O futebol brasileiro passa neste momento por discussões sobre a transformação dos clubes brasileiros em empresas, assim como ocorreu na década de 1990 na Europa.
Os modelos europeus são excelentes benchmarks e cada um possui características particulares. Entretanto acabam sendo sempre muitos distantes da realidade brasileira.
Diante deste cenário, a Sports Value iniciou uma série sobre os modelos empresariais do mercado latino-americano. Começamos pelo Chile e ainda aprofundaremos análises sobre a Colômbia e o México.
Aqui é possível acessar o material completo.
Gestão empresarial dos clubes do Chile
Em 2005, o Chile aprovou uma lei que transformou os clubes em Sociedades Anônimas (S.A.).
Os pontos mais positivos foram a real possibilidade de profissionalizar a gestão dos clubes, controlar a administração, dar transparência à gestão e criar segurança jurídica para os investidores.
Por outro lado, a transformação em S.A. não garantiu a concreta profissionalização dos times e muitos, mesmo como S.A. têm dificuldade em manter um modelo de gestão equilibrada e eficiente.
Outro ponto foi a concentração das ações de clubes gigantes nas mãos de poucas famílias abastadas.
Sebastian Piñera, atual presidente da república do país, foi o responsável por ajudar nesse processo de mudança, que culminou com a transformação dos clubes em empresas.
O maior aprendizado de toda a mudança do futebol chileno é que, tão importante quanto a transformação dos clubes em empresas, é seu saneamento financeiro.
Outro aspecto é a representatividade do torcedor, fator importante em mercados como o Brasil.
Chile já é o terceiro maior da América Latina
Todo o processo de gestão empresarial do futebol chileno impactou nos recursos gerados no mercado.
O futebol profissional chileno faturou mais de US$ 180 milhões (R$ 887,7 milhões) em 2019 – valor inferior somente às receitas do Brasil e México. Tudo isso em um país de 19 milhões de habitantes.
Sem dúvida o mercado chileno cresceu com as mudanças. O grande problema foi não distribuir o dinheiro proveniente da TV de forma mais equilibrada.
Os times de primeira divisão alcançaram US$ 154 milhões (R$ 759,4 milhões) em receitas, superior aos argentinos e colombianos.
Por outro lado, o dinheiro está bem concentrado nas mãos dos maiores times do país.
Colo Colo, com receitas de US$ 24 milhões (R$ 118,3 milhões) em 2019, Universidad Católica, com US$ 21 milhões (R$ 103,5 milhões) e Universidad de Chile com US$ 20 milhões (R$ 98,6 milhões) concentram 42% das receitas da primeira divisão.