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Jardim Botânico do Rio abre roteiro de visita noturna

Visitantes podem observar flores e animais que só aparecem a noite no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado em 1808 por D. João

Botânico noturno

Perereca-araponga sobre Ninféia vista no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que inicia programa de visitas noturnas guiadas para observação da fauna e flora | Foto: Agência Brasil

O Jardim Botânico voltou a organizar passeios noturnos de observação, em grupos de até 20 pessoas, três vezes por mês. Até 2019, antes da pandemia, esses passeio eram esporádicos, mas agora fazem parte das opções para os visitantes, que podem escolher passeios a pé ou de carrinho elétrico.

A visita começa às 19h e tem a duração de 1h30. Estão no roteiro alguns pontos relevantes como o Cactário, a Gruta Karl Glasl, o Lago Frei Leandro, o Bromeliário, o Chafariz da Musas, o sítio arqueológico Casa de Pilões, entre outros.

A trilha é iluminada pelos guias apenas com lanternas. A proposta é que os visitantes tenham a experiência de estar à noite em um trecho de mata, sentindo cheiros de flores e ouvindo barulhos de animais que só aparecem quando o Sol se põe.

No primeiro passeio, os visitantes puderam obeservar uma das maiores espécies de anfíbios do parque, uma rã martelo ou Boana faber. O grupo também observou diversos morcegos que se alimentavam em um jambeiro, e uma flor branca que só aparece à noite, em um cacto mandacaru ou Cereus fernambucensis.

Segundo a presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Ana Lúcia Santoro, a intenção das visitas guiadas é fazer com que as pessoas conheçam e, assim, passem a defender a preservação da natureza.

Visita noturna ao Jardim Botânico tem iluminação especial e muitas surpresas

Ninféias do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que agora tem visitas noturnas guiadas para observar fauna e flora | Foto: Agência Brasil

A visita noturna é, de acordo com Ana, ainda mais especial. “A visitação noturna é uma experiência única, de ter o gostinho de estar dentro de uma floresta tropical no coração da Zona Sul do Rio de Janeiro, com a segurança e comodidade do Jardim Botânico mas, ainda assim, dando essa perspectiva noturna de um ecossistema como esse, com sons diferentes, fauna diferente, flora diferente, coisas que você não consegue ver à luz do Sol e nem dentro da visitação regular”, diz.

Fundado em 1808 por D. João, então príncipe regente de Portugal, o Jardim Botânico tem uma área de 54 hectares. Abriga uma área de mata preservada, contígua à Floresta da Tijuca. Essa vizinhança permite o acesso de várias espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que visitam ou moram no Jardim. Alguns deles possuem hábitos noturnos como corujas, sapos e gambás.

Segundo o Instituto de Pesquisas, a instituição abriga 850 mil amostras de plantas, desidratadas, registradas, catalogadas e armazenadas em condições especiais, que reúnem informações de extrema importância sobre a biodiversidade mundial. O acervo do herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro é o maior da América do Sul, está entre os 100 maiores do mundo e serve de referência para estudos científicos em botânica.

“A gente considera o Jardim um refúgio. A cidade está logo ali. A poucos metros, a gente vê carros, escuta barulhos, mas os animais continuam tendo seus hábitos normais aqui dentro”, diz Kato, que é o supervisor de Fauna Marco Massao e também um dos guias das visitas.

No roteiro, agora reformulado, foram incluídos os monumentos históricos que estão localizados dentro do Jardim, eles recebem uma iluminação especial, destacando-se em meio a escuridão da noite.

“O Jardim Botânico passa por três períodos da história do Brasil, colônia, império e república. [Na visita], a gente pode revisitar toda essa história, junto com a coleção científica. Mais de 94% da nossa coleção é nativa. A gente passa por árvores raras e, quem sabe, avista também algum elemento da fauna”, diz uma das condutoras, a funcionária do Centro de Visitantes, Lilaz Beatriz Monteiro Santos.

Vaga-lumes acompanham visitantes

Durante toda a visita, o grupo é acompanhado por vaga-lumes, que chamam atenção dos adultos e divertem as crianças.

Dentre os 20 visitantes da primeira visita, cinco eram crianças. O casal de médicos Laura Segadas e Antônio Leandro Nascimento fizeram o passeio com o filho, Fernando, 10 anos. “Só de caminhar à noite no parque já é legal. Super diferente, uma sensação estranha, mas super legal”, diz Laura.

As regras do passeio noturno são semelhantes às das visitas regulares. É preciso seguir as trilhas e não se deve tocar nos animais. Também é preciso fazer silêncio e não usar lanternas e celulares, para poder ouvir melhor os animais, sem assustá-los.

“A vida é diferente, à noite, a gente vê vaga-lume, ouve corujas e sapos. Não é tão quente, então é bem mais agradável na parte da noite. E, como não tem luz, acho que os outros sentidos ficam mais aguçados. A gente ouve mais, sente mais cheiro. Vê flores que abrem mais à noite. É muito interessante, vale à pena”, diz a engenheira Natália Ramos.

As visitas noturnas são feitas em duas modalidades, a pé e em carro elétrico. Os ingressos podem ser adquiridos na internet. A visita a pé custa R$ 50 por pessoa e o carrinho custa R$ 500 com capacidade para sete pessoas. Estão abertos os agendamentos até junho de 2022.

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