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Expectativa de juro alto por mais tempo deixa Bolsa em clima de cautela

Tom mais duro do Copom, balanços e preocupações com o equilíbrio fiscal em ano eleitoral limitam alta do Ibovespa

Ibovespa

PEC dos Combustíveis leva temor fiscal a investidores e abala cotações na Bolsa | Foto: Getty Images

Após testar alta mais cedopela manhã, o Ibovespa adotou uma série de mínimas, apesar da alta das bolsas internacionais. A piora veio depois das palavras do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, reforçando o tom mais duro (“hawkish”) da ata do Copom, divulgada ontem. Conforme ele, “pareceu mais adequada redução de ritmo, já que em maio vamos olhar só 2023”, diz. Às 13 horas, a Bolsa subia 0,60%%, aos 112.910 pontos.

Serra afirmou ainda que preocupação existe, mas Selic não está em 2,0%, está em 10,75%. “Selic subindo naturalmente faz a Bolsa cair, mas também está tentando esboçar uma realização após a alta de quase 7% em janeiro, esperando balanços e dados de inflação CPI dos EUA amanhã. São dez dias no campo neutro. Dá pra entender que até essa sustentação no nível de 112 mil pontos como uma espécie de suporte”, avalia Lucas Carvalho, especialista em Renda Variável da Blue3.

Segundo Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, apesar de o IPCA de janeiro ter apresentado a maior alta desde 2016, desacelerou ante dezembro e ficou dentro do esperado. Neste sentido, de expectativas de desaceleração inflacionária, alguns papéis do setor de consumo sobem na Bolsa.

Além disso, acrescenta Friedrich, as vendas do varejo de 2021 vieram melhores do que esperado. “Mercado ainda pode se animar pois lá fora está subindo bem”, diz.

Segundo ele, o que segura um pouco é a queda do minério de ferro na China (-2,01% no porto chinês de Qingdao, a US$ 146,49 a tonelada) que afeta ações do setor na Bolsa. Vale ON cedia 0,81%, enquanto CSN ON subia 0,36%. Bradesco, que divulgou balanço, perdia quase 7%, contaminando as ações do segmento no Ibovespa. “Já era esperado. Os resultado dos bancos não devem ser bons, dado que o juro subiu muito rápido no País.”

Temor fiscal e balanços afetam cotação da Bolsa após ata do Copom

As preocupações fiscais também seguem acesas em meio ao impasse sobre a PEC dos Combustíveis e diante da paralisação dos auditores da Receita Federal e paralisação dos servidores do Banco Central (BC), esperada para hoje.

Ficam ainda no radar as negociações para aprovação da compra da Oi pela Claro, TIM e Vivo , o resultados empresariais, como Bradesco, e expectativa de divulgação da produção da Petrobras.

Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,21%, aos 1112.234,46 pontos, após instabilidade, ao passo que as bolsas de Nova York subiram, na esteira de balanços corporativos. Hoje, os resultados de empresas também ficam no radar, assim como falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Investidores seguem atentos a sinais do Fed sobre o ritmo de alta do juro do país, que deve começar a subir em março.

No Brasil, apesar do arrefecimento do IPCA em janeiro (a 0,54%, de 0,73%), dentro do esperado, trata-se da maior taxa mensal desde 2016 (1,275). Além disso, a inflação acumulada em 12 meses está em 10,38%.

Enquanto a inflação segue elevada, a atividade continua enfraquecida, como retratam as vendas varejistas de dezembro. No caso do restrito, houve recuo de 0,1% na margem e de 2,9% na comparação interanual, enquanto o ampliado subiu 0,3% e cedeu 2,7%, respectivamente.

“Os dados de hoje forçam uma ligeira revisão na Selic ao final do ciclo de 12% para 12,25%”, afirma em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito. “Antes trabalhávamos com altas de 75 e 25 pontos base, mas no parece que o cenário de 100 pontos na próxima reunião irá se consolidar entre os investidores e assim achamos prudente tal revisão.” (AE)

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