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Ilton Caldeira

O futuro da mobilidade e da indústria automobilística retornam a Detroit

Os holofotes se voltam para os veículos elétricos no Detroit Auto Show, refletindo a evolução da indústria automobilística

Detroit

O presidente Joe Biden dirigiu um SUV elétrico Cadillac Lyriq lentamente por um corredor no salão de convenções | Foto: Divulgação

Entre a última edição do Salão Internacional do Automóvel de Detroit, em um não tão distante janeiro de 2019, e a atual edição do evento, uma nova ordem se impôs, mudando totalmente nossa relação com a mobilidade.

Esse rápido movimento vem moldando os rumos da própria indústria automobilística e a relação dos consumidores com os carros.

Assim como o mundo se transformou, o foco do evento, que acontece desde 1907, também mudou. O show deste ano será voltado mais para os consumidores e menos para a indústria. Em vez de cerca de 50 estreias de novos modelos, como nos anos anteriores, serão menos os lançamentos. E os espaços ao ar livre serão mais utilizados.

Mas o evento não terá menos brilho, apenas um foco diferenciado. Tanto que o presidente Joe Biden e o Secretário de Transportes Pete Buttigieg participaram da abertura para a imprensa em 14 de setembro. Os holofotes se voltam para os veículos elétricos, sejam eles opções tradicionais sobre rodas ou os futuristas drones que podem cruzar os céus em pouquíssimo tempo.

Biden tem sido um entusiasta dos veículos elétricos e dirigiu um SUV elétrico Cadillac Lyriq lentamente por um corredor no salão de convenções, localizado na região central de Detroit. Com diversas leis de incentivo recentemente anunciadas, o governo colocou US$135 bilhões no desenvolvimento e criação de veículos elétricos.

Esses recursos devem priorizar a instalação de novas fábricas de veículos, baterias, e a construção de uma extensa rede nacional de carregamento de carros elétricos, financiando a instalação de estações em 35 estados, incluindo a presença desses dispositivos em regiões de baixa renda.

A falta de carregadores onipresentes continua sendo uma das maiores barreiras para que os veículos elétricos sejam adotados em grande escala pelos consumidores. Os créditos fiscais da Lei de Redução da Inflação destinam-se a dar aos americanos subsídios para comprar veículos elétricos, incluindo pela primeira vez um impulso para a aquisição de veículos elétricos usados.

Além de lidar com as mudanças climáticas e avançar em direção à independência energética, os EUA aceleram para construir uma cadeia de suprimentos doméstica para baterias e outros materiais tecnológicos críticos, como chips e etc…

O objetivo é provocar um grande impacto econômico, transformando uma parte do país, no que alguns especialistas já estão chamando de Battery Belt (Cinturão da Bateria). A região central e muitos estados do Sul dos Estados Unidos devem ser destaque nessa estratégia de revitalizar uma indústria que é o coração da América.

Com o tempo, a relocalização da produção de carros e baterias deve reduzir o custo do produto final, diminuir a dependência em relação à China e estimular a geração de novos empregos em toda a cadeia do setor automotivo.

Ao incentivar uma cadeia de fornecimento de componentes domésticos, os otimistas apontam que a redução de custos das montadoras poderá gerar economia aos consumidores na forma de carros elétricos mais baratos.

O North American International Auto Show de Detroit seguirá aberto ao público até 25 de setembro, mas os efeitos das rápidas mudanças na forma como utilizamos os meios de transporte deverão seguir nos impactando por muito tempo.

Confira abaixo algumas imagens do Detroit Auto Show 2022:


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Ilton Caldeira é jornalista de Economia e Política e especialista em Relações Internacionais pela FGV-SP. Nos Estados Unidos é Head de Comunicação da Dell’Ome Law Firm e sócio da consultoria Smart Planning Advisers.

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