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Mulheres em cargos de comando fortalecem governança nas empresas

Grupo Conselheiras, criado em 2022 para impulsionar o número de mulheres em conselhos empresariais, promove debate com apoio do Banco Safra sobre mulheres no agronegócio

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O encontro no auditório do Banco Safra abordou os desafios do agronegócio no atual cenário e o papel da mulher nos conselhos das empresas | Foto: Divulgação

O papel da mulher em cargos de comando e a importância da diversidade para a governança das empresas foram temas do Encontro Conselheiras no Agronegócio, promovido pelo Grupo Conselheiras e Banco Safra.

O objetivo do evento foi o de fomentar o debate sobre práticas voltadas para questões sociais, ambientais e de governança como a igualdade de gênero – que faz parte da equação ESG -, como explicou a conselheira de administração e relações institucionais do Grupo Santa Clara, Talita Cury.

O grupo Conselheiras foi criado em 2022 com o objetivo de impulsionar o número de mulheres em conselhos empresariais, e conta com cerca de 1,8 mil participantes no Brasil e no exterior.

Segundo Talita, as mulheres têm se destacado na liderança moderna, onde levam uma perspectiva com novos olhares e atitudes, e a diversidade garante discussões mais abrangentes e tomadas de decisões mais assertivas em colegiados, conselhos e comitês.

A advogada e fundadora do Conselheiras Sandra Comodaro defendeu o papel das mulheres em cargos de liderança e destacou que menos de 20% dos conselhos de empresas são integrados por mulheres, e sem as empresas familiares o índice é ainda menor.

O Vice-presidente de Pessoa Física do Banco Safra, Mário Mello, saudou as convidadas que lotaram o auditório da instituição afirmando que o Safra preconiza a diversidade, considerando que a liderança feminina é de fundamental importância em termos de governança.

O encontro também abordou questões como os desafios do agronegócio no atual cenário de mudanças climáticas, entre outros temas.

Mulheres e governança no agronegócio

A conselheira de administração e relações institucionais do Grupo Santa Clara, Talita Cury, defendeu a diversidade nos conselhos das empresas e disse que a profissionalização reduz conflitos internos e contribui para o crescimento sustentável e governança das empresas.

“O avanço das mulheres em cargos de comando e conselhos tem sido significativo, mas ainda existe um enorme espaço para as lideranças femininas em funções de liderança”, afirmou.

Ela ressaltou o papel das empresas familiares no agronegócio e citou as dificuldades que elas enfrentam no processo sucessório para novas gerações. “A governança bem estruturada facilita o acesso ao crédito, o que é importante para o crescimento das empresas”. A conselheira também lembrou que os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto a aspectos relativos ao ESG (ambientais, sociais e de governança).

Segundo ela, o sistema patriarcal ainda dita as regras em muitas empresas do agronegócio. Por isso ela recomendou o livro ‘Lacuna de autoridade’, da jornalista britânica Mary Ann Sieghart , sobre o descrédito e menosprezo das mulheres em diversas esferas tradicionalmente dominada por homens, como política, ciência, negócios, cultura e educação. “Precisamos lutar contra esta mentalidade”, disse.

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O encontro no auditório do Banco Safra abordou os desafios do agronegócio no atual cenário e o papel da mulher nos conselhos das empresas | Foto: Mário Mello

Resiliência, foco e coragem na luta por representatividade

A socióloga e pecuarista Tereza Vendramini, primeira mulher a presidir a centenária Sociedade Rural Brasileira, defendeu que as mulheres precisam ter resiliência, foco e coragem na luta para conquistar mais espaço no comando das empresas.

Ela lembrou a participação destacada do agronegócio na economia brasileira, refletida nos últimos dados de crescimento do PIB. Segundo ela, uma das grandes preocupações entre os produtores e pecuaristas atualmente é sobre a rastreabilidade. Ela citou o exemplo do Pará, onde o governo lançou o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária tendo em vista a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro de 2025. Ela citou as dificuldades dos pequenos produtores, que precisam de prazo para regularização ambiental.

