Mortes de vacinados, como Tarcísio Meira, não provam ineficácia de vacinas
O fato de o ator não resistir ao vírus mesmo após a vacina reforça a importância dos cuidados preventivos até que a vacinação derrube a curva de contágio a níveis mais seguros
13/08/2021Tarcísio Meira já havia completado a vacinação contra a covid-19 em março, mas mesmo assim não resistiu a um novo contágio. Internado desde 6 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o artista foi intubado e morreu na quinta-feira, 12.
A mulher dele, a atriz Glória Menezes, de 86 anos, também já estava vacinada e também foi internada, mas com quadro mais leve.
Médicos alertam que a morte do ator não pode ser usada como argumento sobre a ineficácia das vacinas. Ao contrário, a vacina salva muitas vidas. O importante é a população ser conscientizada de que é preciso continuar usando máscaras e evitando aglomerações, mesmo após a vacina, até que a maior parte da população esteja vacinada e os índices de contágio diminuam.
Com a alta circulação do vírus e novas variantes, as infecções – mesmo em pessoas vacinadas – podem ocorrer. A grande maioria dos vacinados pode são apresentar sintomas ou apenas sintomas leves, já que a vacina não impede o contágio, mas apenas dificulta a evolução do vírus no organismo humano.
Morte de Tarcísio Meira esquenta debate sobre 3ª dose
No caso de idosos vacinados, os quadros podem evoluir para a morte, embora os riscos sejam pequenos. Os mais velhos e as pessoas imunocomprometidas, como pacientes de câncer, têm sistema imunológico enfraquecido e a produção de anticorpos – para qualquer vacina – é menor e cai com o tempo.
A morte de Tarcísio Meira e o aumento de internações de idosos levantaram o debate no Brasil sobre a necessidade de uma terceira dose para os idosos. Outros países, como Chile e Israel, já aplicam o reforço em grupos mais vulneráveis.Mas o Brasil ainda não consegiu vacinar nem toda a população de adultos.
Estudo conduzido pela Fiocruz com pesquisadores do Observatório Covid-19 BR projetou aumento de internações de idosos com covid-19 nas últimas semanas. Em São Paulo, segundo os dados compilados pelo grupo, o crescimento ocorre tanto na faixa etária de 70 a 79 anos quanto na de idosos com mais de 80 – a subida é maior neste último grupo.
Os números não permitem dizer que o aumento de internações tem relação com a diminuição da proteção das vacinas, mas essa é uma das hipóteses, segundo Leonardo Bastos, do Programa de Computação Científica da Fiocruz. “A diferença entre os grupos é a cobertura vacinal. Eles (os idosos de mais de 70) receberam a vacina antes.”
Os dados de internação da Fiocruz são projeções a partir de números oficiais do Ministério da Saúde, registrados com atraso. No Estado do Rio, a alta de internações é mais acentuada entre os maiores de 80, mas também já foi verificada na faixa etária de 60 a 69 anos em agosto.
Em julho, o Ministério da Saúde iniciou pesquisa para indicar a necessidade da 3ª dose para idosos que tomaram a Coronavac. A câmara técnica do Plano Nacional de Imunização (PNI) vai discutir nesta sexta-feira a tendência de internações de idosos. (Com AE)