desempenho dos papeis da Vale, que subiram 1,51%, foi suficiente para conter a queda do Ibovespa. As ações da mineradora foram puxadas pela alta do minério de ferro nesta quarta-feira.

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Os contratos futuros de minério de ferro de referência na China saltaram 4% na quarta-feira, atingindo seu nível mais alto em mais de oito meses, à medida que as negociações são retomadas após os feriados na China.

Os futuros de minério de ferro mais ativos na bolsa de commodities de Dalian, para entrega em setembro, chegaram a subir 4,1%, para 945 yuans (US$ 148,49) por tonelada, com a demanda dos produtores de aço se recuperando das interrupções da pandemia. Os contratos terminaram a sessão em alta de 2,2%, a 927 yuans por tonelada.

Para Rafael Foscarini, da Belo Investment Reserach, a divulgação da ata da reunião do Fed (Federal Reserve) indicou uma postura mais contracionista na condução da economia americana. “Isso indica que a inflação está pressionando mais do que se imaginava.”

Muitos dirigentes do Fed observaram que um ou mais aumentos de 50 pontos-base nos juros dos Estados Unidos podem ser apropriados em reuniões futuras, principalmente se as pressões inflacionárias permanecerem elevadas ou intensificadas.

“Os dirigentes julgaram que seria apropriado mudar rapidamente a postura da política monetária para uma postura neutra”, diz o documento. “Observaram também que, dependendo da evolução econômica e financeira, pode se justificar uma mudança para uma orientação política mais restritiva.”

Além da alta de juros mais rápida, a ata indicou que o processo de redução do balanço patrimonial após a próxima reunião de política monetária, em maio, deve ser iniciado.

Segundo o documento, os limites mensais de cerca de US$ 60 bilhões para títulos do Tesouro e cerca de US$ 35 bilhões para os MBS provavelmente seriam os mais apropriados.

“Os dirigentes também concordaram em geral que os limites poderiam ser implementados em um período de três meses ou um pouco mais, se as condições de mercado assim o justificarem”, diz o texto.

No documento, consta que as autoridades do Fed concordaram em diminuir seu balanço patrimonial em US$ 95 bilhões, além da redução em US$ 60 bilhões em títulos do Tesouro por mês e US$ 35 bilhões em títulos lastreados em hipotecas.

“Apesar de nenhuma decisão final ter sido tomada, os membros concordaram em começar a redução do balanço entre os dias 3 e 4 de maio e anunciaram que a inflação e a alta dos preços de energia irão pressionar o mercado por mais alguns meses”, disse Rob Correa, analista de investimentos CNPI.

Para Silvio Campos, economista da Tendência Consultoria, a ata reforçou a expectativa do mercado de um ajuste monetário mais agressivo, com ao menos uma alta de 50 bps nos juros e redução rápida do balanço.

“Os mercados estão reagindo negativamente, embora com volatilidade”, disse. “Houve um susto inicial maior, que foi em parte revertido.”

Segundo Campos, esse ritmo de alta de 50 bps por reunião não é normal para o Fed. “Em 2019, os juros americanos estavam entre 2,25% e 2,50%. O que não tem sido normal é o ritmo de 50 bps em uma reunião, a última vez foi em maio de 2000”, afirmou.

Com o sinal mais contracionista do Fed, puxou os papeis do Banco Inter (BIDI11), com uma queda de 8,50% e CVC (CVCB3), com menos 8,62%. O declínio das ações do Banco Inter pelo segundo dia consecutivo deriva do movimento de retração das cotações do mercado tech em Wall Street sob o temor de uma próxima ata do FED agressiva, segundo Correa.

Já a decaída da CVC se deve à expectativa do mercado quanto à divulgação do IPCA na próxima sexta-feira, dado que como o negócio da empresa de viagem é dependente de crédito, a precificação de uma inflação acima do esperado pressiona as ações para um patamar de queda.

As bolsas americanas fecharam em queda nesta sessão. Dow Jones caía 0,42%, S&P 500 outros 0,97% e Nasdaq recuava 2,22%.

Enquanto as bolsas pelo mundo caíram nesta quarta-feira em razão da tendência de alta de juros nos Estados Unidos, o dólar entrou em trajetória de alta. A moeda americana fechou em evolução de 1,19%, sendo cotado a R$ 4,71.

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