Acreditamos que a economia brasileira deve crescer de forma não inflacionária em 2024, permitindo um crescimento real do PIB de 2,5%, com a inflação convergindo para 3%.
A desinflação permitirá a queda dos juros e ampliação do crédito, o que junto à manutenção do emprego poderá levar a um crescimento do consumo acima de 3%. Nesse cenário, o investimento das empresas, especialmente em máquinas e equipamentos, crescerá.
Parte do aumento da demanda interna deverá ser atendida pelas importações de bens e serviços, que deverão crescer 5,0%, após a retração verificada em 2023. Essa expansão poderá trazer a balança comercial para perto de USD 80 bilhões, em contraste com os quase USD 95 bilhões em 2023.
O aumento do consumo e a redução da taxa de juros impulsionarão os investimentos das empresas. A relação histórica entre queda das taxas de juros e aumento da confiança dos empresários é forte, e a relação entre essa e os investimentos das empresas é bastante positiva.
O bom desempenho do consumo e a queda dos juros devem, assim, possibilitar que os investimentos em máquinas e equipamentos cresçam 4,8% em relação a 2023.
O setor de construção civil apresentará desempenho mais modesto com a estabilização dos lançamentos de imóveis ao longo desse ano, em função da escassez do crédito direcionado lastreado na caderneta de poupança, cujos depósitos vêm caindo por pressão da Selic, e do nível ainda relativamente alto desta, que inibe os financiamentos a taxas de mercado.
O setor externo deverá contribuir menos para o crescimento do PIB em 2024. As exportações deverão crescer 1,7% em 2024, após a exuberante expansão de 8,7% nesse ano.
A expansão projetada reflete a estabilidade do volume exportado de soja, retração de 8% daquele de milho e expansão de 20% do de petróleo. A expansão da exportação de petróleo se beneficia da pouca capacidade ociosa no refino doméstico e crescimento persistente da extração do produto no mar e em terra.
O volume de importações de bens e serviços deve subir 5,0%, após a queda de 0,7% da média anual em 2023. A subida se dará em resposta à expansão do consumo de bens manufaturados e investimentos e à recuperação das compras de insumos agrícolas, sem maior pressão na compra de derivados de petróleo.
Portanto, a atividade econômica brasileira deve se manter dinâmica em 2024, beneficiando-se da queda da inflação, com maior contribuição da demanda doméstica e menor destaque das atividades ligadas à exportação, exceto a produção de petróleo. Essa composição da demanda favorecerá o mercado de trabalho e a arrecadação federal, tornando a economia mais robusta.