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Preços agrícolas seguem pressionados pelo clima, demanda e câmbio, diz Ipea

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, problemas climáticos e o aumento na demanda interna e externa devem manter a pressão sobre os preços agropecuários

colheitadeira em campo

Os grãos tiveram aumentos de mais de 40% em todos os itens: soja (78%), milho (77%), trigo (40%), algodão (75%) e arroz (55%) | Foto: Getty Images

As restrições de oferta provocadas por problemas climáticos e o aumento na demanda doméstica e internacional devem manter os preços de produtos agropecuários em níveis elevados. O comportamento da taxa de câmbio nos próximos meses também será determinante para o possível encarecimento dos alimentos. A avaliação é da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Considerando os valores médios praticados no primeiro semestre de 2021 em relação aos do primeiro semestre de 2020, houve alta de preços em todos os produtos pesquisados, exceto a batata.

Os grãos se sobressaíram, com aumentos de mais de 40% em todos os itens: soja (78%), milho (77%), trigo (40%), algodão (75%) e arroz (55%).

“Deve-se destacar o importante impacto negativo desse aumento sobre os custos de produção na pecuária, o que pode influenciar negativamente a oferta de proteínas no País. Em termos de perspectivas, para a maior parte dos produtos acompanhados, espera-se aumento ou estabilidade em alto patamar dos preços no curto e médio prazos”, escreveu Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada na Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.

Geadas e estiagem continuam a pressionar preços, diz Ipea

Segundo a pesquisadora, os problemas meteorológicos, que incluem tanto as geadas quanto a estiagem em diferentes regiões do País, devem continuar a ter um papel decisivo na formação de preços desses alimentos.

“A intensidade desse possível aumento de preços também depende estreitamente do comportamento da taxa de câmbio nos próximos meses e dos preços internacionais”, acrescentou Cecília Kreter, no documento.

O Ipea lembra que as commodities mais exportadas pelo Brasil mantiveram demanda aquecida mundialmente no primeiro semestre de 2021 e os preços internacionais estiveram mais elevados que no mesmo período do ano anterior: grãos, carnes e café.

Inflação afeta carne e grãos

“No caso dos grãos, essa alta dos preços internacionais é reflexo do balanço apertado entre produção e consumo na safra corrente, somado a estoques que vinham decrescendo nas últimas safras. Para as carnes, o que se observa é um movimento de substituição entre as proteínas animais, seja por questões sanitárias ou pela busca de proteínas mais baratas”, justificou a carta do Ipea.

Apenas o arroz registrou redução nos preços internacionais no primeiro semestre de 2021 em comparação a 2020, uma queda de 11%. As altas ocorreram na soja (65,9%), milho (72,3%), trigo (24,4%), algodão (38,1%), boi gordo (18,3%), porco magro (65,3%) e carne de frango (24,2%).

O estudo do Ipea contou com a colaboração do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP) para as análises dos preços domésticos e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para as informações de produção e balanços de oferta e demanda domésticos. (AE)

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