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Montadoras sugerem uso de parte do FGTS para compra de veículo novo

Governo analisa propostas para estimular a renovação da frota, entre elas o carro popular "verde" com motor a etanol

Linha de montagem de veículos

As vendas chegaram a 199 mil veículos no mês de março, 35,5% a mais do que em março de 2022 || Foto: Getty Images

O governo e a indústria automobilística estudam alternativas para aumentar o mercado de veículos a preços mais acessíveis. Uma das alternativas em estudo seria a adoção do modelo de carro popular ‘verde’, com preço estimado entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. Outra medida em análise seria a possibilidade de compra de veículo usando parte do FGTS, o que pode fazer parte de estímulo à renovação da frota de veículos leves.

O uso de parte do FGTS para renovar a frota foi adotada no Chile com resultados positivos, segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. “Se houvesse uma medida como essa, sem restrição e dentro de um programa de governo, seja para a compra do primeiro carro, seja para renovação de frota, isso teria efeito no reaquecimento do mercado”, afirma Leite. “Se a pessoa tem R$ 100 mil no FGTS e o governo permite o uso de 25%, talvez seja essa a diferença que o consumidor precise para passar de um usado para um carro novo”, completou.

Outra medida de estímulo pode ser a volta do carro popular, mas apenas com opção de combustível “verde” (etanol). Montadoras que atuam nesse segmento estão discutindo diretamente com o governo, sem a intermediação da Anfavea. Seriam produzidas pelo menos 300 mil unidades, atendendo demandas de descarbonização. “Se será a etanol, híbrido ou elétrico, não importa. Apoiamos a agenda de descarbonização”, disse o presidente da Anfavea.

Vendas de veículos reagem em março

A produção de veículos subiu 20% no mês de março, na comparação com o mesmo período de 2022, registrando um total de 221,8 mil unidades, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. O balanço foi divulgado nesta segunda-feira, 10, pela Anfavea, a associação das montadoras, e mostra que frente a fevereiro, um mês mais curto, a produção avançou 37,3%.

Após os resultados frustrantes do início do ano, algumas montadoras começaram a segurar a produção no mês passado para evitar acúmulo excessivo de estoques em meio ao impacto dos juros mais altos na demanda. Apesar disso, o volume manteve-se superior ao do ano passado, quando a maior irregularidade no fornecimento de componentes eletrônicos limitou a produção do setor.

Na comparação com os níveis de antes da pandemia, contudo, a produção do primeiro trimestre ficou em torno de 50 mil veículos abaixo, conforme a Anfavea. Na conta da associação, oito fábricas pararam em algum momento e outras duas cancelaram turnos de trabalho desde o inicio do ano em razão do esfriamento da demanda, combinado, em alguns casos, à falta de peças alegada por parte dos fabricantes. No primeiro trimestre, 536 mil veículos foram fabricados no Brasil, com alta de 8% em relação ao número apurado nos três primeiros meses do ano passado.

As vendas, de 199 mil veículos no mês passado, subiram 35,5% na comparação com março de 2022, mês de maior limitação de oferta em função da falta de componentes eletrônicos. Diante de fevereiro, que teve cinco dias úteis a menos, as vendas tiveram alta de 53,1%. Com isso, o trimestre terminou com 471,8 mil veículos comercializados, 16,3% a mais do que no mesmo período do ano passado.

O balanço da Anfavea mostra ainda alta de 14,8% das exportações, no comparativo de março com igual mês do ano passado. Os embarques, de 44,7 mil veículos no mês passado, subiram 29,3% contra fevereiro, permitindo leve aumento de 3,9% no acumulado do primeiro trimestre, quando 112,2 mil veículos foram exportados.

Segundo o levantamento da Anfavea, 308 vagas de trabalho foram fechadas em março nas montadoras, que agora empregam 101,6 mil pessoas.

Produção das montadoras no trimestre

A produção de veículos aumentou 8% no primeiro trimestre do ano em comparação com o mesmo período de 2022. Foram fabricadas 496,1 mil unidades nos primeiros três meses deste ano.

Apesar de o número representar alta em relação ao ano passado, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, lembra que o primeiro trimestre de 2022 foi o pior resultado da indústria automobilística desde 2004. “Nós estamos repetindo em 2023 o pior trimestre desde 2004”, disse Leite, ao comparar os dados da produção em 2022 e em 2023.

Leite destacou que, no período analisado, houve oito momentos de paralisação de fábricas e duas montadoras extinguiram turnos de produção. Para ele, a produção de veículos está muito abaixo do normal, e a alta da taxa de juros é a principal causa do desaquecimento da indústria.

As vendas nos primeiros três meses deste ano cresceram 16,3% na comparação com o mesmo período de 2022, com o emplacamento de 471,8 mil unidades. As exportações subiram 3,9%, com a venda de 112,2 mil veículos para o exterior no primeiro trimestre de 2023.

Automóveis e caminhões

A produção de carros de passeio aumentou 9% de janeiro a março em comparação com o mesmo período do ano passado, com a fabricação de 416,4 mil unidades. As vendas cresceram 15,1% no trimestre, com o emplacamento de 346 mil automóveis, enquanto as exportações aumentaram 3,8%, com a venda de 90 mil carros nos primeiros três meses do ano.

A fabricação de caminhões caiu 28,8% no primeiro trimestre de 2023, com a fabricação de 24,5 mil unidades. As vendas aumentaram 6,6% no período, na comparação com 2022, com o emplacamento de 28,6 mil unidades.

O número de pessoas empregadas na indústria automobilística ficou praticamente estável nos últimos meses. Segundo a Anfavea, em janeiro, as montadoras tinham 102,1 mil funcionários e, em março, o índice ficou em 101,6 mil. Segundo Márcio Leite, a produção de veículos está abaixo do projetado para o ano, o que acendeu a “luz amarela” no setor. “O cenário até agora é de observação do que está acontecendo com o mercado”, disse.

No entanto, de acordo com o presidente da Anfavea, a indústria mantém a expectativa de crescimento no ano e discute com o governo federal medidas que possam ser adotadas para apoiar o setor. (Com AE e Agência Brasil)

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