Tereza citou desafios enfrentados pelos produtores na regularização fundiária e lembrou que o setor necessita de segurança jurídica, além de infraestrutura logística de transporte e armazenagem, além de conectividade. Ela destacou que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia levantou um debate mundial a respeito da segurança alimentar, tendo em vista a disparada dos preços dos fertilizantes.

A importância da diversidade

Representando a área de agronegócio do Banco Safra, o superintendente Ricardo Leite citou o grande avanço tecnológico do agronegócio nas últimas décadas, e destacou a importância da governança, um dos grandes desafios do setor, segundo ele.

Ele defendeu a presença feminina para melhorar a qualidade das equipes nas empresas. “Com a presença de mulheres, as decisões nas empresas são tomadas com mais maturidade, e por isso acreditamos que governança e diversidade são questões que caminham juntas e estão cada vez mais inseridas nas estratégias das empresas e instituições”.

Ele citou a quebra de 25% a 30% da safra de soja que afeta principalmente o Mato Grosso, e lembrou que os preços não reagiram por causa do aumento da oferta da Argentina. Segundo ele, problemas climáticos e mudanças no mercado internacional dificultam a tomada de decisão nas empresas do agronegócio. “A governança é fundamental na tomada de decisões, e isso exige tecnologia, informação e monitoramento regional”

Ricardo Leite citou o apoio do BNDES e de outras instituições para a expansão dos diferentes tipos de biocombustíveis. E lembrou que o crédito de carbono não é destinado apenas para a preservação e recuperação de florestas, mas está presente também nos setores de grãos e proteína, e citou o exemplo da cogeração, estratégia acessível como alternativas em propriedades rurais. “Os bancos estão posicionados hoje para qualificar cada vez mais esses ativos de crédito de carbono”, afirmou leite.

O papel das mulheres em cargos de direção

A conselheira e vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Syngenta Latam, Grazielli Parenti, defendeu cotas para mulheres em cargos de chefia e a importância do papel da mulher nos conselhos empresariais. Ela também falou sobre o desafio da sucessão e governança nas empresas familiares do agronegócio.

A conselheira falou sobre a liderança mundial do Brasil em alimentos, tanto in natura quanto industrializados, e destacou a rastreabilidade e a gestão de risco como elementos fundamentais para a governança. Lembrou também o importante papel dos biocombustíveis no cenário de discussões sobre mudanças climáticas. Mas o que mais preocupa os produtores rurais hoje, segundo ela, é a regulação nacional e internacional da sustentabilidade.

Como uma das participantes nas negociações em Bruxelas representando o setor de proteína animal, ela destacou que o Brasil precisa continuar buscando escala de volume de exportações buscando os mercados que procuram se fortalecer em termos de segurança alimentar.

Redes de apoio e atuação institucional

A acionista da Companhia Melhoramentos e conselheira de empresas Nina Ploger defendeu as redes de apoio às mulheres e a atuação institucional para fortalecer a presença feminina em cargos de chefia.

Ela abordou o desafio da segurança alimentar, lembrando os efeitos do fenômeno climático El Niño, que provou seca em 2025 em um período de queda nos preços. Defendeu a importância e o o aumento no valor do seguro rural e disse ser fundamental a criação de uma política para a agroindústria, setor que precisa de planejamento estratégico para se desenvolver.

Nina citou a presença cada vez maior de startups dedicadas a criar soluções para o desenvolvimento do agronegócio, que podem auxiliar em questões meteorológicas, manejo de florestas e melhoramento genético. A inteligência artificial, segundo ela, já está sendo aplicada para pesquisas, desde aspectos da nanotecnologia quando a gestão de grandes números do setor.

Abordando as dificuldades nas negociações entre o Mercosul e a União Europeia, Talita Cury destacou que a China continua sendo o principal mercado para os produtos brasileiros e ressaltou que a segurança alimentar é a grande preocupação dos países atualmente, e que abrir novos mercados deve continuar a ser prioridade.

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