close

Medidas fiscais aliviam efeitos da inflação e juro alto

Indicadores recentes mostram que os serviços continuam crescendo, mas o pacote de medidas fiscais deve garantir crescimento apenas moderado

Atividade

Os serviços continuaram crescendo em maio, enquanto as vendas de varejo vieram baixas | Foto: Getty Images

Os serviços continuaram crescendo em maio, enquanto as vendas de varejo vieram baixas. A produção industrial também apresentou pequeno crescimento, em linha com as expectativas. Juntando esses dados, o índice de atividade econômica do banco Central (IBC-Br) ficou praticamente estável no mês. Medidas fiscais no primeiro semestre, como a liberação do FGTS e o adiantamento do 13º salário e do abono salarial, ajudaram a sustentar um maior consumo no segundo trimestre e devem deixar um pequeno carrego positivo para o resto do ano.

O setor de serviços segue mostrando forte crescimento, com a ajuda das medidas fiscais e da reabertura da economia. No mês de maio, o volume de serviços avançou 0,9%, bem acima do esperado por nós e pelo consenso do mercado (-1,2% e 0,2%, respectivamente).

Na comparação com o mesmo mês de 2021, a alta foi de 9,2%, estando agora 8,6% acima do período pré-pandemia. A surpresa positiva foi espalhada entre todas as categorias, mas o destaque ficou para os serviços “Profissionais, administrativos e complementares”, que avançaram 1,0% no mês, enquanto esperávamos queda de 1,4%.

O avanço de 0,9% no mês do grupo de “Transportes”, que foi o maior contribuinte para o forte crescimento dos últimos anos, estando 16,8% acima do período pré-crise, em parte impulsionado pelas entregas do e-commerce e antecipação do embarque da safra de soja, mas também pelo notável crescimento de 16,5% do transporte aéreo (passageiros e carga).

Em nível ainda mais alto em relação ao período pré-pandemia estão os serviços de informática (53%), enquanto serviços às famílias continuam 4,1% abaixo, o que aponta para um potencial de crescimento nos próximos meses, mesmo que amortecido pela acomodação geral da demanda que deve se materializar.

O comércio mostrou crescimento mais tímido que o antecipado pelo mercado. As vendas do varejo restrito avançaram 0,1% em maio frente a abril, abaixo das expectativas do mercado (de 1,0%), ainda que em linha com as nossas (0,2%). A variação anual foi de -0,2%, registrando queda de nível em relação a 2021.

As vendas do varejo no conceito ampliado cresceram 0,2% na margem em maio, abaixo do 1% esperados pelo Safra e dos 1,7% pelo mercado.

Em relação a maio de 2021, o índice regrediu 0,7%. O maior desvio veio do grupo de ‘Veículos’, com avanço de 0,8% em relação a 2021, em contraste com a nossa expectativa de 4,1%. A categoria de “Móveis e Eletrodomésticos” recuou 12,6% na variação interanual, enquanto esperávamos uma queda de apenas 5,9%.

Apenas farmácia e perfumaria têm apresentado crescimento forte em relação a 2019, aliás refletido nos preços que têm tido alta significativa.

A produção industrial avançou 0,3% em maio, número entre a nossa projeção e aquela do mercado (-0,1% e 0,5%, respectivamente).

Medidas fiscais compensam em parte os efeitos da inflação e juros altos

A variação interanual foi de 0,5%, estando o setor 0,7% abaixo do período pré-pandemia. A surpresa positiva em relação à nossa projeção veio da categoria de “Bens de consumo não-duráveis”, que cresceu 2,2% em comparação a maio de 2021, ante queda de 1,4% esperada por nós. Ademais, o grupo de “Bens de capital” também se destacou, avançando 7,4% no mês de maio.

Refletindo o desempenho desses setores, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ficou praticamente estável em maio. O IBC-Br recuou 0,1% no mês, em linha com a nossa projeção e pouco abaixo do esperado pelo consenso do mercado (-0,1% e +0,1%, respectivamente).

Na comparação interanual a variação foi de 3,7%. Com esse resultado, o carrego do indicador para o segundo trimestre é de 0,2%. Para junho, o Banco Safra espera uma alta mais forte do indicador, de 0,6%, o que implicaria numa variação trimestral de 0,4%. Isso indica mais um trimestre bom para o PIB.

Olhando mais à frente, devemos ver uma moderação no crescimento da atividade, não obstante os efeitos da taxa de juros contracionista e a corrosão do poder de compra devido à alta e persistente inflação.

As recentes medidas fiscais devem compensar, apenas em parte, esses efeitos. O Banco Safra espera um crescimento acima de 1% para o PIB a preços constantes nesse ano.

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra