Philip Morris compra fábrica de remédio para doenças respiratórias
Dona da marca de cigarros Marlboro compra 22% de laboratório Vectura, do Rio Unido, que faz medicamentos para asma
18/08/2021A gigante do tabaco Philip Morris International, dona da marca de cigarros Marlboro, comprou 22,61% da desenvolvedora de medicamentos respiratórios Vectura, sediada no Reino Unido.
A empresa anunciou a compra nesta quarta-feira, 18, e acrescentou que pretende ampliar a participação acionária na empresa de medicamentos para tratamento de asma.
A Philip Morris disse ter entrado em período de licitação com os acionistas da Vectura após a recomendação unânime do conselho da empresa sobre o inalador de asma.
O conselho da Vectura aprovou a entrada na sociedade destacando o benefício para as partes interessadas, os recursos financeiros significativos da fabricante de cigarros e o compromisso com a pesquisa e desenvolvimento e a autonomia na direção da companhia.
Philip Morris justifica interesse em remédios para doenças respiratórias
“A aquisição da Vectura faz parte de nossa estratégia de longo prazo para transformar a Philip Morris International e investir em excelência científica e aproveitando suas capacidades e expertise”, disse o CEO da gigante de tabaco, Jacek Olczak, em comunicado oficial divulgado pela rede CNBC.
“Nosso investimento vai acelerar o desenvolvimento e a entrega de terapêuticas inaladas para muitas das necessidades médicas não atendidas de hoje. Estamos ansiosos para trabalhar com a Vectura enquanto embarcamos na próxima etapa de nossa transformação.”
No início deste mês, uma carta aberta assinada por 35 instituições de saúde e especialistas em saúde pública sugeriu aos membros do conselho da Vectura a rejeição da oferta de aquisição da Philip Morris International.
Os signatários da carta, liderada pela Asma UK e pela British Lung Foundation, disseram que um acordo “poderia dificultar significativamente as capacidades de pesquisa e desenvolvimento de produtos da Vectura”.
Grupo antitabagismo denuncia ‘conflito ético insolúvel’
Separadamente, a Sociedade Torácica Britânica, uma instituição de caridade antitabagismo, pediu que o acordo fosse evitado, descrevendo a inadequação do acordo como um “conflito ético insolúvel”.
A Philip Morris International tem repetidamente divulgado suas ambições de caminhar para o mercado livre de fumaça, embora a grande maioria de suas receitas ainda venha de cigarros. A empresa já anunciou que planeja parar de vender cigarros no Reino Unido dentro de 10 anos.
A Philip Morris International emitiu declarações semelhantes no passado. O ex-CEO da empresa, Andre Calantzopoulos, disse em 2016 que esperava que a empresa parasse de totalmente de vender cigarros em poucos anos.
Grupos anti-tabagistas criticam as gigantes do tabaco, que têm uma longa história de negar os riscos à saúde do tabagismo, por se defenderem prometendo a transição para um mundo livre de fumo, ao mesmo tempo em que continuam a vender e promover cigarros globalmente.
A Organização Mundial da Saúde descreve a epidemia de tabaco como “uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou”. A agência de saúde das Nações Unidas diz que o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, incluindo os ‘fumantes passivos’, que convivem com fumantes.