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Preços de alimentos desaceleram e inflação recua para 0,95%

Queda de preços de alimentos segura a inflação em novembro, mas a alta acumulada do IPCA em 12 meses está em 10,74%, a maior taxa desde 2003

alimentos

Houve quedas mais intensas no leite longa vida (-4,83%), no arroz (-3,58%) e nas carnes (-1,38%), reduzindo a pressão sobre a alimentação no domicílio (0,04%) | Foto: Getty Images

A inflação brasileira desacelerou para 0,95% em novembro, após registrar alta de 1,25% em outubro, mas foi a maior para o mês desde 2015 (1,01%). O recuo de itens de em alimentação e bebidas (-0,04%) ajudou a segurar o índice.

Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos.

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Houve quedas mais intensas no leite longa vida (-4,83%), no arroz (-3,58%) e nas carnes (-1,38%), reduzindo a pressão sobre a alimentação no domicílio (0,04%).

Houve altas expressivas nos preços da cebola (16,34%), que havia caído em outubro (-1,31%), e do café moído (6,87%). Outros subitens, como o açúcar refinado (3,23%), o frango em pedaços (2,24%) e o queijo (1,39%) seguem em alta.

A queda de 0,25% na alimentação fora do domicílio, influenciada pelo lanche (-3,37%), está entre os itens que recuaram de preços. O preço da refeição fora de casa teve alta de 1,1%, acelerando em relação ao mês anterior (0,74%).

Também influenciou a desaceleração do índice o grupo saúde e cuidados pessoais (-0,57%), consequência da queda nos preços dos itens de higiene pessoal (-3%), sobretudo, dos perfumes (-10,66%), os artigos de maquiagem (-3,94%) e os produtos para pele (-3,72%).

Além disso, a variação dos planos de saúde (-0,06%) segue negativa, refletindo a redução de 8,19% determinada em julho pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos de saúde individuais. No lado das altas, os preços dos produtos farmacêuticos subiram 1,13%.

“A Black Friday ajuda a explicar a queda tanto no lanche quanto nos itens de higiene pessoal. Nós observamos várias promoções de lanches, principalmente nas redes de fast food no período. E no caso dos itens de higiene pessoal, várias marcas nacionais deram descontos nos preços dos produtos em novembro. No Brasil, diferente de outros países, os descontos não são centrados em um único dia. Os descontos acabam sendo dados ao longo do mês”, diz Pedro Kislanov.

Apesar da desaceleração, o indicador acumula alta de 9,26% e, nos últimos 12 meses, de 10,74%, acima dos 10,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O acumulado em 12 meses, inclusive, foi o maior desde novembro de 2003 (11,02%). Em novembro de 2020, a variação mensal foi de 0,89%.

Alta em novembro foi pressionada pelos transportes com alta dos combustíveis

A alta na inflação de novembro foi puxada pelos transportes (3,35%), influenciados pelos preços dos combustíveis, principalmente, da gasolina (7,38%), que teve, mais uma vez, o maior impacto individual no índice do mês (0,46 pontos percentuais).

Houve altas também nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás veicular (4,30%). Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, alta de 50,78%, o etanol de 69,40% e o diesel, 49,56%.

Destaca-se ainda a alta de 2,12% no gás de botijão, que já subiu 38,88% nos últimos 12 meses.

Os preços dos automóveis novos (2,36%) e usados (2,38%) também pesaram na inflação do mês. Já as passagens aéreas recuaram 6,12% em novembro, após as altas de 28,19% em setembro e 33,86% em outubro.

Em habitação (1,03%), segundo maior impacto (0,17 p.p.) no índice geral, o resultado ficou próximo ao do mês anterior (1,04%), pressionado, novamente, pela energia elétrica (1,24%).

“Além da bandeira tarifária da Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, em vigor desde setembro, houve reajustes nas tarifas em Goiânia, Brasília e São Paulo. Em Belém e Porto Alegre o recuo decorreu da redução da alíquota de PIS/Cofins”, explica o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

Inflação de novembro recua somente em Belém

À exceção da região metropolitana de Belém (-0,03%), todas as áreas pesquisadas tiveram alta em novembro.

A variação negativa em Belém decorre principalmente dos itens higiene pessoal (-6,51%) e energia elétrica (-1,92%).

A maior alta ficou com o município de Campo Grande (1,47%), onde pesaram a gasolina (8,89%) e os automóveis novos (4,46%).

INPC tem alta de 0,84% em novembro

Abrangendo as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) caiu para 0,84% em novembro, 0,32 p.p. abaixo do resultado de outubro (1,16%).

No ano, o indicador acumula alta de 9,36% e, em 12 meses, de 10,96%, abaixo dos 11,08% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2020, a taxa foi de 0,95%.

Após a alta de 1,10% registrada em outubro, os produtos alimentícios tiveram variação negativa (-0,03%) em novembro.

Já os não alimentícios seguiram em alta (1,11%), embora o resultado tenha ficado abaixo do observado no mês anterior (1,18%).

Todas as áreas registraram variações positivas em novembro. O menor índice foi o da região metropolitana de Belém (0,11%), por conta dos recuos em higiene pessoal (-5,89%) e energia elétrica (-1,91%).

Já a maior variação foi na região metropolitana de Salvador (1,31%), impactada principalmente pela alta de 10,80% nos preços da gasolina.

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