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Inflação da saúde desacelera e favorece grandes empresas

Ações preferidas pelo Banco Safra no setor de saúde no atual momento são as da Rede D'Or, Hapvida e Fleury

Inflação da saúde

Depois de atingir um pico de quase 28%, a inflação médica desacelerou para 23% no dado mais recente disponível | Foto: Getty Images

O setor de saúde começa a voltar ao índice de perdas médicas (MLR) do pré-pandemia, especialmente no curto prazo, à luz das muitas pressões de custo que estão ocorrendo. No entanto, grandes empresas do setor estão em melhor situação, devido à sua escala muito maior e ao potencial de consolidação futura em um setor ainda fragmentado. A análise é do Banco Safra, que aposta principalmente nas ações da Rede D’Or (RDOR3), Hapvida (HAPV3) e Fleury (FLRY3).

Inflação médica vem desacelerando gradualmente. Depois de atingir um pico de quase 28% em meados de 2021, a inflação médica medida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (ISS) está gradualmente esfriando e desacelerou para 23% em março de 2022 (último ponto de dados disponível), segundo o Safra.

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Historicamente, essa inflação tem ficado em torno de 3,0x o IPC no Brasil, enquanto nos países desenvolvidos chega a 1,5-2,5x do IPC local. Antes da pandemia, o índice girava em torno de 14% e aparentemente tendendo para 10%, nível que não se espera atingir no curto prazo. No médio a longo prazo, esse nível pode ser possível, embora seja improvável que fique abaixo de 1,5-2x do CPI.

Inflação da saúde tende a diminuir com fim das distorções da pandemia

A MLR provavelmente permanecerá acima do nível pré-pandêmico para o setor como um todo, segundo análise do banco. Com as tendências acima mencionadas na inflação médica e após o desaparecimento total das distorções trazidas pela pandemia, o MLR deve se estabilizar ligeiramente acima do nível histórico de c.75% (talvez ~ 80%).

Em termos de frequência, as internações já estabilizaram em grande parte, mas as consultas e exames (incluindo mais exames por consulta) ainda estão acima dos níveis históricos. A razão para isso pode estar relacionada a alguma demanda reprimida ainda pela pandemia e uma maior preocupação com a saúde.

A telemedicina poderia ser uma razão para explicar frequências acima da histórica, pois facilita o acesso e aumenta a produtividade, embora o superintendente executivo do IESS, José Cechin, diga não ter evidências que corroborem essa tese.

O fim da lista de procedimentos obrigatórios da ANS também é visto como um gatilho para maior PML, pois aumenta a utilização. Para o Safra, essa tendência pode ser preocupante para as operadoras de saúde, embora os players verticalmente integrados pareçam estar melhor posicionados, pois têm maior controle sobre a utilização e os custos.

Alguns dos principais tópicos que podem orientar as discussões em saúde daqui para frente podem estar relacionados ao bem-estar e aos efeitos do estilo de vida na saúde das pessoas. Fatores como nutrição, exercício, controle do estresse, sono adequado, entre outros, têm impacto relevante na saúde do indivíduo e podem ser uma forma eficaz de prevenir e controlar doenças crônicas.

Ainda há muito espaço para consolidação

O número de participantes de planos de saúde atingiu 50,49 milhões de participantes (1,6 milhões a mais em relação ao ano anterior, o equivalente a uma expansão de 3%) em dezembro de 2022, de acordo com a ANS, chegando perto do recorde histórico de 2014 (50,51 milhões).

No entanto, o segmento de saúde ainda é muito fragmentado e tem muito espaço para uma consolidação contínua nos próximos anos. O número de operadoras de saúde vem caindo a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 2% desde 2017, de acordo com dados da ANS, principalmente porque os pequenos players têm poucas chances de serem competitivos.

Entre os pequenos players, ainda existem operadoras com apenas 10 mil membros em média. Vale ressaltar que alguns dos novos medicamentos que as operadoras de saúde são obrigadas a cobrir de acordo com resoluções recentes (por exemplo, Zolgensma) podem custar R$ 10 milhões, um único evento que poderia facilmente levar pequenas empresas à insolvência se um de seus membros exigir tal tratamento, embora a probabilidade disso acontecer seja bem pequena.

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