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Juro no rotativo do cartão de crédito chega a 410% ao ano

A taxa básica de juros parou de subir, mas os juros cobrados de quem atrasa o pagamento da fatura do cartão de crédito continua em ascensão

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Usados de forma consciente, empréstimos podem ajudar a pagar contas, adquirir bens ou investir em um negócio | Foto: Getty Images

O juro médio cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 13,9 pontos porcentuais em dezembro, em comparação ao mês anterior, segundo o Banco Central. A taxa média no rotativo (quando o correntista não paga o valor da fatura no vencimento) passou de 395,4% para 409,3% ao ano. No fim de 2021, a taxa média era de 347,4%. O aumento foi de 61,9 pontos porcentuais no ano.

O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldade. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 180,0% para 182,4% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 100,5% para 94,1%. Em dezembro do ano anterior, as taxas eram de 168,4% e 63,6%.

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Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

No crédito livre, a taxa média de juros parou de subir: cedeu de 43,5% ao ano em novembro para 42,0% ao ano em dezembro. Em dezembro de 2021, era de 33,8%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 57,9% para 55,8% ao ano de novembro para dezembro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 23,3% para 23,1%. As taxas eram de 45% e 19,7%, respectivamente, no fim de 2021.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 133,5% ao ano para 131,9% ao ano de novembro para dezembro No crédito pessoal, a taxa passou de 42,0% para 40,9% ao ano. Em dezembro do ano anterior, as taxas eram 127,9% e 37,6%, nessa ordem.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,7% ao ano em novembro para 28,7% em dezembro. No fim de 2021, era de 26,8%.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 31,0% ao ano em novembro para 29,9% ao ano em dezembro. No último mês de 2021, estava em 24,3%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,2 ponto porcentual em dezembro ante novembro, aos 21,4% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Inadimplência no rotativo do cartão de crédito chega a 44,7%

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse que a inadimplência no rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas teve expansão de 9 pontos porcentuais (pp) em 2022, chegando a 44,7% no fim do ano. Esta é a maior taxa da série histórica da autoridade monetária, iniciada em março de 2011.

No caso do cheque especial, a inadimplência atingiu 13,4%, um crescimento de 1,9 pp em 12 meses. Esta, também de acordo com Rocha, é a maior taxa desde setembro de 2020, quando estava em 15%. “De lá para cá, podemos dizer que houve redução e, em 2022, um crescimento”, comparou.

De forma geral, conforme o técnico, a expansão do financiamento para as famílias, dentro do crédito livre em 2022, foi principalmente nas modalidades não rotativas, que têm taxas menores. “A inadimplência para Pessoa Física cresceu ao longo de 2022 fundamentalmente nas operações de crédito livre, nessas modalidades rotativas”, observou.

Isso ocorre, segundo ele, porque, em geral, quando uma pessoa fica inadimplente em modalidades de crédito rotativo é porque já teve um ponto de partida negativa em outros tipos de crédito. A recomendação dada por Rocha é a de que clientes busquem, dentro do possível, sair do crédito rotativo por meio de negociações com o gerente e as instituições financeiras para modalidades de crédito com prazos maiores e taxas menores. O juro do rotativo do cartão de crédito estava em 409,3% ao ano em média ao final de dezembro, a maior desde 2017, quando atingiu 428% ao ano. “Não tem taxa razoável para isso”, comentou.

O chefe do departamento apontou que a maior taxa de inadimplência do crédito livre como um todo foi de 5,9%, registrada em maio de 2017. “Agora (dezembro de 2022) estamos em 4,2% e não houve crescimento desde novembro. Não é nem de longe a maior da série”, disse. (AE)

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