Messi levanta o PIB da Argentina junto com a taça, mostra pesquisa
Estudo indica que a vitória na Copa ajuda a economia do país vencedor com 0,25 ponto percentual a mais no PIB por dois trimestres
19/12/2022Quando a seleção Argentina liderada por Lionel Messi venceu a Copa do Mundo do Catar, ela também deu um impulso extra à economia do país sul-americano. A vitória econômica é mais modesta e pontual que a esportiva, mas ela é real, de acordo com estudo realizado por Marco Mello, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Surrey, no Reino Unido.
Mello afirma que existem condições para que a Argentina tenha um retorno econômico com a vitória na Copa, embora “pequeno e de vida curta”. O pesquisador afirma que a Argentina vai ter um ganho nas exportações, após a vitória na Copa, graças à maior visibilidade dos produtos e serviços nacionais no mercado global.
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“Isso pode se aplicar também à economia argentina, caracterizada por um setor de exportações considerável”, comenta. A inflação elevada já representa um impulso às exportações, devido à valorização do dólar perante o peso argentino.
Mello utilizou dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a partir de 1961 e elaborou um modelo econométrico para concluir que vencer a Copa do Mundo leva a um crescimento extra no PIB de pelo menos 0,25 ponto porcentual nos dois trimestres subsequentes do país da seleção campeã.
O resultado é puxado primariamente pelas exportações, com um maior apelo por produtos e serviços daquele país no mercado global, após uma vitória em um grande evento esportivo.
A investigação conclui, por outro lado, que organizar uma Copa do Mundo não gera efeitos significativos de crescimento do PIB para o país-sede, “pelo menos no curto e no médio prazos”. O estudo argumenta que isso pode trazer “alguma luz” para o debate sobre a formulação de políticas públicas, sobretudo no momento em que a Fifa avalia tornar a Copa do Mundo um evento mais recorrente, eventualmente a cada dois anos.
Vitória de Messi ajuda economia argentina por dois trimestres
Mello diz em seu estudo que há várias referências na literatura econômica sobre o impulso econômico com a vitória na Copa, por meio de canais como a confiança dos consumidores e dos investidores no país, mas considera que havia pouca evidência de fato sobre esse ponto. Agora, o pesquisador afirma ter trazido as primeiras evidências causais do impulso citado na economia.
O modelo elaborado por ele mostra que sediar a Copa não traz impacto econômico claro no crescimento do PIB, mas estabelece essa correlação para o vencedor da disputa.
O pesquisador ressalta no estudo que o efeito é de curto prazo. De qualquer forma, um impulso para a economia argentina é bem-vindo, no momento em que o país enfrenta perda de fôlego na atividade, com inflação elevada e risco de mais problemas fiscais, enquanto continua a renegociar a dívida com seus credores. (AE)